George como sempre não entende muito bem as circunstancias de muitas atitudes de seus semelhantes, que acabam virando noticia e destaque de boa parte da mídia. Embora compreenda a ânsia dos veículos de comunicação em verter sangue pelas palavras dos textos das matérias publicadas, pois era desta forma que conseguem boa parte de sua audiência e dinheiro dos contratos publicitários, afinal, a foto de uma grande tragédia nas paginas de um jornal sempre tem ao seu lado a propaganda contando as vantagens que o consumidor terá ao adquirir um novo modelo de automóvel do ano.
- Como me entristeço com esta morbidez do grande público. Aparentemente a massa tem uma necessidade visceral e sádica de ter conhecimento e visualizar acontecimentos nefastos e horríveis. O ditado "corre mais rápido que noticia ruim" é tremendamente certo, todos param seus afazeres para saber como é a melhor forma de amordaçar um menor infrator em um poste de luz, pois meliante bom é meliante atado pelos pés com um nó cego, já diria o senhor saudoso dos tempos da ditadura.
Mais do que mero sadismo, bem tem conhecimento o infortunado rapaz que alguns por problemas psiquiátricos padecem deste êxtase ao presenciar cada gota de sangue derramada do frágil corpo dos afligidos pela pobreza, pois estes a eles tem essa missão na terra. Já classe media alta na capa de jornal sofrendo é pecado mortal, necessitando passeata pela paz com todos de branco, cena de novela emocionante da morte em pleno Leblon e abaixo-assinado pedindo a diminuição da maioridade penal. É esta a faceta que George não compreende deste desregramento estranho do pensamento coletivo:
- A morte de 10 moradores da favela da Maré chacinados pela PM na "pacificação" é acidente ou fatalidade do combate ao crime, agora um viciado em crack assaltando para sustentar seu vicio merece a pena de morte. Duro ter que admitir, Pobre morrendo violentamente é rotina corriqueira das estatísticas que temos que nos conformar, rico baleado é tragédia e infração dos direitos humanos primordiais. Nem mesmo a morte escapa do senso-comum imbecil.
George não se conforma com este caráter nada bom de nossa dimensão do viver. Ainda bem, pois parece existir outros como ele, que contestam este olhar de propensão a violência como espetáculo e diversão do grande publico. Desde os primórdios da humanidade o Pão e circo usa como molho e recheio o sangue daqueles a margem, o prazer de rir do mesmo destino que é o seu, ser transformado em carne moída no moedor do teatro da violência, o inocente útil que nada sabe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário