Em vias de percepções da real dimensão dos acontecimentos, é
curioso notar o desenrolar que as pequenas atitudes acabam tendo, e suas consequências
ao final dos processos da vida. Certamente não nos damos conta de como os mínimos
detalhes (justamente porque a principio terem intensidade menor) afetam e por
vezes determinam fundamentalmente a veia central de nossas relações. Numa
espécie de efeito borboleta, estes vão tomando forma vital, tornando-se peças únicas
de um quebra-cabeça, que ficaria sem sentido e desfigurando a sua ideia, caso
ela faltasse naquele todo. Por mais despercebido que certa ação tomada tenha
momentaneamente, com o tempo ela vai desencadeando novas perspectivas, outras
situações de peso colossal no modo de como encaramos e enxergamos o que nos
cerca, vias alternativas as quais podemos optas para denotar e alocar ideias,
pensamentos, sensações e acima de tudo, emoções.
De todos os aspectos, as emoções afetam uma gama
praticamente totalitária e tirânica no agir humano. Subconscientemente, elas
apoderam-se de nossa mente e corpo, dão vazão a infinitas divagações sobre
desejos, objetivos e metas traçadas, ensejando e delineando a partir de afetos,
os sentidos. Nada mais opulento que um sentimento pessoal, geralmente é o que
sentimos deriva na forma de ver o mundo, e assim sendo, torna-se o alicerce ao
qual apoiamos nossas concepções e pontos de vista. No auge do domínio dos
afetos sobre o psicológico, viramos escravos da vontade dos amores,
envaidecidos por feridas e chagas do orgulho, nossa visão universal é embaçada
pelos nevoeiros surreais das paixões.
Conciliar uma veia racional quando se está envolto num
turbilhão de ardores é vigorosamente conturbado. Não existe nenhuma formula
para eliminar sentimentos, embora possamos anestesiar e abrandar sua força e
potencia com o tempo, eles acabam querendo ou não, presos na nossa saudosa
memória, vindos à tona quando nos pegamos repetindo nuances do passado. Como
humanos carregados de vontades individuais ou coletivas, as emoções não seguem
um padrão automático, nem mesmo a presunção da modernidade de uma suposta era
digital, foi capaz de robotizar a amizade ou amor. Ainda que a cada dia as
relações sociais pareçam virar algo maquinado, como uma linha de produção
industrial, prevalece um fator essencial da natureza humana desde seus
primórdios: o conceito no apreço de amar e ser amado.
Por mais ingênuo que possa aparentar, é possível notar a
integridade da maioria das virtudes peculiares a seres emotivos na sociedade, que
mesmo exaurindo-nos cada vez mais, clamando por resultados concretos, precisos
e urgentes, ainda conservam-se traços de benevolência e homens que prezam pelo
bem-estar afetivo. Muito se fala, e com certa razão, sobre o distanciamento
entre o natural e o ser humano, que burocratizou a forma de viver, tentando
assegurar ingerências e um controle de qualquer tomada de decisão. Em vão
tenta-se aplicar formulas matemáticas para o modo de vida, planejar e pré-determinar
com a tecnocracia, anseios da humanidade de tantas maneiras, mas por mais que
máquinas tentem substituir aspectos metafísicos, é o fator humanidade a raiz
criadora das coisas.
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