A Esperar
Eis
que nada anseio, em latentes contemplações entro em estado anestésico,
nada de prantos, afagos, aconchegos ou qualquer sentimento derivado de
um belo ideal shakespeariano. Apenas espero a hora gloriosa, em que algo
aconteça nestes vãos intermitentes em rasos pensamentos, sobre
acontecimentos do futuro preteritamente imperfeito, dando asas aos
objetos divinizados por ideais um tanto quanto utópicos, praticamente
sonhos aos quais busco desesperadamente serem postos a pratica, trazer a
tona toda uma nova concepção do eu, o todo, o nada, o ser. O algo
além-mais do que jogos de palavras desconexas e frágeis, um tigre de
papel rugindo absurdos aos quais jamais fará ou postar em prática,
evidenciando o quanto humano, demasiadamente humano e inconstante é o
estado ao qual me acomete o vazio denso e do marasmo gerado nele.
Voraz sensação perde-me em lembranças tórridas as quais fazem vir à
tona sensações melancolicamente saudosas, em que a saudade toma todo o
movimento de meu universo, unicamente por assim dizer, prender-me em um
divertida lembrança dos sofrimentos passados, presentes e futuros. Neles
cabe um deleite sadicamente prazeroso, levando a um êxtase permanente
em que vou perdendo as rédeas dos passos um tanto quanto pesados,
rudemente fortes o bastante para gerar desequilíbrios de um sistema nada
funcional. Por assim e sem mais demandas, ele vai nutrindo a si próprio
em loucuras singularmente racionais, nos medos plausíveis do fracasso
eminente.
Ao todo descrevo nas paradoxais contradições de uma
ansiedade naturalmente criativa, por ventura se desenrola as percepções
do que ocorre a volta, em que ciclicamente alguns vícios de viver
evidenciam-se por vezes em manias teimosas feito asno empacado a beira
da via, sendo o atraso dos caminhos aos quais devo tomar. Força-me a
atalhos negros e suspeitos, em que nada está evidenciado ou com algum
motivo aparente, materializasse como uma força motriz das vontades
mundana, a ser o rastro que devo seguir em meio a escuridão, um farol em
meio a tormenta.
Ainda ingenuamente, fico aqui em meio ao
vazio gritante, esperando o que por fim irá trazer-me o conforto da
serenidade inconstante, trazer a paz descrita por fazer-me sair do
sério, na objetividade de uma sutil provocação para chamar a atenção
para os acasos de casos tolos, somente para prender-me em um novo mundo,
ao qual o centro de todas as atividades seja de fato, o encontro das
vontades, uma fusão de ideias, concepções e emoções compartilhadas num
puro ato sincronizado, por forças além-compreendidas pela crédula
humanidade. Enfim, Uma Vida toda a esperar por um sentimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário