Ora caros passantes deste mundo de a deus d'ara
Nada como sendo denotado como amalucado
faço como os antigos de sensibilidade rara
Faço da caverna meu resguardo
Sendo assim as vistas sem importância
A muitos dos que falseiam risos e cumplicidade
O cansaço me abate nesta mendicância
Percebo a impossibilidade da reciprocidade
Em que pese a soberba deste ambiente
Os outros não fazem questão da tal saudade
Então vou fazer meu estado ser dormente
Esquecer destas mesquinharias na realidade
Um brinde então com toda maestria
Vamos fazer desta causa perdida
Um tratado estabelecendo o limite
entre minha intensidade e sua mesmice
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
sábado, 14 de setembro de 2013
Contas De Um Agir
Passam as horas, correm os dias, encerram-se meses, vão-se
os anos e mesmo assim, tendes a tirar-me o equilíbrio num capricho do desassossego
tal quais os atos se sucedem. Com toques requintados de uma inconsciente noção
de magoa adormecida, nosso jogo é uma singular partida de xadrez, pois como
torre sigo em linha reta e precisa enquanto você anda em diagonal, saindo
constantemente pela tangente. Claro que este aqui que vos fala poderia ficar
conjecturando N teses ou teorias, caducar ideias sobre contornos evidentes da
nossa oposição de como enxergamos as forças a nossa volta, já que passo a passo
vamos a direções opostas, dimensões contrárias, algo como duas civilizações
rivais em choque.
Certas manias de sua pessoa me irritam de maneira constante
e desconfortável, semelhante à espinha tragada que desce dilacerando a
garganta. Ter certa percepção de como seu comportamento por mais sucinto que o é
a mim sempre parece maníaco e moroso, e talvez isto seja o pano de fundo em que
alimento os rancores, dores e outras negatividades que acabam me levando ao
fundo do rio. Na condenação que faço de teus atos para cessar duvidas e expurgar
meus dissabores, exime a mim mesmo das falhas do meu sentir, vir e devir.
Nadando no mar do velho egoísmo e na cólera dos deuses, vou agindo
irracionalmente como presa fugindo da matilha de lobos que a caça, predadores
maquiavélicos que vivem a se alimentar das sombras e restos de amor próprio ferido.
Teu agir me incomoda e beira ao insuportável, movimentos de
seu viver que parecem não condizer com minhas causas perdidas de amores no
limbo. Sentidos para dar a traços essências em ti torram-me os nervos, pois
mesmo nesse colosso de raiva, meus pensamentos são povoados com o desconforto
do seu rosto. Estamos em campos totalmente opostos por mera casualidade ou
vontade divina (se é que ela de fato exista), entretanto, ainda existe um elo
forjado com correntes de aço que me prende a você, mesmo a léguas de distancia.
Quanto mais tento me desprender delas, mais elas apertam-se, sufocando o peito,
arrancando o ar, me arremetendo ao estranho silencio destes que dizem tudo.
Assim como a agua que já moveu o velho moinho, meu pranto
que em outros tempos correu a face não fará mais efeito sobre seu querer ou
vontade. Se a altura do momento daquelas lágrimas em nada resultou, me aflijo com
o questionamento do porque remoer sentido em cima de algo que aparentemente
agora já não fazes questão nenhuma de dar importância ou mínima trela ou
afeição. A bem da verdade após ficar nestes escritos tecendo hipóteses chego à
cruel certeza de ainda me importar com você.
Em meio a ideias de pensamentos difusos e turvos, surge com
nitidez certa conclusão lúcida e quiçá rara, de semblante contemplativo, mas com
o predomínio de uma causa especifica: amargo agora e cultivo afeto por teu
querer. Ai sou vencido pela ironia da realidade, pois estou impedido de
devanear ou esperar qualquer esperança sobre isto, já que é visível estar num
caminho de via única, sem nenhum retorno. Resta então apenas à semelhança a um
fiel de alguma causa esperar pelo fim dos dias.
domingo, 8 de setembro de 2013
Crônica De Um Domingo
Como uma chapa comprimindo o peito, parece que domingo se
reserva para apenas eu ficar com essa sensação de apenas saboreando minha
melancolia, remoendo as saudades do que nunca tive de você. Talvez seja domingo
o dia reservado na semana onde finalmente eu possa (in) felizmente lembrar-se
dos motivos e causos da sua ausência nos meus dias, por ter durante a semana
ocupações para enfiar nas ideias pensamentos anestésicos, fazendo o flagelo de
o amor oculto em estado de dormência por alguns dias. O problema deste estado
de hibernação semanal é que sempre, no sétimo dia onde deus supostamente criou
para o descanso, acabo virando escravo do trabalho sentindo a maior das coisas
sobre você e o resto dos tempos.
Não há medida ou vacina para cessar a aparente apatia de
querer-te e assim sendo vou sonhando utopias, as quais você me aceita
independente das minhas falhas de caráter e das intensidades temperamentais de
minhas paixões. Por estas no fim derradeiro da semana, faço o meu fim do mundo
graças ao tolo sentimental que sou tendo praticamente vivendo 4 dias apocalípticos
todo mês, e enquanto uns fazem uma tragédia grega por não ter capital
financeiro no final do Mês, eu o faço por não a ter. Egoístas fazem dividas de
sangue por bens materiais banais, e eu paspalho que sou, acabo devendo a mim
mesmo motivos sentimentais.
Fico elaborando teses e possibilidades sobre sentir uma
saudade de algo que de fato nunca foi de minha posse, sem perspectiva para agir,
pois estou acorrentado ao temor da negação. Sou omisso porque tenho medo de
todo o sentimento tornar-se dejeto de rejeição que escorre pelas vielas e
bueiros sujos da cidade, remontando a ideia de ver o que guardei a ti
esvaindo-se em chorume do lixo e em carniça aos corvos, lambendo os beiços com
a desgraça dos amores desafortunados. Possa parecer tolice, devaneio ou até
mesmo teimosia de um ferrenho relator da própria dor, é doce a sensação de ter
o peito queimando de ardor.
Evidente que me questiono sobre estas e outras omissões
relapsas que tenho sobre querer-te no subentendido, te sentir ao longe como se
fossem a léguas de distancia (fisicamente não, mas talvez em emoção possa ser a
quilometragem daqui até a órbita lunar quem sabe) perdendo-me nas conclusões
inconclusivas de um dia de tédio.
Enquanto conversamos penso se pelo ínfimo momento nutres desconfiança ou
uma mera ponta de suspeita do jeito com que cruzo seu olhar aos meus, e neste
momento tento perceber algum traço do fundo da sua alma para decifrar os traços
das coisas para te prender.
E hoje já estamos em outro domingo bucólico, usualmente nos
resguardando e carregando as energias para outra semana modorrenta de
obrigações com o sistema e seu triturador formal dos ingênuos sentimentaloides. Então vou tecendo o passar das horas pensando
em você sem querer querendo, permitindo-me parafrasear aquele garoto mexicano
que morava em um barril, aliviando a fome e enganando meu estômago na saudade
de te querer assim como o fogo necessita de oxigênio para arder. Chego numa
conclusão disso tudo lembrando uma frase da velha musica de Tom Jobim, da
surpresa de agora todo domingo por você “esqueço-me até do futebol”.
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Notas Sobre O Querer
Nada mais melancólico que a sensação intensa de um querer
impossibilitado por algum motivo especifico, travando aquela saudosa e
reconfortante emoção de estar envolvido num contentamento quase infantil.
Detalhes que se percebe depois de certo tempo, demonstrando ser um incomodo
empecilho a nossa vontade do querer, e parece que quanto mais se postam a nossa
vista barreiras para o impedir, vamos necessitando deste como o doente
que precisa de uma cura. Mas o querer não é uma enfermidade mortal, embora na
maioria dos casos gere desolação, desconforto, tristeza, saudades e não raras
vezes noites de prantos convulsionantes, tradicionais sintomas do amar.
Existe o querer do instante, o velho companheiro das súbitas
paixões vorazes. Sentimento que surge do nada, ardendo os poros de cada
polegada do corpo, num indecifrável arrebatamento das atenções de instantes
maliciosos da mente, dando a imaginação momentos em que desejos de carne e espírito fundem-se em algo único, sintetizando as variáveis notas de emoções
até então escondidas no subconsciente, suprimidas outrora pelo tédio de manias
da rotina que consomem os apetites de vida. Só que este querer assim como surge
do nada, termina em ninharia, chama que se consome de tanto arder.
Um agradável querer é o da plenitude fraterna, que acomete aos
prezadores das boas e sinceras amizades, a melhor e resoluta solução para
levantarmos novamente quando se está acometido por sombras de terror ou dos
medos gerados pelo mundo em nossa alma. Há também o primeiro querer ao qual
ficamos sob a tutela, o mais sincero de todos: o materno. Neste a
irracionalidade de um amor de mãe sofre e se alegra a cada passo do rebento, em
certos momentos de uma chorosa alegria ou um sofrimento raivoso em forma de
gritos e reprimendas visando ensinar, seja lá o que for que nossas criadoras
queiram nos transmitir como conhecimento.
Só que agora me ocorre um querer diferente destes, peculiar
a mim e as minhas intensidades tendo eu esta petulante característica, está
além de determinações de vontade, desejo ou sonho. Meu querer é amar-te,
somente amar-te, sem precisar dar motivos, desculpas ou resoluções do meu
descontentamento contente por deixar de modo subentendido o que levo escondido
sob os pulmões, a incomoda sensação que me acarreta uma dor alegre ou como
assim acho que ele o é, uma loucura lúcida. Quero-te tanto que travo minha
fala, as palavras se perdem, e por tanto querer sou omisso no agir.
Nisto tudo fico a deriva dentro das ideias e do sentir, sem
obter um rumo nestas incertezas se querer-te assim em demasia não seria algum
teste de vontade, embora já fosse provado graças a minha teimosia ferrenha que
não arredarei de minha posição até que eu mesmo seja o seu querer. Parece
estranho ou mesmo ato de insanidade de minha parte, não raro ser taxado por
isso como besta de emoções demasiadamente exageradas e até mesmo de um
desesperado lobo perdido de sua matilha, mas confesso, amar-te é o melhor
paradoxo ao qual um dia vivi, vivo e viverei.
domingo, 1 de setembro de 2013
"Ismos" , Fatores Determinantes
Fico me perguntando ultimamente por que afinal das contas
tentamos tanto dar valor e uma importância às palavras com a terminação “Ismo”, mesmo elas tendo dimensão e
contexto essencial para os primórdios da formação humana, frisam a necessidade
desmedida que temos de sempre sistematizar as coisas e determinar o que ela é a
partir de generalizações típicas e na maioria das vezes de um preconceito que
concebemos da ideia a partir do “Ismo” de
sua terminação. Sem duvida a sistematização e conceituar uma ideia ou
pensamento são um bom método de aprendermos sobre o mesmo de maneira mais
eficaz, porém, esta formatação que damos para aplicarmos sistematicamente a
ideia que assimilamos, tem se tornado certa mania repetitiva de aplicar
soluções errôneas e ineficazes para problemas similares que as sociedades
humanas como um todo ao longo da história tem cometido.
Sejam teorias econômicas, matemáticas, sociais, artísticas ou
de qualquer ciência que o homem criou, a partir do momento em que foi formando
atividades cerebrais ligadas ao pensar, que o primeiro de nossa espécie fez seu
cerebelo pensar e refletir sobre o que o rodeia
enveredando-se c a buscar o conhecimento ou uma tentativa de saber a essência
das coisas tal como as são, criando a necessidade insaciável pelo conhecimento
e numa forma de explorarmos da maneira mais eficaz o que temos edificado como
conhecimento verdadeiro e mais adequado ao modo de vida estabelecido pelos padrões
e contextos históricos do grupo ao qual estamos ligados pelos laços culturais,
sociais, econômicos, comportamentais e afetivos. Desde os primeiros pensadores
e filósofos antigos, parece-me que praticamente todos acabam por derivar suas
teorias e pensamentos sobre o homem e sua vida e na forma como ela ocorre
justificando esta por traços da cultura, social, da economia ou de
comportamento, sendo os determinantes e fatores que irão corresponder aos
afetos humanos, relegando a afetividade e as paixões humanas ao segundo plano,
como sendo consequência e não causa, e talvez seja isso o grande problema das
maiorias das teorias sobre a explicação do agir da humanidade.
Sobreviver e buscar subsistir se formos sintetizar a grosso
modo, depende exclusivamente de se alimentar e manter-se vivo como qualquer
animal, ou seja, para vivermos não precisamos de um sistema ao qual devemos nos
encaixar ou se enquadrar para existir. A formação da comunidade humana não se
deve a necessidade de algum fator ter desembocado o surgimento de uma suposta
sociedade, ou necessidades de estabelecer uma determinada economia ou cultura
comportamental para coexistirmos entre si, mas sim por uma questão de emoções,
uma causa sentimental humana. Foi a partir da importância que começamos a dar
aos nossos iguais que se fez a necessidade de um convívio em sociedade, com seu
sistema social, econômico e cultural específicos a cada grupo humano, a partir dos
pensamentos surgidos para lidar com o ambiente ao qual se está inserido. Somos
produto de sentimentos e emoções de empatia pelo semelhante, a origem da humanidade
como grupo especifico está no inicio de dois conceitos sentimentais: o amor e a
amizade.
O que se observa porem nos últimos 300 anos de existência do
homem em sua coletividade é um avanço da formalização emocional, sistematização
de ideias e sensações através de doutrinação ideológica das mais diversas,
dando esta como justificativa para um melhoramento da sociedade. A verdade é
que viver um período de tempo maior não significa ter vivido melhor que seu ancestral
de 10.000 anos atrás. As pessoas desde o inicio de uma industrialização das características
de vida do homem, acarretaram em formatar minuciosamente o que se deve sentir,
gostar, se afeiçoar, estabelecendo as condições de como devemos viver a partir
da ideia da terminação de qualquer "Ismo" ao qual estamos submetidos. Por mais
que muitos tentem dar uma solução eficaz, aplicável a sistemáticos modos de
vida, todas parecem estar submetidas a uma mecanização sistemática dos afetos
humanos. A obviedade de determinar o ambiente a partir dos afetos é clara,
porém creio que isso seja tão certo que a humanidade durante eras vê com
ceticismo a noção de que tudo foi gerado a partir do sentir de um afeto, e
optou por outros meios para justificar o sentido norteador de sua existência.
A conclusão de tudo isso é a percepção que se tem de que
cada vez mais a um distanciamento e medo de se afeiçoar ao outro, por medo que
estes acabem afetando negativamente os outros aspectos que formam nosso convívio.
É desolador o quadro instaurado nos últimos tempos, já que as pessoas temem e
evitam ao máximo demonstrar o que realmente sentem como se isto fosse uma doença
maligna e incurável, uma espécie de incomodo para a vida. Mostrar-se intenso,
ser carregado de emoção e gostar de amar, seja ele de qualquer espécie,
variação ou concepção para a grande parte das pessoas, é uma asneira ou mera
distração desnecessária. Nesta desventura proporcionada pelos “Ismos”, quando algum deles expõe alguma
teoria para se aplicar como modelo de humanidade melhor, cada vez mais no
afastamos realmente dela.
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