A pobre alma vive envolvida pelo medo e angustias que
devoram todas as suas vontades, agindo como se fosse um veneno paralisante. O cansaço
é tal que se prende a previsão de fracassos em qualquer ação que pensa ter e já
a determina tendo um fim trágico no final, se conformando com a sua inércia fúnebre
e a omissão é preferível para evitar maiores desgostos na sua amarga existência,
corrompida por tantas incomodações internas originadas em excessos e arrependimentos
do passado lhe cobrava um alto preço, tendo que pagar tributos aos fantasmas do
remorso e da culpa todos os dias atuais por ocasiões onde mesmo não sabendo as
verdades sobre falhas e pecados cometidos era sua culpa, seguia a via-sacra se
flagelando como Cristo na cruz esperando a absolvição no fim da origem das
coisas.
O preço dos erros ele paga todos os dias, vivendo sem um
sentido que norteie os passos, tropeçando em qualquer buraco que apareça no
caminho que mais parece à bem da verdade um vácuo negro, um vazio incerto sem
futuro aparente que se extingue consumindo aqueles que se desventuram por
tentar percorrer esta via de contradições tão obscuras quanto o negro do véu da
escuridão. O escuro apesar disso tem certo aspecto anestésico, pois nele,
apesar de não sentir algo de bom, a dor também não o acompanha lá e no escuro
não se sente humano, só mantém o formato biológico de um, pois ao final sua essência
como tal lá não existe mais, pois está aprisionado em um nada, este mesmo nada
que já está acostumado a ser, a invisibilidade da escuridão tem certas
vantagens no final das contas, nela pode observar sem ser notado, a
mediocridade dos que são agraciados por doses de alienação diária tornando-os
felizes sem saber a dimensão real de suas prisões.
Ele mesmo se aflige pelos outros de forma tola e
desnecessária, já que nenhum misero semelhante se importa com sua situação melancólica
e confusa, embora seja compreensível, pois é necessário praticamente um estudo
profundo sobre o que lhe ocorre para entender sua posição, que nem mesmo ele
consegue absorver e capaz de dar uma analise correta. Ai está essa contradição
do seu ego corrosivo, o que diabos lhe deixam sem forças para continuar a
rotina, que por mais repetitiva e cansativa seja, para muda-la e revira-la do
avesso é necessário ter vontades de viveres e reagir frente às loucuras
externas e internas das controvérsias dimensionais, convenções humanas nada
concretas adotadas apenas por puro conforto e conformismo com situações
impostas sistematicamente, apenas beneficiando processos repetitivos sem
beneficiar fundamentalmente alguém ou algo, pois o fim é a única certeza
universal.
Favas contadas e descontadas na produção dos amores e dissabores são assim que ele determina seu andar, exorcizando demônios pessoais
todos os dias, nas sincronias desta maldição de intelecto chamada lucidez. Nada
pior para felicidades momentâneas do que ter a noção exata dos infortúnios e
hipocrisias do homem, já que o iluminismo traz consigo o entendimento sobre a
imensidão das falhas e faltas de um ciclo completamente viciado e encerrado em
si mesmo, de aparência doentia, doses catárticas de apatia morosa, alienando
quem vive dentro desta sistemática de consumir energias como um controle remoto
consome as de uma pilha alcalina.
Chega a ser irônico ele chegar a essa conclusão de vida
latente, logo este ser que preza tanto pela sabedoria e experiência empírica dos
aprendizados, agora almeja e tem sonhos com o dia que finalmente poderá se
entregar a ignorância da felicidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário