Parece que finalmente
no frigir dos momentos, o pensar demais lhe causou uma iluminação realmente
positiva. O excesso de pensamentos que tinha quase sempre o importunava em
demasia, transbordando seu ser em divagações melancólicas, negativistas,
obscuras e obtusas, retocadas por uma sobriedade bucólica assombrosa,
levando-se em fraquejo das vontades, prostrando-o a impotente figura
derrotista. Tudo isso era o costume de seu viver, sobrevirá dai suas doses diárias
das quimeras moribundas onde constava a extrema-unção dos sonhos almejados,
praticamente um caso consumado.
O preço cobrado pelas absorções que adorava ter de conhecimento
era de fato inglório. Na conversão desta em sabedoria, acarretava na infeliz convergência
para uma veia reflexiva, dando certo caráter introspectivo ao seu cerne e o
moldando a volta com tormentas sobre a própria incapacidade de reagir frente ao
que se apresentava a sua frente, desesperava com sua impossibilidade de mudar
radicalmente as coisas, dar a realidade outra perspectiva. Deparava-se então
com um paradoxo do ser social, constatou a necessidade urgente de humanizar os
humanos.
Cansado destas verborragias que aos quatro cantos se disseminavam
nos discursos demagógicos acerca dos aspectos humanistas, os causos sobre amor,
politica, espiritualidade já não o apeteciam mais. Estes rumos que arquitetavam
os ciclos de viver e viveres de homens necessitavam serem podados de forma ríspida
e precisa. Ai veio a sua iluminação dos fatos, apoderou-se das rédeas opulentas
da ordem sistemática, forjou nas fornalhas de suas virtudes, o martelo com o
qual rompeu as correntes que o prendiam à letargia do conformismo sobre a
função de si e da vigência dos ciclos.
Nos relatos e prospectos sobre a carga gloriosa de lucidez
que acabava de conceber, pode por fim regurgitar para fora todos os infortúnios
que a muito entalavam e obstruíam o respiro e suspiros de sua natureza
conflituosamente serena. Ao extravasar os próprios temores e aflições, foi de
certa maneira, o ápice interno para a compreensão pessoal do modo como encarava
e enxergava o “modus operandi” da vida, seu comportamento de internalizar o
desconforto e as agruras era o que minava sua existência plena. Por seu
comportamento brando em certas ocasiões, pagava o preço de brotar as dores alheias
na sua raiz própria, martirizava as causas perdidas de outrem.
Dessa maneira, deu voz e razão ao aliviar-se das intempéries
nocivas ao seu estado de abrandamento sofista, no regozijo que só o
esclarecimento das situações as quais nos submetemos acarreta. Perseverou na
empreitada dos raciocínios claros e abrangentes, estava satisfeito com as
conclusões que acabou tendo como resultado da claridade por ter jogado luzes a
ribalta dos desconfortos próprios. Um Fardo a menos tinha terminado, deixou
este esvair-se na força do tempo, tempo que por mais corriqueiro e de senso
comum, é na maioria inexorável das vezes, o melhor antidoto para certas chagas.
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