Somos filhos de uma geração conformista, sem
motivos, objetivos, sentidos, sem nenhum apego a ideias, emoções e cada vez mais
distantes de empatia e consideração ao próximo. Os ditames da modernidade são
tons de um cotidiano vazio e avesso a noção de bem estar geral e coletivo,
fazendo com aqueles que tenham comportamento levando em conta a situação de seu
semelhante, um corpo estranho dentro do sistema, sendo visto como espécie de
agente externo que em alguma época causara desconforto ao restante, portando-se de maneira totalmente oposta
ao senso comum do individualismo e do cada um por si.
Está criando-se um novo grupo de intocáveis no
mundo: seres vistos como carregadores de uma verdade inconveniente, pois levando em conta a relação estabelecida com seu semelhante, ele acaba
gerando a reflexão daqueles com os pensamentos e conduta da ideia dominante do
egocentrismo, dando todo um desconforto psicológico a uma massa que precisa
agir assim com o intuito de alimentar a maquina do formalismo robótico e
burocratizado, onde coisas como amor, amizade, tolerância, igualdade passam a ser verdadeiros crimes capitais.
A demência se apodera das relações humanas como câncer em metástase no organismo de um doente. Não se pondera
mais sobre o sentir daqueles que convivem ao seu lado no ambiente, levando cada
um a agir sobre a chantagem do monstro depravado do terror e suas artimanhas de
extorsão, lhe dando todo o poder de controle sobre nossas ações. Mascarando
respeito com temor, vamos tornando-nos perfeitos produtos do medo, acuados pelo
receio de não se encaixar em meio a conduta vigente. Numa contradição cômica,
no medo de isolar-se de tudo nos ausentamos de nós mesmos.
Uma sensação maníaca também pode ser derivada
como produto do medo: a tentativa de obter aprovação universal. Meta de certa
forma egoísta no fundo, pois é meio de massagear o próprio ego sendo bem quisto
por todos e assim conseguindo livre iniciativa para conseguir objetivos individuais.
Objetivos estes quase sempre com o fim de buscar alcançar os planos próprios, e
maquiavelicamente usar a aprovação geral como licença poética para controlar
feito marionete de frágil pano seus iguais.
O fato é que o exercício de pôr-se no lugar do outro é ação com o risco
de extinção evidente, graças a deturpação feita em cima do sucesso individual. Coberto
com os louros da vitória no decorrer dos tempos de humanidade em detrimento do
bem estar geral, criou uma horda de alienistas hipócritas,
preferindo o conforto e tranquilidade da ignorância na ausência de pensar ao invés de sofrer as angustias na idealização dos projetos de alguma mudança no
quadro.
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