Vendo, ouvindo e lendo a repercussão sobre o Oscar de melhor
atriz, muitos não concordaram com a premiação da atriz Jennifer Lawrence, que
ficou com a estatueta dourada, pois acharam injusto a atriz ter sido
condecorada com a honraria máxima do cinema, já que ela teve a sinceridade de
declarar não ter entendido bem o papel que a levou ao premio. Jennifer não deve
ter entendido porque ganhou o Oscar, e quem a criticou menos ainda.
A personagem vivida pela atriz é de tal complexidade psicológica
que ouso dizer que pouquíssimas atrizes veteranas e consagradas conseguiriam
incorpora-la em sua essência. O premio foi merecido, pois acima de tudo, a jovem
(junto com seu par romântico no filme, Bradley Cooper) fez vir à luz o drama
vivido por pessoas com transtornos de ansiedade, que acabaram gerando surtos
psico-neurológicos. Ambos retrataram com exatidão os problemas e dificuldades
de pessoas recém-saídas de surtos deste tipo ao voltarem para a vida normal. A
dimensão do quanto é difícil para pessoas acometidas por essa enfermidade para se
readequar a rotina é evidenciada no filme pela atuação dos atores. Terapias, o uso
de remédios controlados, medo e duvida sobre o dia a dia, além é claro da
vergonha e preconceito que a maioria das pessoas tem sobre este tipo de doença,
deixam quem surtou em tal estado de fragilidade emocional e psicológica, que a volta
ao convívio social tonra-se uma tarefa mais árdua ainda.
Conseguir superar a chacota, a falta de informação e o
preconceito dos outros e de si mesmo. Passar por cima de tudo isso só é possível
como foi retratado no filme, com compreensão, paciência, dedicação, tolerância,
afeto, bem como estreitar ainda mais os laços familiares e de amizade com quem
nos cerca, crucial para uma volta da vida aos eixos. A sensação de solidão que
acomete alguém que acaba de passar por um surto destes é muito forte. Ele se
sente acuado, desprovido de afeto, atenção, como se estivesse aprisionado numa
redoma vazia, indiferente, acorrentado no preconceito alheio e com vergonha de
sua situação. A atuação de Jennifer deixa clara o quanto pessoas com
transtornos deste tipo precisam de alguém que consiga compreender suas
aflições, angustias e temores.
Acometidos pelo surto acabam se sentindo inválidos, pois
temem acima de tudo, que acabem se afastando dele por vergonha e o acabem
rejeitando, tratando-o como um “louco varrido”, um “demente” e evitem criar
qualquer vinculo emocional com ele. A atuação brilhante que a triz teve pode
ter trago a tona e forçar a sociedade como um todo a ver com outros olhos este
tipo de doença, não trata-la como “frescura” ou indiferença. Deve-se ter mais
cuidado e olhar com outra profundidade sobre o porquê a atriz ganhou o Oscar, e
olhar além apenas da atuação como artista em si, mas a mudança que ela possa
ter sobre como devemos tratar as pessoas que sofrem deste mal.
Quem julga pessoas com esse problema de loucos, sempre me
lembro de Platão, que dizia que os loucos são julgados como tal, porque na
verdade tem sensibilidade maior para enxergar além do mundo físico.
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