Sentimentos que persistem que já não voltam mais, como
lidar com estes, digamos, constantes espinhosos dos nossos rotineiros dias? A
que ponto suportamos veladamente, guardados dentro de nossas armaduras,
transparecendo ao exterior risos e brincadeiras, quando na verdade nosso papel
é o de palhaço de triste figura? Por essas idas e vindas de pensar e amar, as
respostas e questionamentos vão ser inúmeras, mas a variável de estas serem as
corretas para sua situação é difícil de ser encaixada na realidade de efervescência
emocional.
Ao fundo a velha esperança vigora como o ultimo bote
de salvamento de uma Nau a deriva em um turbulento Oceano de emoções, vagando a
esmo sem um vento para fazer as velas seguirem em alguma rota redentora. Nestes
tempos onde cada individuo é uma ilha sem ligação com o continente, seria a
ideia de que primeiro precisamos nos perder nos devaneios de uma viagem, imersa
em novos acontecimentos, para finalmente nos encontrarmos? ou quiçá a valentia
de uma teimosia de lutar por aquilo que mais preza e ama valha a pena em sua efêmera
História de vida?
Busca eterna de alguém que não se conforma estar só,
ou que pareça que a solitude de estar isolado da contemplação de um olhar de
companheirismo cálido. A sensação de estar sendo importante e se importar com
algo nos remete e traz uma das melhores sensações que um ser humano possa vir a
ter: apaziguamento. Estar não feliz, alegre, triste, raivoso, ansioso, animado,
mas sim estável, onde suas ideias, pensamentos e físico estão em sintonia
prontos para encarar as agruras do dia a dia, pois tem a certeza que possa contar
e ter a estima de alguém que servirá como o farol de luz nas noites mais
escuras.
Relações humanas nunca serão exatas e de resultado
óbvio como uma ciência matemática. Cada ser é uno, de personalidade variada e
complexa, afetado e influenciado por uma série de fatores infinitos. Somos
pequenos universos espalhados dentro de um mesmo planeta, se chocando e
formando novas possibilidades de encontro e desencontros, onde amores, prazeres,
dores e rancores entrelaçam-se e uma cadeia de ligações nevrálgicas, que em
alguns casos são tão resistentes e fortes como a lei da gravidade, e em outros
tão frágeis que se desmancham no ar.
Por essas conjecturas tão amarradas em um emaranhado
de poréns e entretantos, por mais doloroso que seja e te pese ver a principio o
bater de asas para longe de seu grande amor, a maior prova dele é abdicar do
mesmo. Nestes dias tão egoístas e ausentes de um sentimento de empatia pelo
outro, ter a percepção de que sua felicidade não pode ser a custa da
infelicidade de alguém, pode ser a ferramenta transformadora de si mesmo.
Obviamente isso não é um processo que se consiga lidar sem certas “dores de parto”, mas assim como um
parto, uma nova vida pode surgir a partir dai.
Deixo aqui um pedaço de poema do Grande Pablo
Neruda sobre tudo isso:
Fui teu, foste minha. O que
mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o
amor passou.
Fui teu, foste minha. Tu
serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua
chácara o que semeei eu.
Vou-me embora. Estou triste:
mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não
sei para onde vou.
...Do teu coração me diz
adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.
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