“Perdurava a asfixia, por mais que tentasse desvencilhar-se,
a velha sensação o perseguia, marcava os passos por onde cambaleava, travando
qualquer modo ou meio pelos quais agia. Seus parcos passos faziam uma rota de
senso comum, acabando por vagar errantemente em círculos, deveras viciosos,
numa espécie de trama obscura alienada de qualquer pensamento reconfortante,
levando-o a uma carreira inabalada imerso em seu caos particular aos leves traços
de cruel insanidade.
Então a vontade voraz de vaguear sem nenhum caminho
determinado ou traçado em planos conjecturados por uma ansiedade dos momentos,
de passados do pretérito ad eternum imperfeitos e intransigentes, foi o
conduzindo a aparentes convulsões de seu cerne central. Ficava se perguntando a
por que cargas d’agua era acometido de opulenta sensação, ia verificando até
certos traços de lucidez nesse indecoroso processo de autodestruição ao qual se
submetia pela própria incapacidade de buscar a solução final pessoal.
Rebuscava pelos cantos planos e metas para fugir da inércia
do caos em que se tinha acorrentado, nos moldes fabricados por obra de seu próprio
trabalho inconclusivo e disforme. Em certos momentos ocultava sua parcela de
culpa e incutia em fatores (ou agentes) externos a causa de suas enfermidades
calamitosas. Fazia um julgamento das ações alheias contraditoriamente, afinal,
no caso explanado era o cumplice mais do que envolvido na situação, provável que
fosse o mandante deste crime sórdido, e olhando por este viés friamente
racional, teria sido então enquadrado nas leis humanas por ato indecoroso
contra a própria vida.
Foi enfim tornando-se evidente a raiz deste estrangulamento
da sua vitalidade: era a ausência do que tinham cravado em si. Após tomar posse
do seu ser incompleto completamente, ela subitamente levantou-se e foi buscar
outras verdes campinas para rapinagens furtivas, deixando atrás de si e dentro
dele um rastro do saque e do assalto aos cofres mais ocultos, em certa medida
as muralhas do velho castelo outrora imponente, foram devastadas pelas hordas
do barbarismo indiferente, ardendo nas torres de efervescente desolação.
E pelas ruinas da muralha assentou seus novos velhos domínios.
Com certeza não fazia ideia de como iria reconstruir-se novamente ou com que
meios usufruiria ou em quem poderia encarregar-se de requisitar auxilio. Deu-se
conta ao final das maiores ninharias ou meros detalhes, em que todos os equívocos
aos quais provocou e tinha sido provocado, Nada mais eram que uma espécie de
sua própria via crucies na busca por uma semi-utopia, pois no fundo de suas
crenças, mantinha uma fé cega por certas lendas modernas, como a fraternidade
sincera e o amor.”
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