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Poesia

sábado, 8 de junho de 2013

Virtudes Peculiares



Em vias de percepções da real dimensão dos acontecimentos, é curioso notar o desenrolar que as pequenas atitudes acabam tendo, e suas consequências ao final dos processos da vida. Certamente não nos damos conta de como os mínimos detalhes (justamente porque a principio terem intensidade menor) afetam e por vezes determinam fundamentalmente a veia central de nossas relações. Numa espécie de efeito borboleta, estes vão tomando forma vital, tornando-se peças únicas de um quebra-cabeça, que ficaria sem sentido e desfigurando a sua ideia, caso ela faltasse naquele todo. Por mais despercebido que certa ação tomada tenha momentaneamente, com o tempo ela vai desencadeando novas perspectivas, outras situações de peso colossal no modo de como encaramos e enxergamos o que nos cerca, vias alternativas as quais podemos optas para denotar e alocar ideias, pensamentos, sensações e acima de tudo, emoções.

De todos os aspectos, as emoções afetam uma gama praticamente totalitária e tirânica no agir humano. Subconscientemente, elas apoderam-se de nossa mente e corpo, dão vazão a infinitas divagações sobre desejos, objetivos e metas traçadas, ensejando e delineando a partir de afetos, os sentidos. Nada mais opulento que um sentimento pessoal, geralmente é o que sentimos deriva na forma de ver o mundo, e assim sendo, torna-se o alicerce ao qual apoiamos nossas concepções e pontos de vista. No auge do domínio dos afetos sobre o psicológico, viramos escravos da vontade dos amores, envaidecidos por feridas e chagas do orgulho, nossa visão universal é embaçada pelos nevoeiros surreais das paixões.

Conciliar uma veia racional quando se está envolto num turbilhão de ardores é vigorosamente conturbado. Não existe nenhuma formula para eliminar sentimentos, embora possamos anestesiar e abrandar sua força e potencia com o tempo, eles acabam querendo ou não, presos na nossa saudosa memória, vindos à tona quando nos pegamos repetindo nuances do passado. Como humanos carregados de vontades individuais ou coletivas, as emoções não seguem um padrão automático, nem mesmo a presunção da modernidade de uma suposta era digital, foi capaz de robotizar a amizade ou amor. Ainda que a cada dia as relações sociais pareçam virar algo maquinado, como uma linha de produção industrial, prevalece um fator essencial da natureza humana desde seus primórdios: o conceito no apreço de amar e ser amado.

Por mais ingênuo que possa aparentar, é possível notar a integridade da maioria das virtudes peculiares a seres emotivos na sociedade, que mesmo exaurindo-nos cada vez mais, clamando por resultados concretos, precisos e urgentes, ainda conservam-se traços de benevolência e homens que prezam pelo bem-estar afetivo. Muito se fala, e com certa razão, sobre o distanciamento entre o natural e o ser humano, que burocratizou a forma de viver, tentando assegurar ingerências e um controle de qualquer tomada de decisão. Em vão tenta-se aplicar formulas matemáticas para o modo de vida, planejar e pré-determinar com a tecnocracia, anseios da humanidade de tantas maneiras, mas por mais que máquinas tentem substituir aspectos metafísicos, é o fator humanidade a raiz criadora das coisas.

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