Fico me perguntando ultimamente por que afinal das contas
tentamos tanto dar valor e uma importância às palavras com a terminação “Ismo”, mesmo elas tendo dimensão e
contexto essencial para os primórdios da formação humana, frisam a necessidade
desmedida que temos de sempre sistematizar as coisas e determinar o que ela é a
partir de generalizações típicas e na maioria das vezes de um preconceito que
concebemos da ideia a partir do “Ismo” de
sua terminação. Sem duvida a sistematização e conceituar uma ideia ou
pensamento são um bom método de aprendermos sobre o mesmo de maneira mais
eficaz, porém, esta formatação que damos para aplicarmos sistematicamente a
ideia que assimilamos, tem se tornado certa mania repetitiva de aplicar
soluções errôneas e ineficazes para problemas similares que as sociedades
humanas como um todo ao longo da história tem cometido.
Sejam teorias econômicas, matemáticas, sociais, artísticas ou
de qualquer ciência que o homem criou, a partir do momento em que foi formando
atividades cerebrais ligadas ao pensar, que o primeiro de nossa espécie fez seu
cerebelo pensar e refletir sobre o que o rodeia
enveredando-se c a buscar o conhecimento ou uma tentativa de saber a essência
das coisas tal como as são, criando a necessidade insaciável pelo conhecimento
e numa forma de explorarmos da maneira mais eficaz o que temos edificado como
conhecimento verdadeiro e mais adequado ao modo de vida estabelecido pelos padrões
e contextos históricos do grupo ao qual estamos ligados pelos laços culturais,
sociais, econômicos, comportamentais e afetivos. Desde os primeiros pensadores
e filósofos antigos, parece-me que praticamente todos acabam por derivar suas
teorias e pensamentos sobre o homem e sua vida e na forma como ela ocorre
justificando esta por traços da cultura, social, da economia ou de
comportamento, sendo os determinantes e fatores que irão corresponder aos
afetos humanos, relegando a afetividade e as paixões humanas ao segundo plano,
como sendo consequência e não causa, e talvez seja isso o grande problema das
maiorias das teorias sobre a explicação do agir da humanidade.
Sobreviver e buscar subsistir se formos sintetizar a grosso
modo, depende exclusivamente de se alimentar e manter-se vivo como qualquer
animal, ou seja, para vivermos não precisamos de um sistema ao qual devemos nos
encaixar ou se enquadrar para existir. A formação da comunidade humana não se
deve a necessidade de algum fator ter desembocado o surgimento de uma suposta
sociedade, ou necessidades de estabelecer uma determinada economia ou cultura
comportamental para coexistirmos entre si, mas sim por uma questão de emoções,
uma causa sentimental humana. Foi a partir da importância que começamos a dar
aos nossos iguais que se fez a necessidade de um convívio em sociedade, com seu
sistema social, econômico e cultural específicos a cada grupo humano, a partir dos
pensamentos surgidos para lidar com o ambiente ao qual se está inserido. Somos
produto de sentimentos e emoções de empatia pelo semelhante, a origem da humanidade
como grupo especifico está no inicio de dois conceitos sentimentais: o amor e a
amizade.
O que se observa porem nos últimos 300 anos de existência do
homem em sua coletividade é um avanço da formalização emocional, sistematização
de ideias e sensações através de doutrinação ideológica das mais diversas,
dando esta como justificativa para um melhoramento da sociedade. A verdade é
que viver um período de tempo maior não significa ter vivido melhor que seu ancestral
de 10.000 anos atrás. As pessoas desde o inicio de uma industrialização das características
de vida do homem, acarretaram em formatar minuciosamente o que se deve sentir,
gostar, se afeiçoar, estabelecendo as condições de como devemos viver a partir
da ideia da terminação de qualquer "Ismo" ao qual estamos submetidos. Por mais
que muitos tentem dar uma solução eficaz, aplicável a sistemáticos modos de
vida, todas parecem estar submetidas a uma mecanização sistemática dos afetos
humanos. A obviedade de determinar o ambiente a partir dos afetos é clara,
porém creio que isso seja tão certo que a humanidade durante eras vê com
ceticismo a noção de que tudo foi gerado a partir do sentir de um afeto, e
optou por outros meios para justificar o sentido norteador de sua existência.
A conclusão de tudo isso é a percepção que se tem de que
cada vez mais a um distanciamento e medo de se afeiçoar ao outro, por medo que
estes acabem afetando negativamente os outros aspectos que formam nosso convívio.
É desolador o quadro instaurado nos últimos tempos, já que as pessoas temem e
evitam ao máximo demonstrar o que realmente sentem como se isto fosse uma doença
maligna e incurável, uma espécie de incomodo para a vida. Mostrar-se intenso,
ser carregado de emoção e gostar de amar, seja ele de qualquer espécie,
variação ou concepção para a grande parte das pessoas, é uma asneira ou mera
distração desnecessária. Nesta desventura proporcionada pelos “Ismos”, quando algum deles expõe alguma
teoria para se aplicar como modelo de humanidade melhor, cada vez mais no
afastamos realmente dela.
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