Aqui pelos ambientes onde arrastamos corpo e
alma por vezes falta de um tudo, indo das futilidades sem sentido até a luz do
sol que desaparece durante tempos inglórios. Se segue a vida ignorando estes
acontecimentos, sabem-se lá como uns poucos tiram vantagem disto e conseguem
graças aos artifícios de uma boa retórica. Combinando esta com o desespero
existencial de indivíduos sem causa desmotivados dentro de suas celas de cárcere
do medo, conseguem pelo subterfúgio de iludir em seus discursos o controle
sobre uma massa melancólica e apática.
Qualquer resistência aparente sobre isto
parece estar pulverizada, não se tem mais o antigo sentimento de revolta humana contra situações que causam malefícios ao todo. Entregues ao abandono
de si mesmo ao desespero do realismo incerto graças ao medo e sentimento
de culpa, se taxa os intensos do sentir como maníacos insanos que por
carregarem consigo as vontades da mudança são os agentes de transformação mais
perigosos para os senhores da retórica de palavras ao vento. Os intensos sabem
que na caixa de pandora que vivemos apesar das feras do desespero e do rancor
aparecerem mais ao publico, a esperança caminha por ai, pois ela foi libertada no fundo da caixa após todas as aflições saírem com suas artimanhas.
Os sentimentalistas então são perigosos ao
poder estabelecido, na sua percepção sobre o controle e vantagem de pouquíssimos
sobre os semelhantes transformados em corpos destituídos de vontade própria. Alienados
entregues ao moldamento dos desejos e atos como máquinas programadas a agir
pré-determinadamente em processos visando suprimir qualquer reação e sentimento
contrário, somos ensinados pela produção do medo a não exigir ou se tentar
transformar a situação, graças ao condicionamento de associar a mudança ao
pecado capital e ao delírio da loucura, criminalizou-se o sentimento da revolta
incutindo nas ideias e pensamentos o temor pela punição e castigo ao agir
contra as algemas do controle da vontade.
Impera-se nestes termos o conformismo geral da
situação, entregues a sensação do desanimo e do contentamento de sobreviver com
pobres migalhas oferecidas de restos do banquete pelas mãos e fala dos ventríloquos
que coordenam a situação de acordo com seus obscuros interesses. Já não existe
mais aquela tradicional certeza sobre ideias certas do vermelho e o azul,
tudo entrou em uma fusão de interesses entre ambos por atrás das ribaltas
do teatro da vida, o que prevalece hoje é um pano de fundo cinza estabelecendo
o predomínio dos interesses egocêntricos e narcisistas. Não existe mais alguma
disputa ou verdade, o cotidiano disto é uma farsa teatral onde todos se pintam
de cores mais prazerosas escondendo a palidez acinzentada de cadáveres.
Vivemos na era do contentamento e conformismo
material, educados na crença que questão da posse do ter sensação primordial
para se resolver qualquer incomodo ou problema que afeta corpo e mente humana.
Repetindo constantemente falsas certezas, tudo foi estruturado para garantir a
perpetuação e manutenção das ferramentas do controle, minando de forma
silenciosa e cruel a oposição aos desmandos. Tudo isso baseado em sua maior
parte na ideia implantada a força nas mentes: desacreditar e taxar de loucos
delirantes aqueles que resistem, forçar os outros a crer que evoluir não passa
de devaneios de seres malucos e doentios.
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