Ensaios

Crônicas de George

Poesia

domingo, 14 de dezembro de 2014

Não Correspondendo

Tempo desgarrado este
Em que tudo transborda
Numa angustia por não ser
Algo que traga conforto
Como nos idos de março
Precisamente o amargor prevalece
Destas dores que não tem fim
Buscar os meios ou termos
Mas acabo me rendendo
Nas minhas fraquezas
Destas incapacidades que carrego
Serei ao que parece eternamente
Margem na grande correnteza
O descarte útil para nesse tempo
Para mim e o todo da alma
Nunca conseguir ser o correspondente

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Indicação ao nada

Não sei a quais caminhos as andanças tomam
Todos os direcionamentos têm seus poréns
Cada rota tem pontos de colisão 
Alguns permeiam as ânsias da temeridade
Outros desaguam em rios turvos do obscuro
Nestas placas que nada indicam
Perco-me em mim mesmo
Olho para seu rosto
Vislumbro uma vontade irresistível
Mas padeço das fraquezas
De agir de acordo com meu querer
Fico prostrado ocultando o sentir
O silencio dos olhos diz tudo quando me calo

domingo, 19 de outubro de 2014

Coisa nenhuma

Pensando aqui e acolá
Manias que venho a refutar
Sem nexo em seus aspectos
Idas e vindas de um nada
Coisa nenhuma que vislumbro
Metas tolas assimiladas
Nas ideias de mente deturpada
Acometido por grande desatino
Fico por agora confabulando
Que fazer nestes momentos
Em que tudo que penso
É romper esses grilhões
que me acorrentam a vontade
Ficando maravilhado assim
Venerando seu ser
Na calmaria do olhar lunar

domingo, 28 de setembro de 2014

Sentido sem

Que seja estas conclusões
São incongruências persistentes
Das questões sem resposta
Anedotas de um sentimento
Sentindo uma insignificância tamanha
Cruzando por vertente desconhecida
Rumo ao que parece no sofrido
Em fatos criados pelo desatino
Numa imaginação sem sentido
Gostaria do fundo da essência
Saber o que é real
mas a verdade verdadeira
O fundo do abismo é desconhecido


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Cerimônia do adeus

Muito do que conheceste
Talvez fora no inoportuno momento
De minha hora mais escura
Nestas coisas da infelicidade temporal
Atribulado e ausente de mim mesmo
Misturado com suas incertezas
Tudo conflui para afastamento e cisão
Meu desatinado querer fugiu
Temor ele gerou em seu feitio
Não me disseste ou não compreendi
Nossa cerimônia de adeus
Perdido na minha loucura
Amor parti(n)do ao vento

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Cruzadas nas encruzilhadas georgeanas

  Um bom tempo levantando sobre si e seu canto mundano nada certeiro, e assim a toada da vida de aflito George segue. Os caminhos não eram retos mas a bem da verdade retais, sendo perceptível este aspecto do viver georgeano nas quimeras e certas problemáticas no seu cotidiano nos últimos tempos nada estáveis. suaves justaposições de ideias, pensamentos num agir e da convivência relapsa de seus semelhantes, que na adoção de veredas tão diferentes e opostas, acabam por tomar no final das contas similar atitudes e ações.

- Estas coisas tomam proporções tão iguais em minha vista, que de tão berrantes deste azul e vermelho duelando aos meus olhos, ambos se fundem num cinza de mesmo tom e vertente demagógica. Opostos como trevas e luz, estes malditos perambulam por ai dependendo um do outro para ações de juvenis infantes demoníacos - Taxa desta forma o constante conflito dicotômico um impávido George. 

  Oscilante e confuso sobre como se portar perante dois lados de uma moeda extremamente similar, perpendiculares estas faces a um egoismo narcisista que busca estar com a verdade absoluta e com noções claras, de que ambas posições creem piamente carregarem o estandarte das boas causas justas, defensoras de um pretenso bem comum , servindo suas façanhas de modelo saindo pela tangente de todas as terras. A George isto era um tipico caso de imaturidade no córtex cerebral nevrálgico, ou sendo mais direto sem estas coisas da dita ciência, apelando para fala em bom português popular e corriqueiro, coisas de geração mimada infantil, criadas no adocicado canudo de achocolatado na caixinha. 

- Já não bastasse as dores de meu inacabado enxerto emocional que julgam nomear como indecisões de quem, como, porque e factual amar ao qual estou amarrado, em pesadas correntes fantasmagóricas como um crasso bunda-mole que sou, me deparo com estas incomodações externas vindas de pretensos sábios conhecedores de tal "verdade reveladora". Mais algum tempo estes viraram pastores de alguma pequena igreja de grande negócio, a cheques pré-datados e crediário facilitado.

  Então segue o aflitivo hominídeo George, entre a cruz-espada e uma adaga-pentagrama, cada qual reivindicando para si um maior numero de bovinos e outros animais quadrupedes como jegues e suas derivações equinas, usando de velhas retóricas de repetir as mesmas falácias e argumentos de extremos. No fundo, a loucura como George a pensa, torna-se caminho natural para obter convivência neste eterno cabo de guerra da intolerancia. 

sábado, 13 de setembro de 2014

Tempos de amor conhecido

Não se tornaram meras favas contadas
Acontecimentos vão se destoando
Nos fatos contra o desejar
Surpreendentemente nos tragam
Numa mistura densa e disforme
Em que jogos de querer
Ter a certeza da potente vontade
Emanando aos poucos um desatino
De falar-te para buscares em mim
Abrigo contra esta ferida exposta
Nesta causa de amor corrompido
Um conflito agora resulta
Num aprendizado de pacificação
Amor nosso é questão de o conhecermos

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Nas vias da temeridade

É recorrente nestes idos de fim de inverno
As dores antigas parecem voltar a tona
Numa esfera envolvida pela aflição confusa
Passageiro de terrores na agonia frenética
Vida permeada por vezes no tempo inglório
Obsessiva mania e cortante maledicência
Paralisia dessa geração do medo
Assim somos nesta era do formalismo
Meras peças movendo maquinário
de algo intrincado pelas violências ativas
Figuras toscas podadas temendo fracasso
Não obtendo as metas programadas
Sentimentalismo é qualquer emocional vivo
Ação de boa vontade é milagre da humanidade


sábado, 23 de agosto de 2014

O medo do tempo

Ficar maquinando fórmulas
Planejando o futuro
Tentando encaixar com perfeição
Aspirações de viver e de ser
Assim alicerceando um ciclo
Mas eis que ele deriva da aflição
Baseado em ansiedade e temor
O medo é a ferramenta eficaz
Que move a maquina humana
Um terror do fracasso crasso
Me prosto perante o tempo
Implacável detonador de sonhos
Mestre da condução do universo
Paixões a ter somente vivendo
Consumiram-se em chagas ao vento

domingo, 17 de agosto de 2014

Das coisas intocáveis

E viva as pequenas frações
Os fatores desapercebidos
As noções discretas
Coisas diminutas
Aquilo localizado a margem
Relações que não se nota
Outros que resistem
Pensamentos ridicularizados
Ideais descartados
Tudo sem grande publico
Brindemos as causas perdidas
Das batalhas dos vencidos
Façamos justiça aos esquecidos
Por amores fragilizados
Necessidade mundana humana

sábado, 9 de agosto de 2014

O fim da festa

Tenho sempre assuntos a tratar
Contos e anedotas faço troça
Entretanto como um pierrô e sua mascara
Meu Carnaval acaba tendo fim
Volto para meu refugio
Nele descanso figura da fantasia
Onde meu sofrimento posso esconder
A paz de não perceberem ao fundo dor
Incômodos aos semelhantes me aflige mais
A solidão não é nem foi cura
Mas minha morfina anestésica vem dela
Sem o desencontro do encontro do algo
Amores e outras pragas ficam longe

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Instrumento de ser

Tormentas das coisas de si mesmo
De buscar e ficar a volta repetitiva
Nos complexos de um sofrimento
Realidade num campo instrumental
Que sou que fui que serei
Nem ao mesmo rota de colisão
Tenho algum perspectiva
Nas mudanças de tolo aspirador
Final deste tempo e espaço
Sou o que penso ser
Sou o que pensam eu ser
Sou o que não sou ou serei
Mas não sou o nada nem o tudo

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Aqui e acolá

Vamos nos esquecendo das repetições
Releituras de mesmos fatos coniventes a poucos
Dor não apenas de amores intransigentes
Outra história interrompida de vida

Estes luares ainda são atuais
Assim como o nascer do sol 
Aqui e acolá no Oriente
Crianças sonham abaixo de telhado crivado de balas

Jovens romantizam nos muros
sob túmulo dos seus velhos
carregam tênue esperança de um ideal
Viver enfim livre do medo e seus desígnios 



domingo, 13 de julho de 2014

Aflição calorosa

É duvida que atormenta a imensidão de mim
Sentir desta ocasião desconfortável algo bom
Revolta tenho com o destino pregador de peça
Fazendo jogos sádicos com meu querer

Amaldiçoo os poro de meu corpo e alma
Aflição é algo recorrente no momento desafortunado
Ciente do quanto seu ser traz o olhar de um amor tranquilo
Impiedoso tempo atual que me proíbe de ter-te

Com as mãos acorrentadas a grilhões colossais
Temo deixar-te escorregar seu ser pelos dedos
Sem ao menos conseguir a minima oportunidade
Conhecido o fogo de suas madeixas e abraços

Achado poético nos tempos do Condor e suas torturas em Buenos Aires, 1977


segunda-feira, 30 de junho de 2014

Essêncial diagnóstico

- Ultimamente ando vendo os traços que temos definido a usar nos dias que passam dessa rotina quase sempre estafante. Consumindo o psicológico e físico humano a um limite do stress, que em certos casos torna-se motivo para tudo verter num surto de insana fúria revoltosa ou num estado melancolicamente depressivo. 

- Mas me diga qual o fundo disto tudo caro George? teoricamente isto afeta a todos e não é algo especifico de sua personalidade. Então fale mais um pouco sobre, quem sabe acharemos um ponto de possível trauma ou recalque exposto.

- Bem Gaspar, o motivo de estas coisas estarem mais evidentes a mim agora, não sei bem explicar o motivo, mas de certa forma isto talvez passe pelo meu estado quase sempre ansioso, que costumeiramente sofre com o passado, tenta viver o futuro no momento atual e se ausenta do presente. Penso demais devido a estas características, e nesse pensar demasiado fico sem agir ou tomar decisão necessária a mover-se em algum sentido, mesmo que este não seja a ação certa para a situação formada em meu cérebro. Nestas manias compulsivas que carrego comigo, vislumbrei que aflitos e exasperados espíritos humanos tem entrado em conflito por não refletirem na realidade a própria essência. 

- Interessante este seu ponto de vista, ele pode definir um pouco mais sobre você mesmo e o seu entorno George, e a situação que provavelmente estais encarando neste momento...

- Bom, deixe-me primeiro concluir minha tese sobre o assunto. Esta minha ideia acerca da ausência de nossa essência nos atos do dia-a-dia, e sua rotina sempre regulada como um relógio suíço, deságua nas atribulações e perca de sentido ao tentarmos resolver e praticar ocupações, trabalhos e cumprir com nossos deveres, até mesmo na hora de fazer exigências sobre direitos e necessidades básicas na convivência com o semelhante tão ocupado de si na individualidade, sem tempo ou espaço para o outro. 

- Estou conseguindo puxar o fio desta sua meada meu caro, finalize que também concluirei.

- A questão é que deixamos de lado a diversão, o gostar e o prazer que tínhamos na infância, quando íamos fazer determinada tarefa. Quando criança escolhia o que eu achava justo e aprazível exercer como opção, e hoje é senso comum optar por aquilo que terá retorno mais bem visto aos olhares externos, ou seja, tentamos passar uma imagem de algo que não somos para atingir objetivos que a nossa essência não quer, ou melhor, não necessita. 

 - Bem caro George, talvez o que tenhas me exposto aqui derive de alguma complicação quando criança. Percebi isto a sua fala se remeter a algo derivado da infância, como se esta fosse a época de origem de suas crises. Possivelmente algum trauma na relação com sua mãe ou alguma repressão que seu pai lhe impôs, lhe fez ter esta teoria neste adiantar relapso da vida. Mas recomendo para que você acalme-se, manter a dosagem do seu psicotrópico para seu psicológico voltar ao normal. Sua incomodação foi efeito claro desta diminuição da dose em seu tratamento.

 E assim sendo George sai do consultório com diagnóstico preciso e bem resolvido da ciência Médica, aliviado pela bela solução apresentada pelo seu analista psiquiátrico para voltar a normatividade cotidiana. Afinal, a culpa sempre é de nossa relação com nossa família repressora.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Infantilidade perdida

Anda-se nestes dias de fúria
Uma triste constatação faço de erro crasso
Pois acabou-se fazendo fissura
E a infância da esperança perdeu-se o habito

Terrível ação desmedida de modernos
Que por falta de traços de humanidade
Dão mais importância a tempos e seus impropérios
Fazem as horas ser termo sem piedade

Sentidos ausentes da empatia infantil
Belo mundo vamos tecendo neste credo
Construído a base da senilidade de tortura vil
Irracionais seres sem emoção e afeto


terça-feira, 17 de junho de 2014

Falas de indigente

 “Com as desculpas escusas, padeço aqui na inquietude oculta por falsos humores. Guardo assim para mim mesmo no eu profundo das ideias, o fardo que costumo carregar vivendo a esmo, pedindo esmola a aquele passante na rua que se chama saudade. Sua caridade traz dose anestésica de conforto momentâneo, mas somente vivendo da caridade de saudade, sou transformado em um dependente viciado em saudosismo melancólico, numa busca eterna e doentia em aguas passadas das corredeiras de um rio que segue em frente, esforço sem sentido e de teimosa amargura.

 Mendigando ao cotidiano sobre remorsos e arrependimentos, me atrelo à companhia de um velho ranzinza que se intitula conformismo. Por vezes me guia a absoluta ação do não agir, usando de algumas falas bem convincentes prevendo desenrolares nada benéfico ao meu ser pensante excessivo. Conformismo é praticamente para mim, neste meu estado como indigente, como um mestre oculto inculto, onde quase não extraio algo produtivo e qualitativo. Poderia deixa-lo em qualquer esquina de minha passiva existência, mas me conformo com conformismo companheiro.

  Alimento-me geralmente nas lixeiras carregadas de chorume e com os restos alimentícios de estranhos, indiferentes a minha condição de penúria, sou evitado por olhares desconfiados, na taxação de vagabundo sentimental escondida por olhares raivosos, feitos por seres corrompidos pelo formalismo, temerosos de sentir compaixão ou qualquer sentimento que os traga a realidade de humano como ser.

 Dentre todos os lixos, aquele que mais se parece um banquete  de um refinado restaurante com seu nome escrito em letras garrafais na entrada: SUAVE LEMBRANÇA. Ali tudo se consegue como alimento de alta gastronomia, de sólidas e duradouras amizades aparentes, dos dias calmos se sentindo confortado e guarnecido das dores mundanas, até os rompantes indecorosos de um amor vivido a ferro e fogo, típicos de ideais juvenis.

 Porém gostaria mesmo de voltar as minhas origens lá no interior, em minha cidade natal, Espirito-aplacado. Tenho ainda viva na memoria dias onde fazia era rotina a tranquilidade nos abraços de sinceros iguais, sem termos de contrato exigindo mais do que meus encharcados ossos podem arcar como tributo a pagar, como fazem cá na selva de pedra onde atualmente a desgraça deste homem que aqui vos fala estabeleceu corpo e alma vencidas. Meu único alivio atualmente é o fechar os olhos para o sono sem sonhar, já que os sonhos refletem meus temores, e a realidade é tal como a descrevi nestas palavras acima.”


Relato de um mendigo da praça

terça-feira, 10 de junho de 2014

Conto a contar

De tolo rompante voltado ao desgosto
Homem racional  voltado ao estado natural
Se reverte na besta selvagem sem esforço
Aquela retratada pela guerra total

Perambular com maniaco andar
Entre relações de fim dos dias
Passa tempo perdido a contar
As versões dos contos de mentiras

E assim sendo regras ditadas
Ideias sobre a volta da ansiedade
Modos são ineficazes perante trapalhadas
Pela cor cinzenta de minha saudade


quinta-feira, 5 de junho de 2014

Sonhos longínquos

 Situar-se no limbo das vontades do querer, é via de regra nos meus contornos do agir e sobre a essência de coisas minhas. Seria algo ideal meus sonhos serem perspectivas de concreto realizável,  porem tão longínquos o são, que a metamorfose ocorrida não passa de melindrosa utopia, como pensamento de mero capricho mundano. Podado de minimo em minimo não percebo a ausência do que me é tirado, o singelo desejo de viver, e assim acabo transitando na esquina entre a ilusão da esperança terna e a frieza verdadeira do real.

 Do ser confuso que sou, nos domínios imperiais do desespero onde me prostro, pago tributo com meus pensamentos buscadores do contentamento da alma, gero em mim o conformismo com a sobrevivência pelas migalhas jogadas pela mesma mão que me oprime somente para satisfazer-se com as dores do meu existir atual. Comprime meu espirito a soma dos desatinos de meus medos, a enfermidade oculta na verdade dos pesares. Os idealismos são tragados pela correnteza imponente  dos rios profundos da insuficiência ao qual estou acorrentado, sem nenhum desvio para alcançar salvamento nas margens do sossego. 

 Teimosia porque ainda nutro manter visualização para alçar voos nas asas da calma sabedoria, mas o negro condor da ansiedade é ave de rapina predadora do conhecimento sobre si mesmo na minha dimensão obtusa. Amores senti quase na totalidade, mas estes nunca devem ter gerado descansos de meus olhos, pois hoje são memórias sem lembranças, fardo sem peso no momento de desprezo, dor maior que a tortura que aqui me afligem. 

Texto encontrado em uma cela de tortura do DOPS, São Paulo, 1971.

  

domingo, 1 de junho de 2014

Produto destroçado

Nas veias já não circula rubro sangue
Agora exalando enxofre enojado
Por meus poros o negro extasiante
Move um ser automato alienado

Dos montantes dos meus ossos
Produção nas condições contratuais
Transforma sonhos em produto do destroço
E o descanso restrito dos desiguais

O canto aflora na garganta do esquecido
Um maltrapilho ignorado por semelhantes
Considerado como incomodo enlouquecido
E assim receber condenação de egocentricos tratantes

terça-feira, 20 de maio de 2014

Eles que nada sabem George

 George como sempre não entende muito bem as circunstancias de muitas atitudes de seus semelhantes, que acabam virando noticia e destaque de boa parte da mídia. Embora compreenda a ânsia dos veículos de comunicação em verter sangue pelas palavras dos textos das matérias publicadas, pois era desta forma que conseguem boa parte de sua audiência e dinheiro dos contratos publicitários, afinal, a foto de uma grande tragédia nas paginas de um jornal sempre tem ao seu lado a propaganda contando as vantagens que o consumidor terá ao adquirir um novo modelo de automóvel do ano.

 - Como me entristeço com esta morbidez do grande público. Aparentemente a massa tem uma necessidade visceral e sádica de ter conhecimento e visualizar acontecimentos nefastos e horríveis. O ditado "corre mais rápido que noticia ruim" é tremendamente certo, todos param seus afazeres para saber como é a melhor forma de amordaçar um menor infrator em um poste de luz, pois meliante bom é meliante atado pelos pés com um nó cego, já diria o senhor saudoso dos tempos da ditadura.

  Mais do que mero sadismo, bem tem conhecimento o infortunado rapaz que alguns por problemas psiquiátricos padecem deste êxtase ao presenciar cada gota de sangue derramada do frágil corpo dos afligidos pela pobreza, pois estes a eles tem essa missão na terra. Já classe media alta na capa de jornal sofrendo é pecado mortal, necessitando passeata pela paz com todos de branco, cena de novela emocionante da morte em pleno Leblon e abaixo-assinado pedindo a diminuição da maioridade penal. É esta a faceta que George não compreende deste desregramento estranho do pensamento coletivo:

  - A morte de 10 moradores da favela da Maré chacinados pela PM na "pacificação" é acidente ou fatalidade do combate ao crime, agora um viciado em crack assaltando para sustentar seu vicio merece a pena de morte. Duro ter que admitir, Pobre morrendo violentamente é rotina corriqueira das estatísticas que temos que nos conformar, rico baleado é tragédia e infração dos direitos humanos primordiais. Nem mesmo a morte escapa do senso-comum imbecil.
  
  George não se conforma com este caráter nada bom de nossa dimensão do viver. Ainda bem, pois parece existir outros como ele, que contestam este olhar de propensão a violência como espetáculo e diversão do grande publico. Desde os primórdios da humanidade o Pão e circo usa como molho e recheio o sangue daqueles a margem, o prazer de rir do mesmo destino que é o seu, ser transformado em carne moída no moedor do teatro da violência, o inocente útil que nada sabe.

sábado, 17 de maio de 2014

Consumado está

É volver aos momentos de outrora
Antiga oportunidade de um viver
disputado pelos termos sem volta
Perdendo-me em si por não te ter

Vasto pensamento da profunda melancolia
Nada flui fazendo o minimo sentido
Das coisas do querer por terra jazia
Um flagelo que guardo comigo

Terra arrasada seria boa definição
Para o que resta de meu espirito perturbado
Esta lembrança de amor gerador da desolação
Rancor e dor tornam-se fato consumado

domingo, 11 de maio de 2014

Medo e suas crias

 Poderia aqui, na pratica da escrita descrever e discorrer sobre emoções comum a todo ser vivente nesta era ,na grande propensão a tendencias comportamentais robóticas e automáticas. Tanto vai fazendo meu obtuso eu cansar-se de formalismo, repartições burocráticas que vão tomando forma de um enorme monstro, com seus tentáculos asfixiando cada devaneio de expectativa remota. Algo fora carregado pelo cortejo do destino ultrajante, levado em meio a multidão seduzida pelos venenos do conformismo, ou em sua maioria, acossada pelos terrores caracterizados do pensamento humano.

 Ficar aqui falando e dando cansaço verbal e literário a sentimentos seria tranquilo, mas talvez desonesto caso queira ser personificado como escritor ou até mesmo como um cronista de divisão inferior. Pegando a ideia que temos concebida como amor, conseguiria dar emocionante relato sobre alguma falsa realidade do encontro visceral entre duas almas gêmeas puras e eternas, mas estaria sendo um hipócrita canalha. Que sei eu da ideologia do amor?qualquer opinião minha em relação a este desconhecido sentimento denotado como o maior da criação universal soaria como discurso de algum politico demagogo fazendo suas promessas vazias. 

 Mas não sou ser de comportamento pragmático de uma maquina, certos sentimentos carrego por conhecimento empírico. experimentado e vivenciado em toda sua totalidade. Sou velho conhecido e conhecedor do MEDO, esta sensação mãe das aflições e desconfortos do homem, a primeira emoção a fugir da caixa de pandora e espalhar-se pelo globo. Não tenho certeza, mas a probabilidade de amor e medo terem mesma origem criatória muito plausível, pois aqueles que tentam converter os aterrorizados em apaixonados confirmam a mesma intensidade para ambos sentimentos.

 Não sei verdadeiramente nortear agora sobre amor e outras dores, tenho é as certezas do concretismo da temeridade. Medo no prosseguimento de planos, medo nos agires frente a pequenos desvios no caminho, em suma, vou sendo agente corrompido do medo e de suas crias terror e aflição. Percorro os angustiantes caminhos de silenciosos corredores de um viver sem perspectiva, ao lado de velho companheiro de estrada de nome desespero.

 Pelo que adentra meus pensamentos e sai de conclusão sobre ideias na excessiva lucidez, é provável que o senhor medo seja arma de auto-defesa contra a loucura do real. Ser lucido e ter as verdades reais frente aos olhos nos leva ao estado de desatino total, nisso fazendo a opção imbecilidade da ignorância pratica solução para este mal. Segundo o mito grego o sentimento chamado esperança acabou saindo também da caixa de Pandora, embora eu não sei muito o que descrever sobre a mesma, ela deve ter conseguido mesmo a liberdade  de sua prisão, pois ainda persisto ficar de prosa e verso sem nenhum sentido.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Pensar de pesares

Em certos momentos de pensamento
O ideal para as ideias é a ausência deste
Pensar por determinado viés acarreta sofrimento
Sem intenção somos geradores da loucura na mente

Raptos de vontades do eu pesaroso
Geração de desconforto pelos sentidos
Tenho meus demônios num pesadelo indecoroso
Assombrando o cotidiano rotineiro e cansativo

Por acasos de estranha natureza
Nos paradigmas anseio qualquer coisa
Vacina, fuga ou divina maneira
Ter reconforto de outono ao cair das folhas

sábado, 3 de maio de 2014

Intolerável obsceno

O que me cerca parece um eterno quadrado hermeticamente fechado em si, e dentro deste ocorre uma rotina cansativa das mesmices de alfinetantes desconfortos. Ficar inserido na alienação do espaço reservado e acabar por ausentar-se de tudo que rodeia o incerto elemento do meu eu difuso pelos quatro tempos das estações. Nas horas de raciocínio confuso e perturbador, meus desencontros comigo são praxe dos viveres, traço sintomático de pratica obscena num emocional impacientemente tolerável.

Verão é abrasivo, com contornos de um forno sufocando as vontades na queima em fogo alto dos desejos que derretem aos olhos vistos como miragem para o louco no deserto. Sufocando no calor de sentimentos resistentes aos calores da estação, nada nesta época parece ter força para apagar o incêndio amargurado, que se expande pelos poros mentais e físicos de ser consumido pelo ardor das intermitências nos levantes de um passado abafado nas altas temperaturas do remorso.

Outono vem com o amargo frescor dos ventos cardeais, dando a direção ao nada insólito e taciturno. No cair das folhas o que acaba prostrado ao chão são meus quereres, sem as forças necessárias para a redenção de dar-se o próprio perdão. Assim sendo o outono se torna antessala do veredicto final do julgamento impiedoso de si por si mesmo, no lento escurecer que vai delineando cada vez mais cedo nas batidas dos ponteiros do relógio da alma. Vou fazendo inúmeros papéis na mesma cena jurídica: réu, promotor e juiz da própria sentença.

O Inverno chega com a força da tempestade gelada, o frio impessoal do formalismo ausente de quaisquer sentir por si mesmo ou ao outrem. Já condenado ao desolamento, às ideias neste período são turvas e incertas, permeadas pelos temores das experiências antigas marcadas a ferro e fogo como registro da culpa de crime proscrito. A reclusão do inverno tem ao menos o fator de isolar-se para a criação, no uso do medo como catarse criativa visando uma cura a essa enfermidade crônica chamada amor indiferente.


Por fim eis que chegam à redenção da primavera e seu suposto florescer de novas concepções, vontades e ideias seguras sobre o todo. É o processo de reformulação das próprias concepções da eterna característica de profunda, enorme e ansiosa cabeça acerca das indefinições caídas por terra ao elaborar outras rotas de colisão para os nervos de emocional atribulado. Sendo estação da boa safra madura, é o cuidado na colheita para não extrair-me novamente no quadrado transformado em hectare, raiz e frutos já corroídos pelos agrotóxicos usados como veneno tratado como adubo de outras e inéditas sentimentalidades.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Indefinidade por insanidade

Um aperto percorre a alma
Corrompe aflito rompantes do ser
Nas maneiras inconscientes de um Karma
Descrenças em atos recorrentes do querer

Em que nada se torne um fardo carregado
Andanças do velho sábio melancólico
Se atrelaram a enfermo amargurado
Dor de amor remoído in loco

Coisas na vontade de infinidade
Em compulsiva associação de sentido
Transtorno no ardor da insanidade
Ainda te encontro na memória do infinito


quarta-feira, 23 de abril de 2014

Irracional razão

Remonto as origens do sentir
Nos raros momentos de encontro
Em seu olhar o conforto do distrair
O tudo e o nada em devaneios do sonho

A sua presença me inspira a idealizar
Por oras num prazer de ouvir sua voz
Noutras num falar por desabafar
Querer te completamente num amor atroz

O tempo vem sendo cruel nessa desordem
Pouco nos vemos por determinados termos
Cura para ansiedade de sua ausência fogem
Então na razão de ter-te esperemos

sábado, 19 de abril de 2014

Vivencia Imprecisa

 Ainda falta algo após estes processos intermitentes onde, nas inquietudes de um silencio ironicamente ruidoso, faz de mente persistente a pensar, lar de um eterno divagar. No constante martelar convicto de sua urgência em elaborar solução, a aflição perdida em meio a memórias de outrora, tecido frágil das sensações no eu meu fora de si por demasiados pesares de forma variavelmente desconexa com o meu principio real, este em que posso sentir as vontades na origem das coisas.

 Elaboro versões e maquinações para afoita resposta sobre o pano de fundo da ausência permanente do algo, emoção turva que carrego lacrado na caixa de pandora de meu tórax. O receio permeia este medo de ao romper com cadeado da forja de pandora, os velhos monstros do terror repovoem cérebro desatinado a voltar para remoer de chagas ferinas, lembranças de estruturas ainda mantendo espirito ansioso em estar armado de precaução. Passado se faz tão vivo em momentos atuais como figura diabolicamente eterna.

 No cotidiano do presente, o tempo é relativo para não o tê-lo. Sem dar trégua, os ponteiros do relógio vão cronologicamente fazendo sua rota das horas, não importando no seu trabalho preciso e estático, o que vai ocorrendo a sua volta, em suma nestas pouquíssimas verdades absolutas das inverdades, o tempo não tem sentimento.  Ele vai correndo sob as ordens de desígnios do universo, onde é inexistente meio-termo em que humanos consigam o descanso de tempo-espaço no repouso permanecendo inertes num sossego dos braços formulando próprio destino.

  Por querer demasiadamente preencher lacuna de algo em que não se tem conhecimento da essência, sou imerso nas corredeiras do rio da insanidade. Correnteza destes rumo aos devaneios incertos poderiam ser manchas de negros amores, remorsos de antigos atos falhos ou até mesmo meros caprichos da minha fogueira das vaidades. Nisso agora é a necessidade de navegar como caravela de descobrimento, onde o velho poeta português sentenciou a imprecisão de viver, já que todo dia a percorrer é o mistério a conhecer.


 Das finalidades dos sentimentos, saudade e melancolia parecem se encontrar sempre ao fim dos atos. Maneiras de fazer outros termos no agir da ansiedade sobre pobres almas dos apreciadores do próprio tempo de si mesmo, para com seu alter-ego gêmeo da própria personalidade. No surto da loucura, ela se torna abrigo ideal para assim, protegido graças à indiferença alheia, podemos lamentar categoricamente a selvageria de si mesmo e o formalismo robótico dos outros.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Tento no tempo

Sempre na mesma toada
Relógio reflexo da aflição
De maneira fugaz e escrachada
Passos dados percorrendo indecisão

Estrutura permanente ao longo da era
Conspirando a margem do poder
A ansiedade permeia sem trégua
Vontades inconscientes de meu ser

Sou agente da história do meu destino
Em termos de tempo sem ideologia
Nas horas em que navegar é preciso
Meu viver é digno de um indeciso

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Persistência do antigo medo

Dilemas são questões de existência desde os primórdios. A origem do universo foi causado aprovavelmente por um dilema, seja ele de um ser criador de tudo ou de algum átomo que estava angustiado para expandir-se ao infinito e acabou explodindo de tanta aflição. Em certa medida, assim como boa parte do gado humano existente como grupo descrito como humanidade, George parece não estar vivendo o momento presente como gostaria, afinal das contas (principalmente do cartão de crédito e do plano internet-TV-telefone que paga os olhos da cara para ter um serviço de qualidade no mesmo nível do que central de atendimento das mesmas operadoras) estava apenas na frustrante vivencia por sobreviver.

- Meu viver se resume nestas questões de somente ficar nessa de produzir,reproduzir e difundir os infortúnios cotidianos. Sensação de solidão e indiferença em relação ao que me rodeia é semelhante ao que sente um bom livro dentro da casa do Big Brother.

Convencido destes tristes fatos de realidade sombria, ele que tanto busca no fundo do amago de seu ser uma almejada tranquilidade para seu espirito livre , pesado e preso como intestino na falta de Activia, o tormento da vez era a sensação de estar tendo suas liberdades restringidas sorrateiramente. Não só a sua, a bem da verdade parece que grandes grupelhos de choque anti-comportamento se organizam e saem por ai nas mais formas de rede-sociais existentes, agindo feito vespas raivosas destilando preconceitos e opiniões tão progressistas quanto o trabalho escravo nas fábricas da Apple na China.

- Gente compartilhando videos de Socialite com diploma de jornalista comprado via Google aplaudindo justiceiro, Deputado comemorando ditadura como se fosse revolução gloriosa, exército subindo o morro com o intuito de "pacificação". Começo a pensar que as estruturas do AI-5 da "ditabroxa" se mantém tão presentes no cotidiano quanto a voz do Brasil as 19:00H no rádio.

Assim como naqueles dias, onde o condor negro fazia seus voos de rapinagem das vontades e sentires dos humanoides acossados pela vigia predadora da ave agourenta, era o medo de ser coagido a sensação predominante que suscita e denota os idos do caminhar de bem estar terminal do sistema nervoso ansioso do pobre George. Ao ponto de ter um surto de Pânico ao saber que sua melhor amiga sofrera tentativa de abuso sexual no metro, tendo a sorte de conseguir ter escapado de destino ingrato graças a sua agilidade como atleta de ginastica olímpica em meio a multidão do vagão e uma porta de fechamento automático agindo como maquina de castração do meliante.

- Abrir os estoques de armas do exército e distribuir as mulheres para legitima defesa seria uma boa politica publica de segurança nacional, pois parece o único jeito delas poderem sair de casa com chance de conseguir voltar para a mesma.

Mas George sabe que estas coisas são passageiras, pois tudo a que serve estas indigestas e negras situações explanadas, é com o intuito de ocultar um grande plano de maior magnitude para manter as coisas do jeito que está. Enquanto porcos e ratos lutam entre si pelos restos das ossadas, os lobos fazem um banquete com carne fresca extraída dos sonhos do daqueles que querem somente viver.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Coação pelo Terror

Os últimos eventos aos quais marcaram o momento atual demonstram a face dos resquícios que ainda perduram de sociedade controlada pelo viés educativo na coerção e repressão.  Há 50 anos um golpe militar inaugurou o inicio de uma cultura em nosso país de estruturas que ainda permanecem sendo usadas metodicamente visando manter o controle sobre o individuo em toda sua totalidade como ser. Um aparato então foi planejado e montado naquele momento da grande piada achincalhando o Brasil do século XX, o golpe militar. Militares estes que foram coagidos por setores da sociedade civil com grande influencia politica e econômica naquelas circunstancias históricas.

Passamos então 21 anos sob um regime de exceção, onde os direitos civis foram cerceados, as liberdades reprimidas e limitadas, e por fim com os tenebrosos atos institucionais, o famigerado AI-5, a politica do terror foi instaurada nos ditames da lei daquele macabro governo. Ter opinião própria naquele instante era crime segundo as leis, ato terrorista contra a nação, o que evidencia que leis e normas não podem ser consideradas justas ou igualitárias (vimos isso sendo bem exposto na ação de guerra da tropa de choque da PM no campus da UFSC e da tomada do complexo da Maré no rio de Janeiro pelos militares).

A ditadura (que deveria ser chamada de ditabroxa, pois condiz melhor com o que acabou sendo para os brasileiros em seus desdobramentos posteriores) usou uma pratica que agora esta voltando à moda, como método eficaz de manter o controle sobre aqueles que tentam se revoltar ou mudar uma situação de desigualdade ou de violência direcionada especificamente, a uma minoria ou grupo em situação de fragilidade: a psicologia da imposição do medo. Nos porões do DOPS e do DOI-CODI, o que mais feriu e destruiu homens e mulheres não foram os castigos físicos e o pau de arara, mas o terror psicológico e suas consequências sobre as mentes dos torturados. Perda da esperança, sufocamento dos pensamentos e o bem feito serviço de extração das ideias contrárias à violência de um estado totalitário e fascista, fazendo crer que resistir a quem detinha o poder naquele momento, era inútil e perda de tempo além da própria vida. Para aqueles que não resistiam e apenas observavam a situação se desenrolar fingindo que tudo estava como deveria ser, obedecendo piamente às recomendações do governo e da politica do “Brasil, ame-o ou deixe-o” colado com adesivos nos para-lamas automotivos, os desaparecimentos súbitos dos que ousavam discordar do pensamento “senso-comum” praticado pelo regime e a censura faziam bem seu papel, instaurando pelo medo de acontecer situação semelhante consigo a obediência bovina da maioria da população, como gado ruminando num matadouro.

Fato é que de todas as ferramentas disponíveis nas mãos daqueles detentores dos mecanismos sádicos do poder, a coação através do medo e da propaganda deste através do terror incutido no subconsciente da população, foi arma mais poderosa e eficaz para manter sua opressão sobre o domínio daqueles aos quais exploram. Basta ver isso sendo usado pelo conservadorismo em atacar maquiavelicamente as mulheres na campanha contra o estupro pois elas “ousaram contestar a ideia do alfa-machismo de que são as próprias mulheres que num dia de calor andam com trajes curtos, provocando a libido masculina, completo absurdo para nossos padrões normativos”. Quando nos deparamos com este tipo de discurso sendo adotado por uma parcela considerável das pessoas, realmente percebemos como esta cultura de inversão de valores, da criminalização da vitima e da ideia indireta de que a mulher deve andar com trajes ”decentes” para não tentar a selvageria do macho no cio, que a politica do medo persiste e ainda não foi rompida.


Mas ainda pode-se ter esperança de melhora na situação vendo a conjuntura como um todo. Tudo que vem acontecendo como as ações violentas do braço armado do estado que é a PM, atos de racismo e a mais absurda de todas, a concepção de que a mulher é mero objeto de satisfação sexual e social do homem, reação de extratos conservadores que estão agora( adoro estas ironias) com MEDO E ATERRORIZADOS, pois após tantos anos silenciados pelas mais escabrosas maneiras, aqueles que estavam sob sua coleira de escravidão servil, estão desprendendo-se de seus grilhões a gora ameaçam morder as mãos de maneira mortal dos seus dominadores.  Como diria o filósofo alemão Walter Benjamin, “os mortos jamais descansam, pois os desdobramentos do passado nunca terminam.” Talvez o passado venha cobrar seu preço em nosso presente daqueles que abusaram e  usufruíram do terror iniciado a 50 anos atrás. 

segunda-feira, 31 de março de 2014

Linha temporal

Cercado de indiferença neste tempo
Em meio a um oceano de água profunda
Coagido a viver atormentado por medo
Tentando me abstrair desta amargura

O passado causa melancolia e remorso
Presente já condicionado a estar perdido
Faz futuro ser incerto nas dores do destroço
Após você nada mais merece ser vivido

Lembranças cravadas a fogo na memória
Herança da retórica do negro amor
Novamente nesta repetida história
Te sentir e querer-te agora é rancor

domingo, 23 de março de 2014

Tolice desmedida

Como tolo tece ingênuo idealismo
Querendo abraçar o mundo em seu cerne
Na mania dos rompantes de clássico romantismo
Deixa-se levar pelos desígnios de paquiderme

Ânsia desmedida por meios entrelaçados
Sofrendo de mal degenerado e avassalador
Vai adentrando pelos portões do limbo dos desesperados
Com a alma consumida por eterno terror

Assim sendo este caso de sonho quebrado
Por fim a esperança foi a ultima a morrer
Sem vias ou vielas por percorrer seu passo
Definhou na vontade imensa de te querer

sexta-feira, 21 de março de 2014

Cria da ansiedade

Nada vai no encontro aos termos de coisa alguma. Estar eternamente debruçado sobre uma sensação de dormência constante, ausente de qualquer toque externo passivo de compreender ou aplacar estado de franca incerteza. Como fuga dos próprios lamentos, extraio dentro de mim a essência do que não possuo, antiga memória de sentimento que com o passar dos anos, é origem de todo fruto dos males que afligem tolo espirito, necessitado por reviver na melancolia do passado, os momentos que em outrora eram de abrangente bem-estar, hoje torna-se instrumento da magoa a açoitar mente em desolado caos.

Remorso parece nunca ter fim, graças ao costume de esquecer-se do presente remoendo o passado e assim acabar temendo o futuro.Tentar por ponto final neste ciclo do cotidiano vivenciado sem perceber as nuances atuais,é nisso que reside a busca de ideal que frouxamente tento apegar-me como causa de certeza obscura, numa conclusão ainda turva sobre os desígnios da vontade sem sentido aparente, ainda tomando forma e volume, tentando vir a ser a cura para os tumores nascidos a partir dos velhos dissabores do tempo, ainda persistindo no curso das correntezas do amor e outras inquietações.

Assim vou tecendo meus rumos em meio a pensamentos controversos ao todo como tolo, tentando alguma distração na origem de todas as coisas. As maneiras do agir tendem a se decompor suavemente entre os dedos, satisfazendo o prazer sádico do arquiteto da destruição em ver desespero de meu ser perdendo aos poucos o que mais preza no limbo das lamentações. Sentença ordenada pela culpa e auto-flagelação, é se consumindo no conformismo por definhar no abandono de sonhos e com físico sanidade mental sustentada por mero fio de esperança, pois se um corpo está doente, ele ainda vive.

Sou filho inquieto da ansiedade, travando confronto eterno com os velhos medos e relutando em assumir novos ardores, na lucidez de repetição dos temores, tendo assim a loucura possuindo os aspectos de cotidiano já atribulado em outras percepções. Descreve e se descobre outras manias compulsivas, tomadas por ocasiões de espasmos surpreendentemente dolorosos, percebendo nestes negros amores ainda presentes em relações e nas maneiras, acerca dos atos feitos na tentativa da superação das magoas surgidas pela existência cancerígena do mesmo, controlando corpo absorvido por tal enfermidade.

Me deparo então com mais sessões de inéditas preocupações e lances de furtivos envolvimentos eventuais, incertos no seus propósitos almejados, e assim dando a este aparvalhado demasiado humano, os meios para expandir-se em desvairado querer desconhecido.

terça-feira, 18 de março de 2014

Vontade da enfermidade

Passam-se os dias sobretudo idealizando
Nas mentes dispersas de um acaso incisivo
Entre os pensamentos de seres confabulando
Ações com maniaca sucessão de um tipo
Bruta pedra de um sentir se está lapidando

Busca em meio a manias e obsessões
Referindo as doses de sentimentos difusos
Sejam estas venenos ou vacinas as emoções
Ardem a garganta e comprimem peitos já escuros
Já tomados por desatinadas sensações

Querer sem importar-se com o redor
Alienar-se acima da vitalidade mundana
Onde por uma vontade colossal e maior
Repousar por fim no braços de quem ama
Melhor maneira de aplacar enfermidade mór

quinta-feira, 13 de março de 2014

Desatino Inconsistente

 Sentidos perdidos em meio a aflição de vislumbres futuros, é assim que a roda da fortuna e virtude parece girar para aqueles de ansiedade constante. É consumir e definhar no indevido temor dos questionamentos e incertezas do futuro, perdendo o controle sobre os próprios desígnios por entraves criados de ausentar-se do presente em detrimento de causas futuras. A mente se inunda de inquietações sobre todo aspecto negativo de acontecimentos que se tornam infrutíferos, tornando a relação de quererXobjetivo alcançado saga de um épico de terror tipico, com retoques de sadismo cruel, pois este épico em cabeça de ansioso nunca tem seu ponto final.

 É o caso do paradoxo de tentar-se vivenciar o futuro que não aconteceu num presente oprimido e submisso aos desgostos de um passado do pretérito imperfeito. Como efeito dominó todos os espaços de tempo vão derrubando uma série ideias construtivas e necessárias ao momento atual, para obter uma fuga temporária do passado e assim evitar desgostos em futuros encontros em situações ou eventos carregados na culpa e nos velhos rancores de espirito imerso nas águas de emoções ressentidas e remoídas. Agindo desta maneira, só alimentamos o estado de abismo profundo do presente, ao tentar prever o futuro de maneira exata devido aos desassossegos passados que impedem um diagnóstico do ansioso.

 Vai aos poucos perdendo a razão sobre tudo que cerca o cotidiano, permitindo que manias( velhas ou surgidas subitamente) consigam controle sobre as ações.Pânico assola os pensamentos com isso, dando a impressão de estar vivenciando o fim do mundo sempre ao despertar do sono, realidade transformada em pesadelo material e sentida como dor aguda e crônica. Nesta dimensão de fatos acorrentados a desmedidas frustrações ou negros eventos de outrora, muitas vezes o monstro da indiferença faz seu papel e isola ansioso ser de seu querer, escurecendo as emoções do sentir.

 Como de praxe no andar deste esquecimento do presente, não se obtêm nenhuma maneira de aplacar insana ansiedade. Maltratado por antigos espíritos de amores mal resolvidos e  corações feridos, vai dando a sensação de que os devaneios que nos leva a ter pensamentos distantes, solução pratica e eficaz aos distúrbios persistentes de trama inconsistente. Contudo isto é mera fuga mental dos problemas, é a ilusão que se está resolvendo profunda questão arranjando desculpas ao falsear problema de causa perdida ainda maior.

 Na densidade inexplicável da razão da loucura é que tenta-se a busca de um porto seguro para as tormentas dos filhos da ansiedade. Temendo perder o controle e a lucidez sobre o próprio domínio, é o desatino que possui o ser, graças a sua origem como produto do medo.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Selfie dos sujismundos

Afeito a estar tendo simpatia a problemas externos a sua dimensão física emocionalmente instável e dilatável, George nestas ultimas instâncias de tempo carregava o pesado fardo de uma lucidez quase divina  sobre as vantagens e benefícios, colhidos na podre raiz daqueles que agiam como Orc's seguindo instintos malévolos e maquiavélicos. Tudo isto extraído na extorsão e submissão da maioria feito frágeis gnomos com as vontades presas por correntes invisíveis e sem nenhuma resistência ao cárcere, graças aos encantamentos da ilusão da própria cela.

- neste ambiente onde a ignorância tem mais visualizações até mesmo que selfie e fotos de Oscar, não ficaria surpreso caso o próximo presidente da republica  seja porradeiro frequentador de micareta, algum ex big brother ou apreciador de botar seu olfato na farinha como o Maradona.-. nosso protagonista não sabe que o ouro branco( grande produto de exportação colombiano e boliviano) é utilizado em larga escala pelos asnos asmáticos( e travados) dos tubarões da política tupiniquim.

Ele mesmo por vezes acaba sendo um tremendo hipócrita por isso. Bem sabe das condições e de como o processo das coisa s funcionam neste mundo de heróis inexistentes e vilões recorrentes. Ficou a divagar nos pensamentos, tendo a clareza de que ao frigir dos ovos, ideias, teorias e ideologias no fim serviam como justificativa e maquiavelismo obscuro para a busca do poder supremo. na verdade o que muitos buscam malignamente é um poder sádico, o prazer dele em causar sofrimento no semelhante é o que move seus atos vis e sujismundos.

- As vezes gostaria de ser um tremendo pulha alienado, pois assim não sofreria as consequências de ter a noção clara dos atos cometidos por meus iguais que exalam o fedor corrompido do banditismo e malfeitorias, verdadeiros senhores do escuro na terra de Mordor na vida real, niilistas como coringas de riso terrorista ou deformados como reaçis coxinhamis, embora estes são seres existentes e sua deformação seja de cunho mental, algum trauma sexual provavelmente oriundo de educação rígida e repressora- Assim dizia George aplicando suas leituras sobre Freud em suas opiniões.

Nestes andares de moribunda rotina de humilde estagiário sem o reconhecimento de devida genialidade importantíssima para a evolução da consciência humana, portanto talento desperdiçado pela humanidade tal como Van Gogh durante sua vida. A alternativa é claro para alcançar os objetivos de reconhecerem e seguirem suas ideias brilhantes seria o suicídio, seguindo o exemplo de grandes gênios, porém isto George jamais faria, afinal das contas, o preço exorbitante de uma cova na sociedade moderna sofria com a especulação imobiliária e um caixão com wi-fi de boa velocidade com duplex anexo custaria muito mais do que o seu seguro de vida cobriria.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Sentido Norte

Passos dados em direção a fogo momentâneo
Vivencio a ansiedade do presente ansioso
Ainda projeto certo futuro eventualmente insano
O tempo atual é vacina do passado pesaroso

Discorre as correntezas do rio de um viver
Das aguas revoltas e turvas de antigos prantos
Revivo no desaguar do despertar de te querer
Das coisas ditas nos autos do livro de encantos

Nestas coisas saídas de utopias de um mortal
Esta posta as vontades de antigo uso
Finalmente encontrado o fator crucial
Em ti meu sentido ao norte tem curso

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Os novos intocáveis

 Somos filhos de uma geração conformista, sem motivos, objetivos, sentidos, sem nenhum apego a ideias, emoções e cada vez mais distantes de empatia e consideração ao próximo. Os ditames da modernidade são tons de um cotidiano vazio e avesso a noção de bem estar geral e coletivo, fazendo com aqueles que tenham comportamento levando em conta a situação de seu semelhante, um corpo estranho dentro do sistema, sendo visto como espécie de agente externo que em alguma época causara desconforto ao restante, portando-se  de maneira totalmente oposta ao senso comum do individualismo e do cada um por si.

 Está criando-se um novo grupo de intocáveis no mundo: seres vistos como carregadores de uma verdade inconveniente, pois levando em conta a relação estabelecida com seu semelhante, ele acaba gerando a reflexão daqueles com os pensamentos e conduta da ideia dominante do egocentrismo, dando todo um desconforto psicológico a uma massa que precisa agir assim com o intuito de alimentar a maquina do formalismo robótico e burocratizado, onde coisas como amor, amizade, tolerância, igualdade passam a ser verdadeiros crimes capitais.

 A demência se apodera das relações humanas como câncer em metástase no organismo de um doente. Não se pondera mais sobre o sentir daqueles que convivem ao seu lado no ambiente, levando cada um a agir sobre a chantagem do monstro depravado do terror e suas artimanhas de extorsão, lhe dando todo o poder de controle sobre nossas ações. Mascarando respeito com temor, vamos tornando-nos perfeitos produtos do medo, acuados pelo receio de não se encaixar em meio a conduta vigente. Numa contradição cômica, no medo de isolar-se de tudo nos ausentamos de nós mesmos.

 Uma sensação maníaca também pode ser derivada como produto do medo: a tentativa de obter aprovação universal. Meta de certa forma egoísta no fundo, pois é meio de massagear o próprio ego sendo bem quisto por todos e assim conseguindo livre iniciativa para conseguir objetivos individuais. Objetivos estes quase sempre com o fim de buscar alcançar os planos próprios, e maquiavelicamente usar a aprovação geral como licença poética para controlar feito marionete de frágil pano seus iguais.


  O fato é que o exercício de pôr-se no lugar do outro é ação com o risco de extinção evidente, graças a deturpação feita em cima do sucesso individual. Coberto com os louros da vitória no decorrer dos tempos de humanidade em detrimento do bem estar geral, criou uma horda de alienistas hipócritas, preferindo o conforto e tranquilidade da ignorância na ausência de pensar ao invés de sofrer as angustias na idealização dos projetos de alguma mudança no quadro.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Simples George de coração

 O cotidiano e todas as informações do que acontece ao nosso redor com o mundo a qual pertencemos na maioria das vezes são relatos de problemas que a principio não nos envolvem diretamente ou atinga-nos profundamente no amago de nosso ser individualista e por vezes mesquinho.Desta feita ,geralmente George não foge a esta regra comportamental dos humanos em ler nos jornais e sites, ou ver nos noticiários as causas e motivos das desgraças dos povos, resignando-se a apenas formar alguma ideia de senso comum ou tecer comentário como se o pensamento que tivesse fosse resolver todos os conflitos do planeta água afora.

- Talvez teríamos uma gama muito menor de rusgas e conflitos violentos entre nos homens, se resolvêssemos nossas divergências jogando uma partida de PES ou uma luta no play de Street Fighter-. Divagava George tentando fazer o que a ONU e os governos nunca conseguem, solucionar problemas essenciais com medidas simples.

 O Ingenuo George acreditava na sua inocência idílica de leitor das grandes epopeias de fantasia, que isto era possível, pois ainda nos jogos de poder das histórias que tinha prazer em ler, os lados da moeda eram bem definidos: o bem e o mal , as trevas e a luz, herói e vilão, todos estes de fácil diferenciação tanto na ficção quanto na realidade. Doce ilusão de ávido leitor dos contos do Rei Arthur e de o Hobbit, nosso protagonista demorou a perceber, no alto de toda sua magnânima intelectualidade de gênio incompreendido pela sociedade contemporânea, que o mundo real é mais parecido com Westeros de Game Of  Thrones do que com a Terra Média de Senhor dos Anéis( Hobbits e elfos não existem, mas anões bêbados e pervertidos, além de traições dentro da própria família são comuns atualmente).

- Sinceramente, nestes acontecimentos de meu tempo reduzido de existência e insignificante importância perante a continuidade do cosmos e do universo, talvez somos meros corpos formados de poeira das estrelas cobrindo vácuo, um nada. Embora possamos vir a ser um nada mesmo e não temer a morte, só não quero presenciar a minha, pois deve doer tanto quanto um chute no meu órgão reprodutor.- Assim boy George formava seu pensamento, pouco corriqueiro entre seus iguais.

 E os ponteiros seguem a girar sobre a alma atormentada de sonhador deste rapaz com comportamento fora de série e do sério. São as retóricas e os eventos que está presenciando que podem levar o pobre ao surto e desilusão com o que ele tem por conhecimento das diferenças entre o bem e o mal, pois está vendo que o que tentam lhe passar no noticiário como Bem, espanca com cassetete e encarcera numa cela o mal, que protestava por não ter condições de vida minimas para sobreviver.


Querer no Presente


É a ansiedade excessiva temendo futuro
Teimosia em não viver o presente
Dificultando lapidar o amor bruto
Os dias acabam passando em medo recorrente

Suavizando as aflições nas amarras do sentir
Presos ao labirinto dos demônios internos
Sensação de que nada consiga resistir
Na possibilidade de sua ausência persistir

Busco aplacar de alguma maneira
Nessa desatinada divagação
Pondo fim as tuas incertezas
Do meu querer ser sua redenção

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Desígnio dos desatinos

 Sensações e sentimentos são vertentes da alma humana em que ainda a ciência não vislumbrou alguma teoria para designar sua origem e sua concepção no homem. Isto se deve por uma característica de ambas que não permite uma analise óbvia e de resultado certo, pois emoções não são exata muito menos eventualidade que possa ser prevista em uma linha de tempo, ou medirmos seu peso e densidade numa balança de precisão. O sentir não foi feito para mensurarmos valor ou causa, ele é fruto da incoerência dos desígnios, vontade própria sem controle ou coordenação.

 É inútil buscar causa ou motivo das maneiras e do que se sente, não existe formula ou formato para dar a este. Sem encaixe para as emoções ou nosso sentimentalismo, forçar os mesmos a entrar em ordem, tentando impor disciplina a algo insubmisso a qualquer forma de poder ou dominação é similar a tentativa de se apagar fogo com gasolina: quanto mais tentamos controlar, maior é a força e tamanho que consegue alcançar. Todas essas frustradas tentativas de suprimir um sentimento só geram a problemática de desespero inconformado com o próprio querer.

 O que se tira de conclusão sobre os inexplicáveis ardores dos amores e suas vias de agir, o maior dos desatinos humanos. Sem ter como descrever seu começo ou fim certo, é maneira de buscar refugio contra o formalismo da razão pura, a forma mais imponente e pura de revoltar-se contra a ordem instituída do frio tratamento dado ao sentimento, visto como fraqueza de caráter moral neste mundo onde a posse do bem é mais bem quista que o bem em si. Essa visão predominante da precificação de tudo e do todo e á ultima fronteira que mercado e genética não ultrapassarão jamais: a criação de um amor tal como sentimos ou sentiremos um dia.

  Devaneio, utopia, sonho ou mero vislumbre são as formas do negativismo realista tenta através dos preconceitos de taxar a emoção como tolice e ideal inatingível, a engrenagem que acaba por girar os motores da maquina do Leviatã individualista, monstro do narcisismo transformando com seu toque oposto ao de Midas: se o rei em tudo que tocava transformava em ouro, tudo que o leviatã toca vira cinzas de algo que já foi humano um dia.


 Com vontade própria e avessa a obedecer a ordens, deve deixar o amor ter seus próprios caminhos criados a partir de suas vontades. Lutar e ir contra o querer do mesmo é golpear com todas as forças ponta de faca, tentar seguir a maneira ineficiente ao que se tornou senso comum na forma em que enxerga-se o mundo dos sentimentos. Basta olharmos o inicio da palavra: SENTImento, feito para sentir e viver, e não analise e julgamento dos seus desígnios e finalidade.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Brechas das leis georgeanas

Acomodado com os conceitos seus sobre o que considera certo, George em determinadas ocasiões consegue ver brechas nos próprios ideais para ter desculpas de que não está agindo de má-fé e ter assim digamos, álibi preciso para cometer contravenções. Estava amparado na lei dos justos para ter as atitudes que bem entendesse, sabendo atravessar perfeitamente os furos da própria moral e assim obter salvo-conduto z agir levando em conta apenas o próprio prazer e satisfação, no seu narcisismo egoísta semelhante a um vilão destes de história em quadrinhos, como Lex Luthor (que poucos sabem, mas Espiridião Amin faz cosplay deste personagem).

 Destas questões de ética comportamental e mental, o jovem a bem da verdade não se esmera muito com as opiniões alheias condenando seus atos que levem a execração publica, digamos, o tão conhecido das fofoqueiras de peitoral de janela, “ficar mal falado”. Claro que acabe tendo até um pouco de egoísmo neste modo de encarar, pois não eram apenas as fofocas que acabava não dando trela, mas sim as opiniões e visões que os outros tinham sobre as coisas desta existência nossa cheia de paradoxos. E como ele afirma:

- Dar muita importância a opinião dos outros e as respeitá-las vão acabar fazendo de nós humanos, uma espécie de Sr Smithers dos Simpsons com transtorno de personalidade dependente.

No fundo o grande temor de George era a própria reprovação das ações tomadas nos assuntos de importância a seu viver, desde a dor no coração de ter que comprar para a mãe algum livro do Paulo Coelho, até as faltas cometidas contra os sentimentos de amigos e das “namoradinhas”, aquelas que o tio Zé sempre perguntava no natal como estavam, depois é claro de fazer a piada que todo tiozão de firma faz se é “pavê ou pacumê?”.

Contradição assim se estabelece no cotidiano do pobre excessivo pensador, fazendo a mente divagar além dos jardins suspensos da Babilônia nos sonhos, ou Sodoma e Gomorra quando tinha que lidar com os medos em seus pesadelos. Nestes conseguia perceber que quando a hora das suas falhas vier a tona e cobrarem seu preço exigindo cortar da própria carne o pagamento de tal tributo, ele mesmo não se perdoaria por ter cometido atos de desatino, o levando a uma zona-fantasma sugando toda vida para dentro de si.


  Mas isto no contar das horas apontadas pelo relógio acaba ficando em segundo plano dentro da imperativa cabeça georgeana, já que esta é povoadamente ocupada no esforço de entender a si mesmo, na tarefa de compreender o sentido da vida ou em porque de cangurus só existirem na Austrália.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Estando por fazer favor de ler

“Um cumprimento a todos que estão por ler este texto. Farei aqui nada mais do que denotar minhas impressões do conturbado pensamento pessoal sobre determinada vertente do ser. Nestas manias declaradas aos quais possuo e se assentam como características marcantes da minha personalidade nada comum, pois pertenço a esta raça peculiar dos excessivos pensantes ansiosos, acostumados a infligir às dores de parto dentro da própria existência fritando as caraminholas do cérebro a ter idéias nada conclusivas ou benéficas.

 Não são totais imbecilidades os pensamentos que vêem a minha mente, embora confesse de maioria esmagadora a probabilidade de se fazer bom uso destas é tarefa árdua e ingrata. É de difícil trato desmembrar minhas idéias nada claras, não quero nem faço questão de ser direto nas respostas, pois tenho comigo que nada é de absoluta certeza concreta, e mudanças são constantes universais girando as ordenanças de tempo e espaço. Não é questão de espírito, alma, corpo do homem os aborrecimentos gerados por peso do pesar do pensar, é apenas questão do trato as atenções centrais do conteúdo que deriva das idéias, seja quais forem.

 Entra em jogo se tenho um real conteúdo para embasar os sentidos que possa ter os ideais inseridos nas palavras e emoções que carrego. Não sei se dom da palavra possuo ao ponto de fazer meus semelhantes entrarem em devaneios e se absorvem na distração de um mundo diferente ao qual lhes apresento através do meu pensamento escrito em que caros viventes leiam e sintam-se confortados no entendimento do que lhes foi passado. Fazer jogo de palavras é algo difícil e complicada maneira de se fazer entender e deixar entendido tudo que se passa a cabeça, embora quando tratamos pelas palavras das chagas dos amores e de emoções, sejam alegres, doces, destrutivas, coléricas e de outras vertentes animalescas, a compreensão é quase visceral.

 Não quero cometer a hipocrisia de não assumir certa culpa quando não estou sendo entendido da maneira que quero pela falta de tato ou consciência dos outros. Afinal das contas nem eu mesmo compreendo o meu sentir, tão instável e sem forma definida me levando a crer certas vezes que idéias geradas dentro da minha caixa craniana são alucinações de uma mente doente. Isso reflete sobre meus amores e suas vertentes expansivas, eis agora que tento desvendar se estes são meros sonhos desatinados afundados na saudade das lembranças, ou realidade da memória amargada nas melancolias passadas.”

 Panfleto de louco Morador de rua qualquer, destes encontrados nas esquinas sujas de grande cidade opulenta do moderno mundo na sociedade contemporânea ausente a dar atenção aos mesmos.