Foram anos de relapso convívio com seus semelhantes, uma
truncada relação que mais parecia na verdade uma medição de forças, para
estabelecer quem poderia controlar as vontades das peças do tabuleiro, ou qual
jogador da partida do viver teria posse dos dados para determinar o passo
seguinte, calculado e friamente analisado. Outrora ficaria esboçando rascunhos
de suas ideias e desejos sobre estes cotidianos nauseantes que nos espreitam
por cada rua de nossos andares nada efusivos, já que o exercício de por a
cabeça para fora da caverna necessitava de uma força de vontade descomunal na
maioria das vezes, pois sair ao sabor do vento para continuar vendo mesquinhas
futilidades e toscas personalidades causava-lhe um típico tédio mortalmente
perigoso.
Parece que a vida lá fora para ele nada tinha de sedutora, já
que em suas conclusões de afinada realidade pareciam ser sempre verdadeiras e
retratavam a vida como ela é (embora seja claro sem os olhares é viés perversos
e pervertidos do escritor Nelson Rodrigues, talvez por ele não ter dado as
fuças com sua bonitinha ordinária ou alguma engraçadinha perdida pelas
sarjetas).Nada parecia o comover a dar aquele passo para fora do casulo, não
tinha a mínima motivação u objetivo para levantar-se e sair da zona de conforto
previamente estabelecida de acordo com seus critérios e ideologias sobre a vida
onde sua cabeça era um emaranhado de socialismo, fascismo, capitalismo,
anarquismo, niilismo no universo total das palavras com final ismo se
misturavam numa receita gastronômica volátil, temperando com pitadas irônicas seus densos amores.
Mas como bem se sabe casualidades e tantas outras
frivolidades do destino ou mesmo do acaso, nos inserem em armadilhas humanas
especificamente contraditórias, nos tornando marionetes ou obreiros de algum
arquiteto do tempo e espaço que anda por ai se divertindo nas origens das
coisas com suas criações, se alegrando ao ver o desenrolar do que suas
criaturas fazem com a vida que lhes deu. Eis então que seu criador resolver se
divertir as suas custas, nestas suas andanças dentro da caverna eis que
vislumbra por um instante rápido, mas intenso, a figura lasciva de uma ninfa. Uma
ninfa não destas que povoam o imaginário das lendas clássicas, mas uma destas
modernas, um pouco tímida, mas de ar sonhador, com sua bolsa cheia de
penduricalhos, um Iphone para escutar alguma subjetividade do The Doors e certa
edição de Bolso do desbocado Bukowski.
Enfim a infantilidade gerada pelo amor que acomete todo
macho masculino deste mundo patriarcal havia chegado aos cordéis da cidadela
deste pobre vivente. O gajo de tanto evitar estas relações externas, fora pego
nesta peça do arquiteto maroto que o forçou a finalmente alçar seu corpo para
fora da caverna, fazendo uma engraçada relação com o mito da caverna a qual
dizem as más línguas, Platão havia tecido e abordado em suas filosofias (más línguas,
pois se bem sabe que historiadores e pensadores são meros fofoqueiros do
passado). Pobre alma agora estava condenada a ser seduzido pela ninfa
empedernida, um escravo das ideias e desejos da bela louca, se pessoas eram para
ele completamente estranhas, imagine este infeliz apaixonado desde já por uma
fã esquizofrênica de Lana Del Rey.
Pensando cá com meus botões de diversos tamanhos e gostos, a
bem da verdade o gajo pode até se dar bem na situação ao qual esta se
submetendo. Oras, porque não tentar moldar e convencer sua ninfa de melhorar a
cabeça um pouco atribulada, encher de coisas um tanto quanto proveitosas. Menos
Lana e mais Elis porque não? esta ai uma boa causa para nosso intrépido homem
da caverna sair em busca, subverter os desígnios ao qual o jogo lhe tem dado,
seguir ordens e regras de terceiros nunca foi algo que o comovesse, já que é
sempre malignamente prazeroso pregar peças do que ser o pregado.
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