Nestes traços simplórios e
peculiares de si mesmo ao qual percebe suas cambaleantes falhas, nota com
curiosidade até de certa forma cômica e jocosa, como inocentemente repete
certas manias e vícios no agir consigo e com os outros. São ações e atos que
comete até de maneira inconsciente, pequenos gestos compulsivos marcando e
ocupando território nas suas características de humano, com toda a carga e
traços corriqueiros dos ditos sendo desta espécie bípede e supostamente
pensante e racional (embora boa parte de seus semelhantes insistam em agir como quadrúpedes, especialmente aqueles chamados asnos ou burricos). Por ter a consciência
de sua singular ranzinzisse, por mais que evite viver as turras com sua própria personalidade,
não há como conter na maioria das vexes em que teimosamente persistem, os cíclicos
erros de sua vertente excessiva e intensamente emocional.
Consegue com clareza distinguir
as situações que se envolve e a maneira que estas o afetam de modo voraz e
acachapante. Demasiadamente curioso, se debruça sobre os acontecimentos e seus
resultados por assim dizer, bucólicos e desastradamente avessos ao seu querer e
vontade, sendo o aprendizado das melancólicas vivencias algo para se levar como
boa ou somatória eficaz para conhecer a si mesmo. Entretanto, uma das grandes
noções do saber é valida para suas emoções individuais: quanto mais se busca
conhecer algo a fundo, menos sabemos realmente como tal é em sua forma real. Um
paradoxo a tal ponto que homens em vão tentaram transformar a metafísica do
amar em uma ciência aplicada e implacável.
Apesar dos fatos de belos
acontecimentos ao acaso, seu foco é na compreensão do seu amor a ela, e não no
entendimento do sentimento, ou do porque e da coisa em si, amar não é ciência exata,
deriva dela por si só, é a arte na sua forma mais pura, acontece por ter que acontecer
e como fênix nasce das próprias cinzas e
fim. Até pode-se citar algumas causas do amor ardoroso, mas vai além de ideias
em comum, gostos similares ou o idêntico semblante sonhador de ambos, mas nem
mesmo o velho poeta ou o consagrado pintor conseguiriam expressar por suas
obras o estado de espírito ao qual se submete na presença petulante da proprietária
dos sopros do coração.
Parece brincadeira dos deuses
antigos jogar novamente os dados com as emoções calejadas e maltratadas pela
sorte ao estar, fazer e conceber ideais e vontades nas horas incertas e
indevidas. Ainda que suas revelações são consideradas como aprazíveis e adoráveis,
estas palavras são a ele indecifráveis e sem um sentido certo, um principio do
nada que pode desaguar em lugar algum. Em suma, não faz sentido jogar se de
novo a estar sendo marionete em mais uma teatral tragédia a qual os
espectadores tiram boas gargalhadas ao custo da desgraça de nosso herói.
Como de costume e praxe nas
tradicionais histórias de amores imperfeitos e outros contos, quem vive nelas,
delas e por elas acaba adentrando em um meio eternamente instável e incerto,
tipicamente excêntrico a qualquer concepção ou explanação. Não se explica o
sentir, ele foi forjado sabe-se lá porque, para ser vivido tal como é: em
termos de desordenada revolta constante, mudanças estruturais sem um sentido norteado definido, embora o pano de fundo será ad eternum infinitus, tendendo aos mares sem fim.
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