São tantos os caminhos, das mais variadas formas e tamanhos,
cada um com seus obstáculos peculiares. Estou prestes a trilhar um deles, e por
ele arrastar a morosidade de meu insólito corpo, as duras penas num caminhar
discreto e solitário, em que o cansaço e estafa são lugar comum nos vãos da
estrada. Indo sem pressa, me perdendo sempre que acabo interrompendo estas
andanças com pensamentos acerca da aflição mundana, nos rotos meandros vou-me
atrapalhando nas próprias pernas, trançando-as a esmo, pois na aflição mundana,
acabo indo direto a chaga que necrosa minha alma, sua distância, indiferença e
ausência.
Na dimensão do mundo das ideias, platonicamente sou tomado
de assalto pelas saudosas lembranças da sua presença, a mais suave das ilusões
que me seguem, virando um frenesi divino, algo em que posso ter em meu controle
ludicamente, a mais bela miragem, que assombra e corrói lentamente, os fios
quebradiços da alma, nem sempre da mesma forma. Em um tilintar vagaroso, vou
revivendo o que não passou ao largo da via, observando as possibilidades que
caíram por terra, sem ter a oportunidade de criar e moldar as passagens
novamente, sendo preso a velhas manias e persistentes retóricas, afastando-me
das idas e vindas de um trilhar mais firme e preciso.
Por fatos singulares a nós e ao viver sem ter sido concreto,
sou vitima da minha auto reprimenda, escasso demais, intenso em excesso ou
pesaroso por excelência, sou acometido pelos rebentos deixados pelos seus
olhares dentro das profundezas da minha psique, em que a luminosidade do seu
semblante a cada guinada tomada, e assim sendo, as rédeas da minha locomoção
por entre estas veredas viram correntes espinhosas e pesadas, e o controle
sobre é a minha via crucis pessoal, a batalha por algo que jamais ocorreu.
Sem rodeios, o que sinto é um delírio, um ideal inatingível,
a colossal utopia criada por mim mesmo, um oceano puro e claro, mas com
profundidade e correntezas de forças titânicas, que por fim tendem a levar ao
fundo minha caravela do descobrimento, fazendo com que tudo que imaginava sobre
um possível novo mundo termine no fundo deste mar, trancafiando a carga preciosa,
da mais pura especiaria, e a impedindo de fazer a ligação entre o novo e o
velho mundo. O velho mundo não conheceu a essência do amor, o novo foi
devastado em vão por ela e assim sendo, o el dorado dos sentimentos virou
apenas uma lenda.
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