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Poesia

domingo, 7 de julho de 2013

Acaso Dos Destrambelhados

Um simples acaso o levou a encontrar aquela criatura tão confusa e destrambelhada quanto ele. Por mais que tentasse disfarçar e dissimular o que sentia, quando estava frente à presença dela sofria uma metamorfose considerável, ficava perdido no tempo e espaço sem ter meios para colocar as coisas a luz da realidade, sentimento era tal que nem palavras ou gestos alcançariam a dimensão que queria dar aquilo. Ao final das contas tudo se misturava numa fórmula nada coerente de sentidos e contornos exatos, um sonhador que vive os sonhos de olhos abertos, o corpo presente no espaço, mas a ideia encontra-se numa dimensão própria, cheia dos detalhes intrínsecos e de riso espontâneo.

É diferente sempre com ela ao lado, é o que lhe traz um silencio singularmente pacifico e que lhe apetece o ego, acalma os nervos acolhendo-o no sossego que somente a plenitude de estar ali com ela em seus olhos trás. Quer aquilo para aplacar feridas pontuais, de experiências que mesmo estando naquele passado do pretérito mortalmente imperfeito, por vezes torna-se viva nas lembranças consumindo-o em prantos sobre falhas execráveis em inúmeros graus, forças e vontades. Neste processo de recomposição interna e externa, de fato parece ser ela a via por onde todas estas sombrias memórias irão perder-se ao vento, tornarem-se apenas brisas que somente  e sinta na face, e não em tormentas da alma.

Para tornar esta seu excêntrico amor recém-descoberto em pratica, precisa acima de tudo ter um calmo cuidado extremamente sensitivo. Está diante de uma rara oportunidade, e a ansiedade o toma conta cada vez que tenta achar um meio ou subterfúgio para conseguir finalmente a oportunidade concreta de revelar o conteúdo da sua caixa de Pandora. Seu interior é de tal forma denso, intenso e envolto num emaranhado de duvidas, que teme incomensuravelmente que isso possa assustar e afugentar ela de seu convívio, e novamente ficar isolado em sua capsula, exposto as mutilações da tortura do nada, e privado do sentir.

Sabe também dos cuidados que seu aconchego merece, pois conhece as atribulações que a alma desassossegada dela possui. Também quer diminuir o sofrimento de quem o acolheu e o escuta nas tolas maquinações de sua mente excêntrica, que vagueia perdendo-se em bobagens além do mundo das ideias. Como duas faces da mesma moeda ou o símbolo do Yin-Yang, ele bem sabe o quanto ela é forte em certos momentos e em outros vorazmente frágeis, lhe arrancando suspiros e um sentimento de evolver-lhe num abraço reconfortante, daqueles nascidos para o bem-querer, que nos fortalecem firmemente para suportar os destemperos de um desenrolar cotidiano caótico.


Tudo ficou claro em sua mente nada convencional, nesta hora nada gloriosa já esta sem a disposição de suportar mais uma oportunidade escancarada de voltar do limbo. Precisa ser paciente é verdade, mas não ao custo de ficar numa passividade de não agir no momento, já passou da hora de ao menos tentar acertar por excesso e encerrar os erros por omissão. Mesmo sendo alguém que adora se divertir com ao que muitos consideram respeitoso ou moralmente certo, até ele mesmo vai ter que lidar com seus pudores e reciclar tudo aquilo que preza, guardar por hora a armadura da cretinice para descansar os pensamentos nas malhas da serenidade.

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