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Crônicas de George

Poesia

sexta-feira, 21 de março de 2014

Cria da ansiedade

Nada vai no encontro aos termos de coisa alguma. Estar eternamente debruçado sobre uma sensação de dormência constante, ausente de qualquer toque externo passivo de compreender ou aplacar estado de franca incerteza. Como fuga dos próprios lamentos, extraio dentro de mim a essência do que não possuo, antiga memória de sentimento que com o passar dos anos, é origem de todo fruto dos males que afligem tolo espirito, necessitado por reviver na melancolia do passado, os momentos que em outrora eram de abrangente bem-estar, hoje torna-se instrumento da magoa a açoitar mente em desolado caos.

Remorso parece nunca ter fim, graças ao costume de esquecer-se do presente remoendo o passado e assim acabar temendo o futuro.Tentar por ponto final neste ciclo do cotidiano vivenciado sem perceber as nuances atuais,é nisso que reside a busca de ideal que frouxamente tento apegar-me como causa de certeza obscura, numa conclusão ainda turva sobre os desígnios da vontade sem sentido aparente, ainda tomando forma e volume, tentando vir a ser a cura para os tumores nascidos a partir dos velhos dissabores do tempo, ainda persistindo no curso das correntezas do amor e outras inquietações.

Assim vou tecendo meus rumos em meio a pensamentos controversos ao todo como tolo, tentando alguma distração na origem de todas as coisas. As maneiras do agir tendem a se decompor suavemente entre os dedos, satisfazendo o prazer sádico do arquiteto da destruição em ver desespero de meu ser perdendo aos poucos o que mais preza no limbo das lamentações. Sentença ordenada pela culpa e auto-flagelação, é se consumindo no conformismo por definhar no abandono de sonhos e com físico sanidade mental sustentada por mero fio de esperança, pois se um corpo está doente, ele ainda vive.

Sou filho inquieto da ansiedade, travando confronto eterno com os velhos medos e relutando em assumir novos ardores, na lucidez de repetição dos temores, tendo assim a loucura possuindo os aspectos de cotidiano já atribulado em outras percepções. Descreve e se descobre outras manias compulsivas, tomadas por ocasiões de espasmos surpreendentemente dolorosos, percebendo nestes negros amores ainda presentes em relações e nas maneiras, acerca dos atos feitos na tentativa da superação das magoas surgidas pela existência cancerígena do mesmo, controlando corpo absorvido por tal enfermidade.

Me deparo então com mais sessões de inéditas preocupações e lances de furtivos envolvimentos eventuais, incertos no seus propósitos almejados, e assim dando a este aparvalhado demasiado humano, os meios para expandir-se em desvairado querer desconhecido.

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