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Poesia

sábado, 14 de setembro de 2013

Contas De Um Agir



Passam as horas, correm os dias, encerram-se meses, vão-se os anos e mesmo assim, tendes a tirar-me o equilíbrio num capricho do desassossego tal quais os atos se sucedem. Com toques requintados de uma inconsciente noção de magoa adormecida, nosso jogo é uma singular partida de xadrez, pois como torre sigo em linha reta e precisa enquanto você anda em diagonal, saindo constantemente pela tangente. Claro que este aqui que vos fala poderia ficar conjecturando N teses ou teorias, caducar ideias sobre contornos evidentes da nossa oposição de como enxergamos as forças a nossa volta, já que passo a passo vamos a direções opostas, dimensões contrárias, algo como duas civilizações rivais em choque.

Certas manias de sua pessoa me irritam de maneira constante e desconfortável, semelhante à espinha tragada que desce dilacerando a garganta. Ter certa percepção de como seu comportamento por mais sucinto que o é a mim sempre parece maníaco e moroso, e talvez isto seja o pano de fundo em que alimento os rancores, dores e outras negatividades que acabam me levando ao fundo do rio. Na condenação que faço de teus atos para cessar duvidas e expurgar meus dissabores, exime a mim mesmo das falhas do meu sentir, vir e devir. Nadando no mar do velho egoísmo e na cólera dos deuses, vou agindo irracionalmente como presa fugindo da matilha de lobos que a caça, predadores maquiavélicos que vivem a se alimentar das sombras e restos de amor próprio ferido.

Teu agir me incomoda e beira ao insuportável, movimentos de seu viver que parecem não condizer com minhas causas perdidas de amores no limbo. Sentidos para dar a traços essências em ti torram-me os nervos, pois mesmo nesse colosso de raiva, meus pensamentos são povoados com o desconforto do seu rosto. Estamos em campos totalmente opostos por mera casualidade ou vontade divina (se é que ela de fato exista), entretanto, ainda existe um elo forjado com correntes de aço que me prende a você, mesmo a léguas de distancia. Quanto mais tento me desprender delas, mais elas apertam-se, sufocando o peito, arrancando o ar, me arremetendo ao estranho silencio destes que dizem tudo.

Assim como a agua que já moveu o velho moinho, meu pranto que em outros tempos correu a face não fará mais efeito sobre seu querer ou vontade. Se a altura do momento daquelas lágrimas em nada resultou, me aflijo com o questionamento do porque remoer sentido em cima de algo que aparentemente agora já não fazes questão nenhuma de dar importância ou mínima trela ou afeição. A bem da verdade após ficar nestes escritos tecendo hipóteses chego à cruel certeza de ainda me importar com você.

Em meio a ideias de pensamentos difusos e turvos, surge com nitidez certa conclusão lúcida e quiçá rara, de semblante contemplativo, mas com o predomínio de uma causa especifica: amargo agora e cultivo afeto por teu querer. Ai sou vencido pela ironia da realidade, pois estou impedido de devanear ou esperar qualquer esperança sobre isto, já que é visível estar num caminho de via única, sem nenhum retorno. Resta então apenas à semelhança a um fiel de alguma causa esperar pelo fim dos dias.

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