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domingo, 8 de setembro de 2013

Crônica De Um Domingo



Como uma chapa comprimindo o peito, parece que domingo se reserva para apenas eu ficar com essa sensação de apenas saboreando minha melancolia, remoendo as saudades do que nunca tive de você. Talvez seja domingo o dia reservado na semana onde finalmente eu possa (in) felizmente lembrar-se dos motivos e causos da sua ausência nos meus dias, por ter durante a semana ocupações para enfiar nas ideias pensamentos anestésicos, fazendo o flagelo de o amor oculto em estado de dormência por alguns dias. O problema deste estado de hibernação semanal é que sempre, no sétimo dia onde deus supostamente criou para o descanso, acabo virando escravo do trabalho sentindo a maior das coisas sobre você e o resto dos tempos.

Não há medida ou vacina para cessar a aparente apatia de querer-te e assim sendo vou sonhando utopias, as quais você me aceita independente das minhas falhas de caráter e das intensidades temperamentais de minhas paixões. Por estas no fim derradeiro da semana, faço o meu fim do mundo graças ao tolo sentimental que sou tendo praticamente vivendo 4 dias apocalípticos todo mês, e enquanto uns fazem uma tragédia grega por não ter capital financeiro no final do Mês, eu o faço por não a ter. Egoístas fazem dividas de sangue por bens materiais banais, e eu paspalho que sou, acabo devendo a mim mesmo motivos sentimentais.

Fico elaborando teses e possibilidades sobre sentir uma saudade de algo que de fato nunca foi de minha posse, sem perspectiva para agir, pois estou acorrentado ao temor da negação. Sou omisso porque tenho medo de todo o sentimento tornar-se dejeto de rejeição que escorre pelas vielas e bueiros sujos da cidade, remontando a ideia de ver o que guardei a ti esvaindo-se em chorume do lixo e em carniça aos corvos, lambendo os beiços com a desgraça dos amores desafortunados. Possa parecer tolice, devaneio ou até mesmo teimosia de um ferrenho relator da própria dor, é doce a sensação de ter o peito queimando de ardor.

Evidente que me questiono sobre estas e outras omissões relapsas que tenho sobre querer-te no subentendido, te sentir ao longe como se fossem a léguas de distancia (fisicamente não, mas talvez em emoção possa ser a quilometragem daqui até a órbita lunar quem sabe) perdendo-me nas conclusões inconclusivas de um dia de tédio.  Enquanto conversamos penso se pelo ínfimo momento nutres desconfiança ou uma mera ponta de suspeita do jeito com que cruzo seu olhar aos meus, e neste momento tento perceber algum traço do fundo da sua alma para decifrar os traços das coisas para te prender.

E hoje já estamos em outro domingo bucólico, usualmente nos resguardando e carregando as energias para outra semana modorrenta de obrigações com o sistema e seu triturador formal dos ingênuos sentimentaloides.  Então vou tecendo o passar das horas pensando em você sem querer querendo, permitindo-me parafrasear aquele garoto mexicano que morava em um barril, aliviando a fome e enganando meu estômago na saudade de te querer assim como o fogo necessita de oxigênio para arder. Chego numa conclusão disso tudo lembrando uma frase da velha musica de Tom Jobim, da surpresa de agora todo domingo por você “esqueço-me até do futebol”.

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