Vivemos nesta crença
que estamos por nós mesmos e que nada nem ninguém ira estender ou ocasionar a
oportunidade de nos confortar de alguma maneira e aplacar as sensações
incomodas que ocupam nossos pensamentos e ideias constantemente. Apagou-se o
estimulo a relações de troca positivas e de cooperação em nome de um
pressuposto desejo pessoal e interno, ressaltando vernizes de uma vivencia na
área somente das aparências. A ditadura da imagem é que rege praticamente todas
as nossas ações de rotina e interfere diretamente nos objetivos da vida. Não
importa mais a ninguém por principio a forma em como sua pessoa está
estruturada em sua essência, o que se preza e tem-se estabelecido como
prioridade é refletir um retrato de estética bela, mesmo que esta imagem seja
uma ilusão e esconderijo de algo podre e fétido.
Deixou-se a concepção
de ser em essência aquilo que realmente importa para a idealização do ter e de
todo uma sensação de posse ser o ideal humano de felicidade. O abandono de
todas as relações de afeto sincero e de empatia, no reconforto e prazer mutuo
do bem-estar de uma convivência afetiva verdadeira, foi corrompida pela
concepção e modos de jogos emocionais. Com traços evidentes de eterna
falsidade, já que nestes jogos vamos apenas encenando um papel conivente, dos
torpes e mesquinhos objetivos egoístas e fúteis. Seja uma tragédia, aventura,
romance, documentário ou relato bem humorado, estamos apenas fingindo algo que
não somos e na maioria das vezes, detestando o papel encenado nesta peça do
véu das aparências mundanas.
Uma verdade entre
tantas que não queremos (ou não nos deixam) enxergar é modo preconceituoso e
estereotipado que temos nas considerações e visões sobre aqueles que vivem e
prezam pela intensidade de afetos e sensações. Os taxamos como idealistas
ingênuos e ignorantes, alienados da realidade como tolos sonhadores que tem a
mente aérea sem conseguir permanecer com os pés na realidade. Mas esse discurso
adotado esconde um desejo de tornar tudo àquilo que se condena nos intensos
retornarem a acontecer e fazer com que o discurso deles torne-se a norma do
senso comum. Ocultado por um discurso pregado em bases de realismo e
racionalidade do pensamento, é evidente as veias do recalque que salta aos
olhos para aqueles que percebem uma retórica de ódio neste discurso de
condenação à intensidade de sentir.
Talvez não exista um
modo pratico e efetivo de solucionar o problema do esquecimento da importância
da essência das coisas e do ser em nome da ascensão do ideal de ter, possuir e
demonstrar pela aparência. Entretanto se não podemos eliminar o egoísmo das
aparências, podemos sim voltar a dar a atenção mínima ao essencial e a
intensidade do sentir como algo construtivo e unicamente bom, sem a questão do
viés de segundas intenções que a demonstração de uma imagem do ter quer passar
a visão alheia. A necessidade do desprendimento em sempre querer impressionar o
semelhante fingindo ser reflexo de algo totalmente contrário ao seu ser da
forma em que esta estruturada todas suas convicções de pensamentos e emoções, é
a alternativa para se começar a mudar, ao menos, as relações pessoais e
abstrair dela os desconfortos.
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