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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Os novos intocáveis

 Somos filhos de uma geração conformista, sem motivos, objetivos, sentidos, sem nenhum apego a ideias, emoções e cada vez mais distantes de empatia e consideração ao próximo. Os ditames da modernidade são tons de um cotidiano vazio e avesso a noção de bem estar geral e coletivo, fazendo com aqueles que tenham comportamento levando em conta a situação de seu semelhante, um corpo estranho dentro do sistema, sendo visto como espécie de agente externo que em alguma época causara desconforto ao restante, portando-se  de maneira totalmente oposta ao senso comum do individualismo e do cada um por si.

 Está criando-se um novo grupo de intocáveis no mundo: seres vistos como carregadores de uma verdade inconveniente, pois levando em conta a relação estabelecida com seu semelhante, ele acaba gerando a reflexão daqueles com os pensamentos e conduta da ideia dominante do egocentrismo, dando todo um desconforto psicológico a uma massa que precisa agir assim com o intuito de alimentar a maquina do formalismo robótico e burocratizado, onde coisas como amor, amizade, tolerância, igualdade passam a ser verdadeiros crimes capitais.

 A demência se apodera das relações humanas como câncer em metástase no organismo de um doente. Não se pondera mais sobre o sentir daqueles que convivem ao seu lado no ambiente, levando cada um a agir sobre a chantagem do monstro depravado do terror e suas artimanhas de extorsão, lhe dando todo o poder de controle sobre nossas ações. Mascarando respeito com temor, vamos tornando-nos perfeitos produtos do medo, acuados pelo receio de não se encaixar em meio a conduta vigente. Numa contradição cômica, no medo de isolar-se de tudo nos ausentamos de nós mesmos.

 Uma sensação maníaca também pode ser derivada como produto do medo: a tentativa de obter aprovação universal. Meta de certa forma egoísta no fundo, pois é meio de massagear o próprio ego sendo bem quisto por todos e assim conseguindo livre iniciativa para conseguir objetivos individuais. Objetivos estes quase sempre com o fim de buscar alcançar os planos próprios, e maquiavelicamente usar a aprovação geral como licença poética para controlar feito marionete de frágil pano seus iguais.


  O fato é que o exercício de pôr-se no lugar do outro é ação com o risco de extinção evidente, graças a deturpação feita em cima do sucesso individual. Coberto com os louros da vitória no decorrer dos tempos de humanidade em detrimento do bem estar geral, criou uma horda de alienistas hipócritas, preferindo o conforto e tranquilidade da ignorância na ausência de pensar ao invés de sofrer as angustias na idealização dos projetos de alguma mudança no quadro.

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