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Crônicas de George

Poesia

domingo, 5 de maio de 2013

Ser Analítico



Contava as horas, via o movimento ansiolítico dos transeuntes da rua, e se sentia mesmo rodeado de histórias peculiares e quiçá interessantes e profundas, uma sensação de ausência dentro da maioria. Como maquinas ligadas no automático, tamborilavam de um lado para outro de avenidas esparsas, inundadas por individualismo essencialmente mundano e régio, suaves indiferenças que marcavam passos num mundo de um aparente controle de si, entretanto o desregramento de determinados subconscientes era tal que ele notava certa falsidade em determinados olhares, não importando se estes fossem altivos ou cabisbaixos.

Aos tantos, analisava estas passagens inglórias de viventes, necessitados de urgência para concretizar seus planos do dia, de tal maneira que era a soma de todas as vontades destes. Vontades enraizadas nos cernes dos passantes não originadas nos desejos de individuo, mas determinados pela rotina sistemática, revivendo semana a semana a nauseante roda viva, estes ingênuos seres estavam submetidos a um plano cíclico, regendo os movimentos como num tabuleiro de xadrez, consistindo em cada jogada, numa peça esvaindo-se do jogo.

Gostava de traçar o perfil destes semelhantes um tanto quanto iguais em si, embora tivesse se firmado na dimensão mais como maquina do que como hominídeo, raça a qual pertencia, notava algumas características similares entre seu ser e estas maquinas em forma de homem. Aspirações em tornar-se melhor convergiam em ambos, à busca do aperfeiçoamento atingia-os da mesma maneira imponente e voraz, tomava um tempo precioso demais por vezes, embora achasse que os seus motivos e pensamentos para encontrar peculiar perfeição fosse algo muito mais livre nele.

Rodeava com ideias sobre estes adoráveis objetos de sua atenção, por vezes seu ego inflava e considerava-se muito superior a suas cobaias de estudo, mas acabava caindo em si, descobrindo a humanidade por vezes tão arrebatadora dentro dos adoráveis semelhantes, que se sentia inferior, de pequenez tão intensa em certas ocasiões que beirava a inquietação. Enquanto alguns destes se divertiam neste sistema automático e de termos escravocratas aos quais conseguiam se deleitar a luxos de devassidão fútil, a Grande Massa tencionava a se voltar ao estado natural, à liberdade de agir, embora desconhecessem qual seria o significado do estado natural, mas seus instintos no fim precisavam disto tanto quanto precisavam de oxigênio para abastecer os pulmões de vida.

Mesmo assim, gostava da forma envolvente que subitamente arrematou sua simpatia por esta sociedade de errantes errôneos controlados invisivelmente por certa mão, mão esta com um sistema nervoso um tanto quanto sádico às vezes, sangrava aqueles que o mantinha pulsando em certos tempos, entrava em depressão profunda repentinamente, justo quando estava envolto num luxurioso momento eufórico de criação, produção magnifica e pujante, um paradoxo ao qual nenhuma teoria em que tinham posto como solucionadora destas enfermidades conseguia realmente ser capaz de erradicar estes males aos seus semelhantes . Acabou se cansando destas amenidades, concluiu que analisar e questionar eram muito mais fácil que responder e resolver.

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