Conservo a velha sensação com a
proximidade de datas comemorativa como o natal e o aniversário (que no meu caso
são bem próximas) certa melancolia e sentimento de culpa. O motivo vai de
encontro a nestes períodos em que fico absorto em pensamentos retrospectivos
sobre o que realmente fiz de essencial ou bom. Passando a limpo todo o tempo de
vida gasto nos planos ou acontecimentos dos quais me causam pontadas
dilacerantes de amargura, trazendo a memória os fracassos e as antigas causas
perdidas de outrora, a fenda do abismo novamente me carrega para o limbo do
remorso.
A velha mania de rotular o
próprio tempo de vida como insuficiente e sem nenhuma relevância factual vira
uma constante por esta época. No pensar demasiado sobre o que fiz e sobre os
resultados de horas absorvidas em determinados projetos mundanos e sem sentido
ou no ócio preguiçoso de uma falsa ideia de intelecto sendo expandido. O
desanimo e a aflição vira regra ao ter uma concepção que o que fiz até agora
nada servirá para algo, não foi algo marcante ou com força o suficiente de
deixar um legado e ter significado não apenas para mim, mas para algo ou
alguém. Não é questão de vaidade ou egocentrismo, mas sim de ao final do olhar
reflexivo sobre meu caminho perceber que ele foi valido de alguma forma.
De todas as reflexões sobre meu
modo de levar a vida e seus ciclos, talvez o lado emocional e psicológico sejam
as constantes que fazem todos os velhos terrores voltarem do fundo da memória a
se tornarem peças da apatia atual. Tentando conjecturar os passos em falso nas
ocasiões perdidas, abro em nova ocasião ferida antiga sem sucesso praticando
uma espécie de auto-tortura, onde sou o juiz, acusador, carrasco e réu da própria sentença. Sendo meu nível de cobrança e exigência demasiado
comigo mesmo, acabo tendo a impressão de estar condenado em processos
repetitivos de falhas dentro da minha própria história, sou um tirano do eu
profundo.
Os excessos de pensamentos
transformam-se em completa ausência de vontade nestes momentos aonde a
instabilidade do meu sistema vai ao encontro do pesar de insuficiência, isolado
dentro do vácuo dos sentidos. Tão confuso quanto um ser com amnésia, ai vou
rabiscando novamente o esboço de um novo conto, para nele tentar a noção de um
ideal a aspirar nestes idos de mais um ano a se passar em que vai se desenhando
conexões de um impressionismo cinza destas manias de amores incertos aos quais
me entrego.
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