Ensaios

Crônicas de George

Poesia

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Os novos intocáveis

 Somos filhos de uma geração conformista, sem motivos, objetivos, sentidos, sem nenhum apego a ideias, emoções e cada vez mais distantes de empatia e consideração ao próximo. Os ditames da modernidade são tons de um cotidiano vazio e avesso a noção de bem estar geral e coletivo, fazendo com aqueles que tenham comportamento levando em conta a situação de seu semelhante, um corpo estranho dentro do sistema, sendo visto como espécie de agente externo que em alguma época causara desconforto ao restante, portando-se  de maneira totalmente oposta ao senso comum do individualismo e do cada um por si.

 Está criando-se um novo grupo de intocáveis no mundo: seres vistos como carregadores de uma verdade inconveniente, pois levando em conta a relação estabelecida com seu semelhante, ele acaba gerando a reflexão daqueles com os pensamentos e conduta da ideia dominante do egocentrismo, dando todo um desconforto psicológico a uma massa que precisa agir assim com o intuito de alimentar a maquina do formalismo robótico e burocratizado, onde coisas como amor, amizade, tolerância, igualdade passam a ser verdadeiros crimes capitais.

 A demência se apodera das relações humanas como câncer em metástase no organismo de um doente. Não se pondera mais sobre o sentir daqueles que convivem ao seu lado no ambiente, levando cada um a agir sobre a chantagem do monstro depravado do terror e suas artimanhas de extorsão, lhe dando todo o poder de controle sobre nossas ações. Mascarando respeito com temor, vamos tornando-nos perfeitos produtos do medo, acuados pelo receio de não se encaixar em meio a conduta vigente. Numa contradição cômica, no medo de isolar-se de tudo nos ausentamos de nós mesmos.

 Uma sensação maníaca também pode ser derivada como produto do medo: a tentativa de obter aprovação universal. Meta de certa forma egoísta no fundo, pois é meio de massagear o próprio ego sendo bem quisto por todos e assim conseguindo livre iniciativa para conseguir objetivos individuais. Objetivos estes quase sempre com o fim de buscar alcançar os planos próprios, e maquiavelicamente usar a aprovação geral como licença poética para controlar feito marionete de frágil pano seus iguais.


  O fato é que o exercício de pôr-se no lugar do outro é ação com o risco de extinção evidente, graças a deturpação feita em cima do sucesso individual. Coberto com os louros da vitória no decorrer dos tempos de humanidade em detrimento do bem estar geral, criou uma horda de alienistas hipócritas, preferindo o conforto e tranquilidade da ignorância na ausência de pensar ao invés de sofrer as angustias na idealização dos projetos de alguma mudança no quadro.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Simples George de coração

 O cotidiano e todas as informações do que acontece ao nosso redor com o mundo a qual pertencemos na maioria das vezes são relatos de problemas que a principio não nos envolvem diretamente ou atinga-nos profundamente no amago de nosso ser individualista e por vezes mesquinho.Desta feita ,geralmente George não foge a esta regra comportamental dos humanos em ler nos jornais e sites, ou ver nos noticiários as causas e motivos das desgraças dos povos, resignando-se a apenas formar alguma ideia de senso comum ou tecer comentário como se o pensamento que tivesse fosse resolver todos os conflitos do planeta água afora.

- Talvez teríamos uma gama muito menor de rusgas e conflitos violentos entre nos homens, se resolvêssemos nossas divergências jogando uma partida de PES ou uma luta no play de Street Fighter-. Divagava George tentando fazer o que a ONU e os governos nunca conseguem, solucionar problemas essenciais com medidas simples.

 O Ingenuo George acreditava na sua inocência idílica de leitor das grandes epopeias de fantasia, que isto era possível, pois ainda nos jogos de poder das histórias que tinha prazer em ler, os lados da moeda eram bem definidos: o bem e o mal , as trevas e a luz, herói e vilão, todos estes de fácil diferenciação tanto na ficção quanto na realidade. Doce ilusão de ávido leitor dos contos do Rei Arthur e de o Hobbit, nosso protagonista demorou a perceber, no alto de toda sua magnânima intelectualidade de gênio incompreendido pela sociedade contemporânea, que o mundo real é mais parecido com Westeros de Game Of  Thrones do que com a Terra Média de Senhor dos Anéis( Hobbits e elfos não existem, mas anões bêbados e pervertidos, além de traições dentro da própria família são comuns atualmente).

- Sinceramente, nestes acontecimentos de meu tempo reduzido de existência e insignificante importância perante a continuidade do cosmos e do universo, talvez somos meros corpos formados de poeira das estrelas cobrindo vácuo, um nada. Embora possamos vir a ser um nada mesmo e não temer a morte, só não quero presenciar a minha, pois deve doer tanto quanto um chute no meu órgão reprodutor.- Assim boy George formava seu pensamento, pouco corriqueiro entre seus iguais.

 E os ponteiros seguem a girar sobre a alma atormentada de sonhador deste rapaz com comportamento fora de série e do sério. São as retóricas e os eventos que está presenciando que podem levar o pobre ao surto e desilusão com o que ele tem por conhecimento das diferenças entre o bem e o mal, pois está vendo que o que tentam lhe passar no noticiário como Bem, espanca com cassetete e encarcera numa cela o mal, que protestava por não ter condições de vida minimas para sobreviver.


Querer no Presente


É a ansiedade excessiva temendo futuro
Teimosia em não viver o presente
Dificultando lapidar o amor bruto
Os dias acabam passando em medo recorrente

Suavizando as aflições nas amarras do sentir
Presos ao labirinto dos demônios internos
Sensação de que nada consiga resistir
Na possibilidade de sua ausência persistir

Busco aplacar de alguma maneira
Nessa desatinada divagação
Pondo fim as tuas incertezas
Do meu querer ser sua redenção

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Desígnio dos desatinos

 Sensações e sentimentos são vertentes da alma humana em que ainda a ciência não vislumbrou alguma teoria para designar sua origem e sua concepção no homem. Isto se deve por uma característica de ambas que não permite uma analise óbvia e de resultado certo, pois emoções não são exata muito menos eventualidade que possa ser prevista em uma linha de tempo, ou medirmos seu peso e densidade numa balança de precisão. O sentir não foi feito para mensurarmos valor ou causa, ele é fruto da incoerência dos desígnios, vontade própria sem controle ou coordenação.

 É inútil buscar causa ou motivo das maneiras e do que se sente, não existe formula ou formato para dar a este. Sem encaixe para as emoções ou nosso sentimentalismo, forçar os mesmos a entrar em ordem, tentando impor disciplina a algo insubmisso a qualquer forma de poder ou dominação é similar a tentativa de se apagar fogo com gasolina: quanto mais tentamos controlar, maior é a força e tamanho que consegue alcançar. Todas essas frustradas tentativas de suprimir um sentimento só geram a problemática de desespero inconformado com o próprio querer.

 O que se tira de conclusão sobre os inexplicáveis ardores dos amores e suas vias de agir, o maior dos desatinos humanos. Sem ter como descrever seu começo ou fim certo, é maneira de buscar refugio contra o formalismo da razão pura, a forma mais imponente e pura de revoltar-se contra a ordem instituída do frio tratamento dado ao sentimento, visto como fraqueza de caráter moral neste mundo onde a posse do bem é mais bem quista que o bem em si. Essa visão predominante da precificação de tudo e do todo e á ultima fronteira que mercado e genética não ultrapassarão jamais: a criação de um amor tal como sentimos ou sentiremos um dia.

  Devaneio, utopia, sonho ou mero vislumbre são as formas do negativismo realista tenta através dos preconceitos de taxar a emoção como tolice e ideal inatingível, a engrenagem que acaba por girar os motores da maquina do Leviatã individualista, monstro do narcisismo transformando com seu toque oposto ao de Midas: se o rei em tudo que tocava transformava em ouro, tudo que o leviatã toca vira cinzas de algo que já foi humano um dia.


 Com vontade própria e avessa a obedecer a ordens, deve deixar o amor ter seus próprios caminhos criados a partir de suas vontades. Lutar e ir contra o querer do mesmo é golpear com todas as forças ponta de faca, tentar seguir a maneira ineficiente ao que se tornou senso comum na forma em que enxerga-se o mundo dos sentimentos. Basta olharmos o inicio da palavra: SENTImento, feito para sentir e viver, e não analise e julgamento dos seus desígnios e finalidade.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Brechas das leis georgeanas

Acomodado com os conceitos seus sobre o que considera certo, George em determinadas ocasiões consegue ver brechas nos próprios ideais para ter desculpas de que não está agindo de má-fé e ter assim digamos, álibi preciso para cometer contravenções. Estava amparado na lei dos justos para ter as atitudes que bem entendesse, sabendo atravessar perfeitamente os furos da própria moral e assim obter salvo-conduto z agir levando em conta apenas o próprio prazer e satisfação, no seu narcisismo egoísta semelhante a um vilão destes de história em quadrinhos, como Lex Luthor (que poucos sabem, mas Espiridião Amin faz cosplay deste personagem).

 Destas questões de ética comportamental e mental, o jovem a bem da verdade não se esmera muito com as opiniões alheias condenando seus atos que levem a execração publica, digamos, o tão conhecido das fofoqueiras de peitoral de janela, “ficar mal falado”. Claro que acabe tendo até um pouco de egoísmo neste modo de encarar, pois não eram apenas as fofocas que acabava não dando trela, mas sim as opiniões e visões que os outros tinham sobre as coisas desta existência nossa cheia de paradoxos. E como ele afirma:

- Dar muita importância a opinião dos outros e as respeitá-las vão acabar fazendo de nós humanos, uma espécie de Sr Smithers dos Simpsons com transtorno de personalidade dependente.

No fundo o grande temor de George era a própria reprovação das ações tomadas nos assuntos de importância a seu viver, desde a dor no coração de ter que comprar para a mãe algum livro do Paulo Coelho, até as faltas cometidas contra os sentimentos de amigos e das “namoradinhas”, aquelas que o tio Zé sempre perguntava no natal como estavam, depois é claro de fazer a piada que todo tiozão de firma faz se é “pavê ou pacumê?”.

Contradição assim se estabelece no cotidiano do pobre excessivo pensador, fazendo a mente divagar além dos jardins suspensos da Babilônia nos sonhos, ou Sodoma e Gomorra quando tinha que lidar com os medos em seus pesadelos. Nestes conseguia perceber que quando a hora das suas falhas vier a tona e cobrarem seu preço exigindo cortar da própria carne o pagamento de tal tributo, ele mesmo não se perdoaria por ter cometido atos de desatino, o levando a uma zona-fantasma sugando toda vida para dentro de si.


  Mas isto no contar das horas apontadas pelo relógio acaba ficando em segundo plano dentro da imperativa cabeça georgeana, já que esta é povoadamente ocupada no esforço de entender a si mesmo, na tarefa de compreender o sentido da vida ou em porque de cangurus só existirem na Austrália.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Estando por fazer favor de ler

“Um cumprimento a todos que estão por ler este texto. Farei aqui nada mais do que denotar minhas impressões do conturbado pensamento pessoal sobre determinada vertente do ser. Nestas manias declaradas aos quais possuo e se assentam como características marcantes da minha personalidade nada comum, pois pertenço a esta raça peculiar dos excessivos pensantes ansiosos, acostumados a infligir às dores de parto dentro da própria existência fritando as caraminholas do cérebro a ter idéias nada conclusivas ou benéficas.

 Não são totais imbecilidades os pensamentos que vêem a minha mente, embora confesse de maioria esmagadora a probabilidade de se fazer bom uso destas é tarefa árdua e ingrata. É de difícil trato desmembrar minhas idéias nada claras, não quero nem faço questão de ser direto nas respostas, pois tenho comigo que nada é de absoluta certeza concreta, e mudanças são constantes universais girando as ordenanças de tempo e espaço. Não é questão de espírito, alma, corpo do homem os aborrecimentos gerados por peso do pesar do pensar, é apenas questão do trato as atenções centrais do conteúdo que deriva das idéias, seja quais forem.

 Entra em jogo se tenho um real conteúdo para embasar os sentidos que possa ter os ideais inseridos nas palavras e emoções que carrego. Não sei se dom da palavra possuo ao ponto de fazer meus semelhantes entrarem em devaneios e se absorvem na distração de um mundo diferente ao qual lhes apresento através do meu pensamento escrito em que caros viventes leiam e sintam-se confortados no entendimento do que lhes foi passado. Fazer jogo de palavras é algo difícil e complicada maneira de se fazer entender e deixar entendido tudo que se passa a cabeça, embora quando tratamos pelas palavras das chagas dos amores e de emoções, sejam alegres, doces, destrutivas, coléricas e de outras vertentes animalescas, a compreensão é quase visceral.

 Não quero cometer a hipocrisia de não assumir certa culpa quando não estou sendo entendido da maneira que quero pela falta de tato ou consciência dos outros. Afinal das contas nem eu mesmo compreendo o meu sentir, tão instável e sem forma definida me levando a crer certas vezes que idéias geradas dentro da minha caixa craniana são alucinações de uma mente doente. Isso reflete sobre meus amores e suas vertentes expansivas, eis agora que tento desvendar se estes são meros sonhos desatinados afundados na saudade das lembranças, ou realidade da memória amargada nas melancolias passadas.”

 Panfleto de louco Morador de rua qualquer, destes encontrados nas esquinas sujas de grande cidade opulenta do moderno mundo na sociedade contemporânea ausente a dar atenção aos mesmos.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Recorrente aflição

É desassossego desses recorrentes
De perder-se na deformidade do sim
Numa resignação de estado permanente
Andamos rumo ao cair do abismo sem fim

Refaço os dizeres do nada ao todo
Maneiras de um agir fadado ao acaso
Um quesito de abstração ou mero engodo
Fora de probabilidade amar é um grande fardo

Já não se faz a necessidade de expressão
Faço parte de algo revivendo a margem
Imbecilidade gerada na ilusória invenção
Sentimento desses não é mínima bobagem

Fico nos devaneios de sádico aflito
Perambulando nas ideias do pensamento
Observando as vontades ter fim sucinto
Giro por agora meus amores ao vento

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Questionamentos georgeanos



Parece que finalmente George chegou a um determinado ponto sem volta, numa encruzilhada crônica por ele protagonizada. Tinha sido posto na parede pela sua característica bundamolice, que ficara evidente em seus atos, ações e movimentos, tão entediantes e demorados quanto a barra de loading de algum game (seria praticamente como aguardar o carregamento do Warcraft num PC com processador velho e fraco, só dor de cabeça) e George conseguia ser mais tapado que isso em certas situações.

- Não gosto de fazer as coisas por obrigação ou dever, isso me traz a sensação de estar me tornando uma espécie de Tony Stark estagiário, é claro sem a armadura do homem de ferro, o dinheiro e a namorada daora- Desabafava o apalermado rapaz.

 De fato, estar na pele de um herói estagiário deve ser mais indigesto que seu computador travar enquanto está sendo atacado por uma poderosa magia no LOL. Sentindo-se pressionado ultimamente por N causas e questionamentos peculiares a sua singular pessoa, ficava confuso. Não compreendia o cansaço sentido por pensar demais em certos assuntos, com exceção é claro de suas ideias vanguardistas sobre cultura:

- Zé Sarney como imortal na academia brasileira de letras, e tem gente achando que o maior problema da literatura é 50 tons de cinza-Ou ainda seu discurso radical frente ao cenário musical: - Tirar onda de Camaro amarelo é fácil, quero ver causar com um Chevette ano 87 cor verde-musgo, escutando no toca-fitas Marcelo Camelo ou Maria Gádu.

 Realmente acreditava ser um ser incompreendido, sua perspicácia intelectual desperdiçada pela sociedade contemporânea.- Não  admirar os pensamentos construtivos que tenho é a mesmíssima coisa que atender chamadas de call-center, perda de tempo e vida. Entendo Woody Allen, estou numa situação similar, extremamente inteligente e apreciador das boas coisas da vida, mas a lucidez intelectual me deprime com a estupidez humana.

 Ai então George sai correndo apavorado para a cozinha, enquanto estava divagando jogando uma partida 
online de DOTA, o rapaz acabou esquecendo o miojo no fogo, não lembrou que a água fervia em 3 minutos, e matar um ORC às vezes leva muito mais tempo que isso.