Tenho a impressão que meu passado se torna, freqüentemente,
os grilhões que me prendem , cerceando minha liberdade, minhas idéias para
poder viver o presente da forma que ele se apresenta. As amarras do passado me
tornam um escravo em uma senzala, sendo apenas uma mão-de-obra sem nenhum
direito perante o passado, que me fustiga incessantemente como um sádico se
divertindo com sua impotente vitima.
De Fato, o passado quando assume esta forma, é o famoso peso
do mundo, a consciência do pecado, a culpabilidade do remorso que se torna um
poltergeist atormentador e funesto, mostrando e deixando mais profundas e
dolorosas as chagas que me corromperam a alma. Geralmente ele vem bater a nossa
porta quando menos esperamos e nos momentos de maior sensibilidade e confusão (seja
elas emocionais, psicológicas ou físicas) cobrando uma divida que na maioria
dos casos já pagamos e não temos mais disposição para tentar sequer encara-las e
corrigir estes erros que cometemos (ou erros que cometeram com a nossa pessoa).
Ai bate a velha questão de como fazer para reparar algo que já passou, pois
afinal, viagens no tempo ainda não foram disponibilizadas na nossa dimensão
física, ai o que nos sobra das migalhas das batalhas perdidas do passado que
tenhamos possibilidade para resolver¿ uma pergunta com diversas formas de
resposta, mas que talvez leve a apenas um caminho, ou melhor, uma palavra que
ao longo da existência humana sempre se fez presente e é o que diferencia em
muitos aspectos, a grandeza de caráter do homem enquanto ser social, pensante,
racional, emotivo e animal: o perdão.
O perdão é uma das ações mais dignas que podemos ter em
relação ao que foi feito, dito, escrito, transversado e atuado em determinada
situação. O Simples ato de ser piedoso é uma atitude completamente diferente da
casual e deprimente lei do talião, olho por olho dente por dente, o velho
maniqueísmo do pau que bate em Chico da em Francisco, em suma, este ode
saudosismo a animalesca irracionalidade humana que sempre está presente ( o
homem como lobo do homem). A atitude de perdoar o outro é algo complicado de se
tomar, mas é um dos sentimentos mais libertadores que podemos ter, pois
conseguimos finalmente passar um solvente sobre o que aconteceu e passar por
cima disso de uma forma extremamente sincera e oportuna.
Mas perdoar a si mesmo é muito mais difícil. Ter noção do
seu erro e se perdoar por ter cometido é uma das ações que mais se leva tempo a
tomarmos. Conseguir se perdoar é romper os grilhões que nos prendem ao passado
de uma vez por todas e conseguirmos estarmos prontos em cientes que uma etapa
finalmente foi vencida e que agora deve-se preparar para os acontecimentos e
eventos,vivenciá-los como realmente ele é, o que é importante no momento, o
presente.
“De todas as coisas que me
arrependo, uma delas é não ter lhe detalhado como tua simples presença me tirou
dos arcabouços da penúria da solidão”
MUITO BOM GUI!!!!!!!!
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