Ultimamente venho tendo os pensamentos consumidos pelos mais
variados questionamentos, sejam eles rasos ou profundamente densos. Um em
especial tem de certa forma, ocupado fortemente meu tempo maquinando esboços e
teorias sobre o mesmo: a contradição demasiadamente humana sobre o conflituoso
embate sobre a nossa conduta entre discurso x ação, a eterna busca em conciliar
da melhor forma possível ambos sem que sejamos hipócritas ou juízes sem nenhum juízo
moral, permitindo-me abusar da retórica redundante.
É extremamente fácil e belo ter um discurso completamente
ideal, praticamente um sonho idílico construído nos alicerces do mais seguro e
belo mármore grego, estando este discurso alinhado perfeitamente com a ética e
nossos direitos universais de liberdade, igualdade e fraternidade, tão
recorrentes em nosso tempo aos qual a sociedade moderna assentou toda sua teia
social e difundiu em normas de lei. A plena liberdade do individuo é citada
amplamente e defendida a plenos pulmões, mas enquanto no campo da teoria o
avanço foi e é pujante, progressista e visceral, quando chega aos momentos de
trazer as questões para a realidade e aplica-los agindo de uma forma na qual
possa ser levada adiante, torna-se evidente como acaba empacando este agir.
Com um discurso claro, preciso e direto, vamo-nos armando com
a mais bela das retóricas que a principio criamos num forte senso critico para
avaliar o todo. É muito bom e necessário termos um senso critico embasado e
alinhado com nossa filosofia e pensamento, entretanto geralmente acabamos por
nos enveredar pelo mundo da hipocrisia regulatória. A velha ideia presente na
frase “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” toma força e reacende as
maiores contradições latentes dentro de cada cérebro humano, perdendo-se a
noção do maleficio que causamos ao ambiente ao qual estamos inseridos e com
isso o clássico efeito borboleta torna-se uma cruel verdade.
Resta então buscar-se amenizar estas mazelas da contradição,
fazer exercícios e reflexões sobre nossos atos e o quanto os mesmos estão
desconfigurados com nosso modo de pensar e enxergar a vida. Obviamente isto é
um processo complicado, pois nos força a aprendizados diários e esforços sobre
nosso individualismo que está incrustado subconscientemente no pensamento
humano, presente em nossa educação, concepção de mundo e vontades, ou seja, ter
um domínio de si mesmo e dos impulsos mesquinhos leva tempo, uma evolução que
apesar de seu custo, é essencial para assentar uma mudança definitiva.
Encarar e botar em pratica nosso discurso e imergir ele na
realidade é uma tarefa árdua para qualquer ser com uma mínima lucidez e
racionalidade, evitando assim definhar-se em frustrações consigo mesmo. Por
isso me lembro de um pensamento ao qual me expuseram, estamos divididos em 3
divisões de preconceituosos: o que é preconceituoso e não tem consciência disso,
o que é preconceituoso e tem noção mas não tenta mudar pois isso lhe convém de
algum modo, e o que sabe dos seus próprios preconceitos e luta contra eles,
policiando-se e evitando ao máximo reproduzir isso na pratica da realidade.
De fato, o maior monstro que devemos lutar e derrotar
carregamos conosco, enraizado dentro de nosso ser, e a capacidade de vencê-lo é
uma tarefa pessoal ao qual é vital para elevar-se a um estágio de vida mais
digno.
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