Nunca é fácil passar pelo turbilhão de uma fase extremamente
difícil quando o nosso psicológico está fortemente abalado, turvo e instável
como nitroglicerina. Acabamos ficando presos numa redoma mental que nós mesmos
nos incutimos, externamente e internamente, numa profundidade abismal que acaba
trazendo a tona todas as nossas fragilidades existentes e latentes.
Tornamos-nos prisioneiros de nossa própria mente, carregando as correntes
pesadas dos grilhões ruidosos das idéias, dos temores e de medos pessoais mais
pérfidos, latentes e aterradores, acabando por viver num aparente pesadelo
real, de carne e osso diante de nossos olhos vidrados e que a principio, nos
deixam sem ação perante esta situação. Lidar com uma situação desse feitio é
extremamente complexo e tortuoso, principalmente porque nestas horas acabamos
precisando de ajuda das pessoas que nos rodeiam e que são nosso porto seguro.
Temos que contar com aqueles que nos auxiliem, sejam tolerantes, entendam e
respeitem o momento de fragilidade que está se passando com o individuo. Estar
sem o controle das próprias ideais, aspirações e pensamento talvez seja o
grande problema da humanidade em pleno século XXI, a perda do autocontrole da
vida, virando refém do acaso e da irracionalidade corrosiva de certos pensamentos
fantasiosos, absurdos e surreais. O dilema deste tipo de situação tem de ser
encarado com extrema calma e paciência, pois leva um bom tempo para voltarmos a
normalidade do cotidiano, da volta ao que mais prezamos, as pequenas coisas que
vivemos no dia-a-dia que nos tornam o que somos em essência, que acabam por
delinear nosso caráter e formação como ser humano pensante, atuante e em
constante transformação num sentido de evolução para algo melhor. De fato com o
tempo, e a presença de pessoas que realmente nos ajudam e nos tragam de volta
os bons momentos de felicidade e paz. Estes tipos de pessoas acabam surgindo
também de forma inesperada, nos surpreendendo de uma forma extremamente
positiva e benéfica. Tiram-nos do fundo do abismo que nos encontrávamos, dão um
sentido e força para que possamos superar os momentos de atribulações que
estamos inseridos e neste momento precisamos deste tipo de seres com um
entendimento da nossa situação e que necessitam de ajuda também, estabelecendo
uma relação mutua de solidariedade, atenção, colo, completando a nossa
recuperação da melhor forma possível. Num momento destes podemos até encontrar,
porque não, o que tanto procurávamos o curandeiro para nossas chagas
emocionais, um cicatrizante para nossas cicatrizes psicológicas, que se torne
nosso aconchego e abrigo dos nossos medos e temores aflitivos. Aos poucos, quem
sabe eu não tenha encontrado a minha curandeira, mas isso só o tempo pode dizer
se não estou enganado sobre a cura.
“Eis que no interior do vale das sombras, vislumbro a luz de
sua vela, que me conduz aos campos dos montes claros, me trazendo de volta a
necessidade de viver por algo ou alguém”
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