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Poesia

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Sonhos longínquos

 Situar-se no limbo das vontades do querer, é via de regra nos meus contornos do agir e sobre a essência de coisas minhas. Seria algo ideal meus sonhos serem perspectivas de concreto realizável,  porem tão longínquos o são, que a metamorfose ocorrida não passa de melindrosa utopia, como pensamento de mero capricho mundano. Podado de minimo em minimo não percebo a ausência do que me é tirado, o singelo desejo de viver, e assim acabo transitando na esquina entre a ilusão da esperança terna e a frieza verdadeira do real.

 Do ser confuso que sou, nos domínios imperiais do desespero onde me prostro, pago tributo com meus pensamentos buscadores do contentamento da alma, gero em mim o conformismo com a sobrevivência pelas migalhas jogadas pela mesma mão que me oprime somente para satisfazer-se com as dores do meu existir atual. Comprime meu espirito a soma dos desatinos de meus medos, a enfermidade oculta na verdade dos pesares. Os idealismos são tragados pela correnteza imponente  dos rios profundos da insuficiência ao qual estou acorrentado, sem nenhum desvio para alcançar salvamento nas margens do sossego. 

 Teimosia porque ainda nutro manter visualização para alçar voos nas asas da calma sabedoria, mas o negro condor da ansiedade é ave de rapina predadora do conhecimento sobre si mesmo na minha dimensão obtusa. Amores senti quase na totalidade, mas estes nunca devem ter gerado descansos de meus olhos, pois hoje são memórias sem lembranças, fardo sem peso no momento de desprezo, dor maior que a tortura que aqui me afligem. 

Texto encontrado em uma cela de tortura do DOPS, São Paulo, 1971.

  

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