O que me cerca parece um eterno
quadrado hermeticamente fechado em si, e dentro deste ocorre uma rotina
cansativa das mesmices de alfinetantes desconfortos. Ficar inserido na alienação
do espaço reservado e acabar por ausentar-se de tudo que rodeia o incerto elemento
do meu eu difuso pelos quatro tempos das estações. Nas horas de raciocínio confuso
e perturbador, meus desencontros comigo são praxe dos viveres, traço sintomático
de pratica obscena num emocional impacientemente tolerável.
Verão é abrasivo, com contornos
de um forno sufocando as vontades na queima em fogo alto dos desejos que
derretem aos olhos vistos como miragem para o louco no deserto. Sufocando no
calor de sentimentos resistentes aos calores da estação, nada nesta época
parece ter força para apagar o incêndio amargurado, que se expande pelos poros
mentais e físicos de ser consumido pelo ardor das intermitências nos levantes
de um passado abafado nas altas temperaturas do remorso.
Outono vem com o amargo frescor
dos ventos cardeais, dando a direção ao nada insólito e taciturno. No cair das
folhas o que acaba prostrado ao chão são meus quereres, sem as forças
necessárias para a redenção de dar-se o próprio perdão. Assim sendo o outono se
torna antessala do veredicto final do julgamento impiedoso de si por si mesmo,
no lento escurecer que vai delineando cada vez mais cedo nas batidas dos
ponteiros do relógio da alma. Vou fazendo inúmeros papéis na mesma cena jurídica:
réu, promotor e juiz da própria sentença.
O Inverno chega com a força da
tempestade gelada, o frio impessoal do formalismo ausente de quaisquer sentir
por si mesmo ou ao outrem. Já condenado ao desolamento, às ideias neste período
são turvas e incertas, permeadas pelos temores das experiências antigas
marcadas a ferro e fogo como registro da culpa de crime proscrito. A reclusão
do inverno tem ao menos o fator de isolar-se para a criação, no uso do medo
como catarse criativa visando uma cura a essa enfermidade crônica chamada amor
indiferente.
Por fim eis que chegam à redenção
da primavera e seu suposto florescer de novas concepções, vontades e ideias
seguras sobre o todo. É o processo de reformulação das próprias concepções da
eterna característica de profunda, enorme e ansiosa cabeça acerca das
indefinições caídas por terra ao elaborar outras rotas de colisão para os
nervos de emocional atribulado. Sendo estação da boa safra madura, é o cuidado na
colheita para não extrair-me novamente no quadrado transformado em hectare,
raiz e frutos já corroídos pelos agrotóxicos usados como veneno tratado como
adubo de outras e inéditas sentimentalidades.
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