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Poesia

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Loucura Que Liberta




Nada parece ser por acaso, embora seja claro aquele louco ao quais todos julgavam, já foi alguém lúcido por demais e a bem da verdade foi essa lucidez que lhe causou a esquizofrenia. Era por saber e enxergar a realidade como ela realmente é de fato, a causa de todas suas angustias e desgostos, pois percebia todos os mínimos detalhes da frieza e indiferença com tudo o que fazia parte do seu mundo. Não aceitava essa situação, achava isso de um mortal desvio do bicho homem, e sendo um destes bichos, buscava modificar esta tacanha e estreita visão de mundo que seus iguais tinham sobre o ambiente que os cercavam.

O que o tornou um doido varrido foi por fim, a sua tentativa de buscar algum refugio das dores de parto da vida.  Sonhava constantemente com um abrigo para aliviar-se das enfermidades de seu sistema mundo, anestesiar com algo consistente sua rotina repetitiva e enjoativa de tantas ninharias e infortúnios que o acometia diariamente, doses diárias de incomodas verdades sobre si e seu circulo do viver. Chegou numa conclusão extremamente cruel para quem enxergava e tinha consciência da realidade, o privaram da forma de aliviar-se das chagas que o acometiam, retiraram do pobre moribundo o maior dos confortos do realismo bárbaro: não tinha a capacidade de ser amado por seus iguais.

Este remédio para as enfermidades lhe foi negado de cabo a cabo, com toques sutis de divertimento alheio com seu sofrimento. Nunca passou sequer perto de alcançar o topo da muralha que o separava dos afetos e vez ou outra alguém do lado oposto jogava alguma migalha apenas para torturá-lo com uma ínfima partícula de algo que jamais conseguiria realmente ter em mãos. Sentimentos recíprocos nunca surgidos lhe foram negado sempre, conhecer esta faceta prazerosa da vida era uma dádiva de seres que perto dele por terem este conforto sagrado, tornavam-se deuses, ou na maioria dos casos, demônios da tortura.

Foi definhando com toda esta indiferença ao qual estava submetido, oprimiram com uma repressão ditatorial qualquer necessidade de sentir que tinha, estando preso num palco onde era a diversão de uma plateia, num jogo dos afetos falsos, não os dele é verdade, mas seu emocional era o jogo mais apreciado pelos espectadores de sua desgraça. Virou nas mãos destes um escravo das vontades, uma fusão estritamente cômica e excêntrica de um palhaço com um macaco amestrado, gerador de risadas através de trapalhadas onde delas surgiam hematomas por bordoadas, risos típicos do humor negro dos sádicos.

Sua única saída foi ao fim a loucura. O que lhe restou foi ter que inserir a mente em uma dimensão paralela, tornando-se refugiado num mundo alternativo onde conseguiu escapar da realidade que estava submetido. Foi na loucura que conseguiu se libertar deste cárcere que tinha suas amarras bem apertadas sobre seu peito, lhe tirando quase todo o oxigênio, deixando aquele pouco resto apenas para mantê-lo com um fio de vida. Mas ali ele estava, com sua irmã de todas as horas, sua fraterna amiga que o dava alivio nos momentos mais negros, nada mais o deixava tranquilo que estar Louco.

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