O que se pode discorrer sobre a saudade, o sentimento que
talvez seja o mais melancólico, regido pelas lembranças que acomete os homens.
A saudade nos toma de assalto a partir do momento em que encerramos e damos
desfecho a uma história ou fato em que estávamos inseridos, personagens chave
de determinado desfecho, uma das peças da engrenagem essencial na conjuntura do
enredo. Adentrando nas vias e veias de nossa memória emocional, este sentimento
é fundamental para analisar e extrair lições e valores primordiais para se
levar como experiência no futuro.
Na soma final da conclusão de um ciclo, saudade nada mais é
do que aquilo de melhor presenciamos em determinado período, no qual revivemos
encontros de concepções, aspirações, sonhos, ideias, objetivos, em ações,
sentimentos, em seres que naquele instante, se fundem a nós de tal maneira, que
sua presença é marcada a ferro e fogo em nossas lembranças mais sinceras e
admiráveis.
Embora certas saudades por vezes sejam nocivas e
extremamente bucólicas, até mesmo destas pode-se tirar algum proveito.
Certamente se desprender de velhas paixões e negros amores é uma árdua tarefa
ao qual temos a necessidade de nos empenhar para podermos ter um saudosismo e
memórias saudáveis ao nosso ego. Libertar-nos destas amarras, das chagas de
velhos sentimentos amargos é crucial para qualificar a saudade com um sentimento
de certa forma, prazeroso.
A saudade por assim dizer, das tristezas que nos acometem, a
melhor. Acalenta-nos, anestesia e entorpece de vislumbres de instantes únicos,
aconchegantes, tal como o colo de mãe, nos conforta das dores e dos desgostos
do presente. Não raramente, ela se torna o refugio imediato para os infortúnios
do momento atual, pois o apego em torno da lembrança é um elo emocional
carregado de nostalgia.
Contudo, não se pode apenas viver de lembranças muito menos
ter a saudade como norteadora do seu viver. A linha que separa a saudade de
refugio para se tornar uma fuga, é extremamente tênue. Transformar a saudade em
uma fuga do presente é um maleficio dos mais nefastos que nos auto infligimos,
pois neste processo vamos esquecendo-se de viver, perdendo o controle sobre os
eventos atuais de tal forma, que acabamos por comprometer o futuro. Embora a
história que ocorreu não possa ser reescrita, foi ela que nos moldou e
trouxe-nos até aqui. A saudade é para ser relembrada, e não revivida.
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