Ensaios

Crônicas de George

Poesia

domingo, 24 de dezembro de 2017

Dos Sentimentos Persistentes

Sentimentos que persistem que já não voltam mais, como lidar com estes, digamos, constantes espinhosos dos nossos rotineiros dias? A que ponto suportamos veladamente, guardados dentro de nossas armaduras, transparecendo ao exterior risos e brincadeiras, quando na verdade nosso papel é o de palhaço de triste figura? Por essas idas e vindas de pensar e amar, as respostas e questionamentos vão ser inúmeras, mas a variável de estas serem as corretas para sua situação é difícil de ser encaixada na realidade de efervescência emocional.

Ao fundo a velha esperança vigora como o ultimo bote de salvamento de uma Nau a deriva em um turbulento Oceano de emoções, vagando a esmo sem um vento para fazer as velas seguirem em alguma rota redentora. Nestes tempos onde cada individuo é uma ilha sem ligação com o continente, seria a ideia de que primeiro precisamos nos perder nos devaneios de uma viagem, imersa em novos acontecimentos, para finalmente nos encontrarmos? ou quiçá a valentia de uma teimosia de lutar por aquilo que mais preza e ama valha a pena em sua efêmera História de vida?

Busca eterna de alguém que não se conforma estar só, ou que pareça que a solitude de estar isolado da contemplação de um olhar de companheirismo cálido. A sensação de estar sendo importante e se importar com algo nos remete e traz uma das melhores sensações que um ser humano possa vir a ter: apaziguamento. Estar não feliz, alegre, triste, raivoso, ansioso, animado, mas sim estável, onde suas ideias, pensamentos e físico estão em sintonia prontos para encarar as agruras do dia a dia, pois tem a certeza que possa contar e ter a estima de alguém que servirá como o farol de luz nas noites mais escuras.

Relações humanas nunca serão exatas e de resultado óbvio como uma ciência matemática. Cada ser é uno, de personalidade variada e complexa, afetado e influenciado por uma série de fatores infinitos. Somos pequenos universos espalhados dentro de um mesmo planeta, se chocando e formando novas possibilidades de encontro e desencontros, onde amores, prazeres, dores e rancores entrelaçam-se e uma cadeia de ligações nevrálgicas, que em alguns casos são tão resistentes e fortes como a lei da gravidade, e em outros tão frágeis que se desmancham no ar.

Por essas conjecturas tão amarradas em um emaranhado de poréns e entretantos, por mais doloroso que seja e te pese ver a principio o bater de asas para longe de seu grande amor, a maior prova dele é abdicar do mesmo. Nestes dias tão egoístas e ausentes de um sentimento de empatia pelo outro, ter a percepção de que sua felicidade não pode ser a custa da infelicidade de alguém, pode ser a ferramenta transformadora de si mesmo. Obviamente isso não é um processo que se consiga lidar sem certas “dores de parto”, mas assim como um parto, uma nova vida pode surgir a partir dai.

Deixo aqui um pedaço de poema do Grande Pablo Neruda  sobre tudo isso:

Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.
Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.
Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.
...Do teu coração me diz adeus uma criança.

E eu lhe digo adeus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário