“Necessito dos teus incômodos e
das tuas lamentações sobre que ando, faço digo e dito sobre nós e o resto das
coisas. Pequenos encaixes entre nossas ordens de sintonia intensa, mas
disforme, vamos desencontrando as peças erradas para no fim enxergar os
encaixes perfeitos de nosso quebra-cabeça destes efeitos impressionistas um
tanto quanto abstratos e até de formato surrealista. Mero dizer aqui em prosa
faz, pois o momento assim exige e me da como a única opção de expor as benditas
aflições que guardo ao remeter meus pensamentos e vontades sobre a sua
concepção.
Quando me deparo em como nossos embates sobre
amor e outras distrações derivam ao mesmo resultado de feitio denso e de
avassaladora corrente, definem sentimentos indescritíveis em qualquer linguagem
utilizada para comunicação. Sou colérico, sarcástico, enfático, rude e por
vezes malicioso com seus atos e passos geralmente por mera satisfação em te espezinhar,
pois é lhe causando a saída da zona de conforto quando nelas te recolhes numa
espécie de carapaça reclusa que por vezes não lhe alcanço dentro dela. É te
tirando do sério que assim lhe tenho nos braços a fim de nos descobrir como ser
uno e indivisível na origem das coisas.
É o teu silencio que me passa a ânsia
de ter cometido pecado capital acerca das nossas relações de ardor ferrenho. A
indiferença é o golpe matreiro que me prostra ao chão perante a duvida que esta
acarreta no espírito combativo que tento manter com chama ardente e viva sobre
a escuridão das noites taciturnas da sua súbita quietude. Na minha aspereza
oculto a sensibilidade da situação que estarei eternamente posicionado, de
sonhador e suas utopias sobre o que viver como criança perdendo-se em risos ao
deparar-se com uma nova brincadeira descoberta a sua maneira.
Faço das minhas tolices apenas para
causar-lhe desconforto, pois nela revelas o quanto podes sentir as intensas
vontades sobre o meu ser que insiste na teimosia de imbecilidades, apenas a ter
certeza de poder amar-te de forma plena e visceral. Nestas manias imperativas
de realista almejando estar idealista, é a busca de ter a certeza total das verdades
da emoção que faz as engrenagens rodar e continuarem seus movimentos. Se nossa
grande verdade universal é que não há verdade absoluta, vou-me por nos estados
de devaneio e desatino constante.“
Encontrado assim este escrito em
um casaco de morto boiando as Margens do Rio da Prata, Montevidéu 1979, época
onde o voo do Condor carniceiro das ditaduras na América do Sul fazia seus
banquetes na destruição de causas e vidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário