Incertezas consomem agora
o que relato entre as vias do viver, sem rota ou destino definido, sentido perdido
nos pensamentos. A confusão vira rotina no cotidiano em meio a compromissos
alheios aos quais acabo tendo obrigação por cumprir, nos excessos de outros
acabo me ausentando de mim mesmo, gerando mais um filho desgarrado do eu
profundo. O absoluto não é existência continua e eterna, o infinito por fim é
mais uma variável ou probabilidade do que fato concreto, nisso tudo que digo e
desconstruo, parece que acabo falando mais do sinto sobre você do
que descrever minhas ideias de essência.
O que passa agora comigo é
sentimento indefinido é sem prognóstico em curto prazo, forma densa, porém de
material desconhecido necessitando de molde com cuidado e zelo. Sensação
imperativa me toma de assalto, tenho agora uma emoção com tamanho e peso
sentido com magnitude, mas não consigo buscar seu interior e deixar exposto a
mim e ao resto o que é. Eu que não sou de meios termos nestas coisas de essência
do sentir, me torturo na ansiedade de aguardar um desfecho sobre o que sinto,
vou sendo a contradição dos próprios ideais e ponto de vista, me restando
apenas sentar no muro e aguardar se ele resiste a suas marretadas ou quebra
pela força de sua vontade e desejo.
O tempo parece ser consumido por
tédios oscilantes e irritações constantes ao abrir os olhos no acordar, pois o
despertar separa meus devaneios contigo aos quais me perco na diversão da
origem das coisas. Meu lado irônico e áspero virou parte dos afazeres de um
verão de incomodo calor e suada monotonia, sem ter com quem compartilhar minhas
tragédias cômicas nos dias de procrastinação, desconto a melancolia da sua
falta na morbidez do meu humor negro e imbecil. E por isso acabo entrando num ciclo vicioso da
personalidade, na sua distancia não tenho modos de ser o que sou ao fim dos
atos.
Como mera formalidade tudo acaba se tornando processo burocrático no agir, saudosismo repleto de arrependimento ao tardar as vontades intensas e não ter neste instante um modo de volta as origens do tempo para aproveitar o que aparentemente temi viver e arrependo-me do estado de imobilidade antes da partida. Mania adquirida de omitir o querer, de raiz calejada nas mazelas antigas de frustrações e dores de parto das paixões abortadas, nestes casos dos meus acasos tornei-me produto do meu medo. Marcas adquiridas pelos temores de outrora ainda me custam um preço alto, por mais força que faço, a momentos que a paralisia trava meus passos e me joga ao chão.
Gostaria de prometer as mais sinceras juras sobre nós e o resto dos dias que por fim virão, mas como navegantes marítimos do século XV, nossa viagem não tem rumo definido nem objetivo certo.
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