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Poesia

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Caminho Distante



São tantos os caminhos, das mais variadas formas e tamanhos, cada um com seus obstáculos peculiares. Estou prestes a trilhar um deles, e por ele arrastar a morosidade de meu insólito corpo, as duras penas num caminhar discreto e solitário, em que o cansaço e estafa são lugar comum nos vãos da estrada. Indo sem pressa, me perdendo sempre que acabo interrompendo estas andanças com pensamentos acerca da aflição mundana, nos rotos meandros vou-me atrapalhando nas próprias pernas, trançando-as a esmo, pois na aflição mundana, acabo indo direto a chaga que necrosa minha alma, sua distância, indiferença e ausência.

Na dimensão do mundo das ideias, platonicamente sou tomado de assalto pelas saudosas lembranças da sua presença, a mais suave das ilusões que me seguem, virando um frenesi divino, algo em que posso ter em meu controle ludicamente, a mais bela miragem, que assombra e corrói lentamente, os fios quebradiços da alma, nem sempre da mesma forma. Em um tilintar vagaroso, vou revivendo o que não passou ao largo da via, observando as possibilidades que caíram por terra, sem ter a oportunidade de criar e moldar as passagens novamente, sendo preso a velhas manias e persistentes retóricas, afastando-me das idas e vindas de um trilhar mais firme e preciso.

Por fatos singulares a nós e ao viver sem ter sido concreto, sou vitima da minha auto reprimenda, escasso demais, intenso em excesso ou pesaroso por excelência, sou acometido pelos rebentos deixados pelos seus olhares dentro das profundezas da minha psique, em que a luminosidade do seu semblante a cada guinada tomada, e assim sendo, as rédeas da minha locomoção por entre estas veredas viram correntes espinhosas e pesadas, e o controle sobre é a minha via crucis pessoal, a batalha por algo que jamais ocorreu.

Sem rodeios, o que sinto é um delírio, um ideal inatingível, a colossal utopia criada por mim mesmo, um oceano puro e claro, mas com profundidade e correntezas de forças titânicas, que por fim tendem a levar ao fundo minha caravela do descobrimento, fazendo com que tudo que imaginava sobre um possível novo mundo termine no fundo deste mar, trancafiando a carga preciosa, da mais pura especiaria, e a impedindo de fazer a ligação entre o novo e o velho mundo. O velho mundo não conheceu a essência do amor, o novo foi devastado em vão por ela e assim sendo, o el dorado dos sentimentos virou apenas uma lenda.

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