Não sabia por onde, detalhar as medidas e causas da ausência
de si mesmo, em meio aos vagos medos pelos erros de sempre. Percorria
descritivamente os acontecimentos, estava atrás de motivos e fatos, necessitava
destes para achar algo em que o eximisse da culpa, ou o condenasse
execravelmente sobre as falhas acarretadas pela teia de relações, difundidas e
criadas por ele ao tentar vincular-se ao que creditava ser único. Nisto tudo,
buscando o que melhor lhe contemplaria e preencheria, terminou abrindo um vácuo
no seu interior.
Ingenuamente acabou se expondo em termos desnecessários, não
teve o mínimo cuidado ou delicadeza abrindo as coisas a sua maneira, e como em
repetitivos giros de um velho relógio, persistiram os mesmos erros de tempo e
espaço, viciando suas maneiras, tornando-as manias no agir. A seu modo,
transformou seus métodos de ação em ciclos temporais de amarras, prendendo-o em
forças invisíveis de censura, policiando suas ideias e emoções. Por fim, terminou por taxar seus amores como uma
espécie de apêndice que necessitavam ser retirados urgentemente.
Perdeu todas as vontades da alma, nada mais o apetecia ou
comovia a alguma reação concreta de sua parte, foi devastado moralmente ao ver
seus ideais sobre emoções serem perdidos ao buscar uma proposta adequada para
elas por parte do mundo externo. Ai estava o grande erro cometido, seus
pensamentos aos quais tanto prezava eram de certa forma, sensíveis em demasia a
aceitação alheia, necessitava dessa unanimidade universal para legitimar suas
concepções.
Aos Poucos esclareceu após tanta lamentação consigo mesmo,
os motivos da letargia doentia em que tinha se entregado. No fundo, queria
fazer-se ouvido, obter compreensão pelo objeto de seus afetos ardorosos, e
reciprocamente ser contemplado com uma boa dose de massiva importância aos
caprichos dela. Teve então que aprender a lidar com termos individuais, pois
certas sensações jamais dependeriam das próprias vontades, não poderia forçar
ou criar sentimentos dentro de outra pessoa, não era nem nunca seria uma
perfeita divindade.
Sua fadiga era evidente, precisava de cargas pesadas de
qualquer espécie de amenidades. Um descanso para os pesados questionamentos era
vital em meio a falhas redondamente tolas, já era tempo de vaguear por outras
veredas, afinal, um andarilho não se sacia no sedentarismo.
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