Como uma chapa comprimindo o peito, parece que domingo se
reserva para apenas eu ficar com essa sensação de apenas saboreando minha
melancolia, remoendo as saudades do que nunca tive de você. Talvez seja domingo
o dia reservado na semana onde finalmente eu possa (in) felizmente lembrar-se
dos motivos e causos da sua ausência nos meus dias, por ter durante a semana
ocupações para enfiar nas ideias pensamentos anestésicos, fazendo o flagelo de
o amor oculto em estado de dormência por alguns dias. O problema deste estado
de hibernação semanal é que sempre, no sétimo dia onde deus supostamente criou
para o descanso, acabo virando escravo do trabalho sentindo a maior das coisas
sobre você e o resto dos tempos.
Não há medida ou vacina para cessar a aparente apatia de
querer-te e assim sendo vou sonhando utopias, as quais você me aceita
independente das minhas falhas de caráter e das intensidades temperamentais de
minhas paixões. Por estas no fim derradeiro da semana, faço o meu fim do mundo
graças ao tolo sentimental que sou tendo praticamente vivendo 4 dias apocalípticos
todo mês, e enquanto uns fazem uma tragédia grega por não ter capital
financeiro no final do Mês, eu o faço por não a ter. Egoístas fazem dividas de
sangue por bens materiais banais, e eu paspalho que sou, acabo devendo a mim
mesmo motivos sentimentais.
Fico elaborando teses e possibilidades sobre sentir uma
saudade de algo que de fato nunca foi de minha posse, sem perspectiva para agir,
pois estou acorrentado ao temor da negação. Sou omisso porque tenho medo de
todo o sentimento tornar-se dejeto de rejeição que escorre pelas vielas e
bueiros sujos da cidade, remontando a ideia de ver o que guardei a ti
esvaindo-se em chorume do lixo e em carniça aos corvos, lambendo os beiços com
a desgraça dos amores desafortunados. Possa parecer tolice, devaneio ou até
mesmo teimosia de um ferrenho relator da própria dor, é doce a sensação de ter
o peito queimando de ardor.
Evidente que me questiono sobre estas e outras omissões
relapsas que tenho sobre querer-te no subentendido, te sentir ao longe como se
fossem a léguas de distancia (fisicamente não, mas talvez em emoção possa ser a
quilometragem daqui até a órbita lunar quem sabe) perdendo-me nas conclusões
inconclusivas de um dia de tédio.
Enquanto conversamos penso se pelo ínfimo momento nutres desconfiança ou
uma mera ponta de suspeita do jeito com que cruzo seu olhar aos meus, e neste
momento tento perceber algum traço do fundo da sua alma para decifrar os traços
das coisas para te prender.
E hoje já estamos em outro domingo bucólico, usualmente nos
resguardando e carregando as energias para outra semana modorrenta de
obrigações com o sistema e seu triturador formal dos ingênuos sentimentaloides. Então vou tecendo o passar das horas pensando
em você sem querer querendo, permitindo-me parafrasear aquele garoto mexicano
que morava em um barril, aliviando a fome e enganando meu estômago na saudade
de te querer assim como o fogo necessita de oxigênio para arder. Chego numa
conclusão disso tudo lembrando uma frase da velha musica de Tom Jobim, da
surpresa de agora todo domingo por você “esqueço-me até do futebol”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário