Em aspectos variados,
somos forçados em determinados momentos a remexer no baú do passado e nos
depararmos com os antigos desgostos. Tarefa inglória, pois nos faz reviver
recortes de tempo que na maioria das vezes foram passagens nada agradáveis ou
merecedoras de ter seu espaço em nossa memória saudosista. Abrimos o baú do passado em busca de respostas
para sanar aflições do presente, de forma com que nos erros de um passado recoberto
pelas cortinas da melancolia no arrependimento, tirarmos lições para não
sucumbir diante das problemáticas de um presente que poderá tornar ou não nosso
futuro um pretérito imperfeito.
Temos a bem da
verdade um vicio eterno de buscar a origem das coisas, não importando os meios
empreendidos para encontrar a resposta a este questionamento eterno. Cria-se
uma necessidade existencial de praticamente ter a ciência do lugar ou meio de onde
partiram qualquer coisa, a qual presenciamos em algum momento, e insaciavelmente
vamos perguntando cada vez mais gerando a ânsia pelas respostas numa infinidade das
questões eternamente jogada por nós. Curiosidade é o que nos move no final
das contas, pois somos seres de contentamento descontente, de amores de constância
imperfeita e de duvidas absolutas.
Ser humano é de fato
um animal engraçado e finge se diferenciar das outras espécies se auto
intitulando racional, dotado de inteligência superior e imune aos instintos
animalescos. Mas esse pensamento é mera fábula contada de geração a geração
para dissimular a essência natural do homem, no intuito de assegurar e dar a
humanidade mais motivos para se alocar no topo da pirâmide da vida. Tola crença
esta que foi arraigada, pois o que nos torna humanos melhores não seriam os
sentimentos e emoções fraternas, como amor e amizade? Logo ai está o paradoxo
criado, somos mais humanos quando nutrimos sensações animalescas e instintivas,
não racionais e calculistas.
Olhamos para o
passado tentando encontrar a origem e a raiz dos acontecimentos nas ações geradas
a partir dele, entretanto nos direcionamos apenas num ponto especifico que
jamais explicara o contexto. Com isso deixamos a margem motivos e causas que realmente
construíram a história dos fatos, o contexto que estava inserido onde se pode
afinal das contas, tirar algum aprendizado com erros e acertos de outrora. Ao nos debruçarmos somente na origem em
detrimento da estrutura do acontecido, apenas seremos meros
reprodutores de erros persistentes, adentrando num ciclo eternamente
repetitivo das falhas e arrependimentos. Tentando buscar conhecimento apenas
com a mente preso a origem, estamos nos enterrando ainda mais na cova da ignorância
servil.
Somos responsáveis pelos acontecimentos
cravados na memória e o seu desenrolar fatídico ou criativo, culpados do crime
do esquecimento e ausentes na maioria do tempo para assimilar alguma lição das
conclusões amargas e de términos frustrantes. Sede da verdade absoluta nos
conduz a cegas para frente , sem a visão necessária imbecilmente não
contornamos o mesmo, voltando ao passado para tentar enxergar meios de
ultrapassar barreiras, e nisso nos afastamos cada vez mais de progredir ou
ascender a melhores condições de ser com suas vontades próprias e amores
respectivos.
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