Ensaios

Crônicas de George

Poesia

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Apenas a procura de uma dama ideal

Embora fosse complicado como atravessar a terra média rumo a Mordor, George sempre acabava tendo das suas paixonites crônicas, reflexo é claro, de sua personalidade una um tanto quanto ingênua, afinal das contas, fantasiava momentos em que se sagrava como Sir George Augustus, senhor das planícies quiméricas, indo ao resgate de alguma bela lady ( ou seria cocota magia?) que por ventura arrebatasse sua alma.

Por ter essas peculiares características enraizadas no seu desastrado espírito,gerava a si mesmo incômodos internos, inserindo-se em uma espécie de síndrome de Peter Parker: um trabalho meia-boca apenas para sobreviver, morando com parentes, tendo uma vida emocional instável e completamente cheia de amarras e desculpas sem sentido, mas ainda sim persistia em ajudar os outros e tentava sempre dar uma mão a quem pudesse, por vezes levando a pior graças a sua solidária índole.

Não suportava as falas vazias e entediantes das típicas “novinhas” baladeiras, com retóricas clássicas que sempre ouvia ou lia em alguma timeline de rede social como:
- Gentem, Dior 50% Na Daslu- ou: - acho um absurdo essas sem noção que repetem a mesma blusa na balada do outro fim de semana na Festa THUG , porfavor néahhh, se toquem, HELLLOOO!!!

Na verdade, ele não sentia a mínima vontade de adentrar neste ninho de harpias vampiras e de seus asseclas trasgos, vestidos com sua cota de malha da Lacoste e com seu elmo de viseira Juliette 24K.
- Chegar strondando em várias coisinhas ,né o jogador- fala repetida por certos trolls em determinados ares provincianos de sua localidade.

- Criolo deveria ter estendido a frase de sua música, Não existe amor em nosso mundo, quiçá nem em Zelda- bufava George.

A desolação então tomava conta do guerreiro. Lia Algumas frases de Nietzsche e dava certa razão ao rabugento filósofo e em certos momentos até achava sensato os compartilhamentos de Caio Fernando Abreu e Clarice Lispector no Facebook:
- Almas tão atormentadas como a do pobre Anakin Skywalker- pensava.

Enfim, mesmo com tudo isso, e a quantidade de ideias reflexivas e controversas do pequeno George, bastava novamente cruzar um olhar com outra moça por ai nessas andanças do mundo de algum deus ou perceber que a moça sentada ao seu lado esta escutando no Ipod alguma banda decente, que os velhos ponteiros do gira-tempo da safira coração de George badalasse novamente voltada para o norte existencial de suas paixonites apalermadas.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Ausência a sentir


Aqui se faz a hora de ausência
Sensação de letargia amuada e dispersa
Nada se extrai da minha essência
Onde reina a culpa de maquinação perversa

Tolo de incertezas do caminhar moroso
Sem as maneiras mínimas de resistir
Assim como folhas caídas do outono
Padeço na fragilidade de prosseguir

Um frio agora se espreita sorrateiramente
Indo de encontro a mais profunda imensidão
Tomado de agonia aflita e demente
Ausência sente de meu eu ter mera comoção

domingo, 26 de janeiro de 2014

Desatino absoluto



“Necessito dos teus incômodos e das tuas lamentações sobre que ando, faço digo e dito sobre nós e o resto das coisas. Pequenos encaixes entre nossas ordens de sintonia intensa, mas disforme, vamos desencontrando as peças erradas para no fim enxergar os encaixes perfeitos de nosso quebra-cabeça destes efeitos impressionistas um tanto quanto abstratos e até de formato surrealista. Mero dizer aqui em prosa faz, pois o momento assim exige e me da como a única opção de expor as benditas aflições que guardo ao remeter meus pensamentos e vontades sobre a sua concepção.

 Quando me deparo em como nossos embates sobre amor e outras distrações derivam ao mesmo resultado de feitio denso e de avassaladora corrente, definem sentimentos indescritíveis em qualquer linguagem utilizada para comunicação. Sou colérico, sarcástico, enfático, rude e por vezes malicioso com seus atos e passos geralmente por mera satisfação em te espezinhar, pois é lhe causando a saída da zona de conforto quando nelas te recolhes numa espécie de carapaça reclusa que por vezes não lhe alcanço dentro dela. É te tirando do sério que assim lhe tenho nos braços a fim de nos descobrir como ser uno e indivisível na origem das coisas.

 É o teu silencio que me passa a ânsia de ter cometido pecado capital acerca das nossas relações de ardor ferrenho. A indiferença é o golpe matreiro que me prostra ao chão perante a duvida que esta acarreta no espírito combativo que tento manter com chama ardente e viva sobre a escuridão das noites taciturnas da sua súbita quietude. Na minha aspereza oculto a sensibilidade da situação que estarei eternamente posicionado, de sonhador e suas utopias sobre o que viver como criança perdendo-se em risos ao deparar-se com uma nova brincadeira descoberta a sua maneira.

 Faço das minhas tolices apenas para causar-lhe desconforto, pois nela revelas o quanto podes sentir as intensas vontades sobre o meu ser que insiste na teimosia de imbecilidades, apenas a ter certeza de poder amar-te de forma plena e visceral. Nestas manias imperativas de realista almejando estar idealista, é a busca de ter a certeza total das verdades da emoção que faz as engrenagens rodar e continuarem seus movimentos. Se nossa grande verdade universal é que não há verdade absoluta, vou-me por nos estados de devaneio e desatino constante.“

Encontrado assim este escrito em um casaco de morto boiando as Margens do Rio da Prata, Montevidéu 1979, época onde o voo do Condor carniceiro das ditaduras na América do Sul fazia seus banquetes na destruição de causas e vidas.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Ânsia contente



Aquieta a alma tola e desolada
Suas frases de sincero ardor
Em meio a tanta distancia enfática
As palavras são caminhos a se compor

De mero afago as grandes emoções
Tudo agora remete ao seu semblante
Suave como melodia de canções
Aficionado me torno neste instante

Tenho que suportar o espírito atormentado
Por lonjuras e vontades externas
Na ansiosa aflição de conformado
Alegria irracional de nosso amor serem as certas

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Tardando os sonhos




Observando impacientemente as hélices do ventilador no teto, George tentava pregar os olhos num sono profundo, para amenizar o excesso de ideias sobre as voltas das mesmíssimas dores de parto costumeiras. Perdia horas durante o dia pensando em antigos arrependimentos e pecados não perdoados, sejam estes seus ou de terceiros que o envolviam é claro, pois como primata primitivo nutria certo rancor e magoa sobre certas pessoas tão confusas e instáveis quanto à situação da Palestina.

 - Padeço assombrado por esses espectros desgraçados do passado, e agora estou aqui suando feito um condenado, tomado pela insônia e agonia do remorso. Gostaria de Ser Marty Mcfly e ir de Volta para o futuro-. Assim confessava o angustiado George seu desejo de controlar o tempo para consertar erros e ações de consequências desastrosas.

 Sentia que correntes com pesadas bolas de ferro estavam presas em seus pés, o impedindo de prosseguir no cotidiano e tocar as coisas a sua maneira. Numa espécie de causa quase que perdida de ares e tons de semi-utopia, planos e tentativas de solução de suas chagas e do mundo quer resolver, embora seja duvidoso resolver algo desta maneira consumindo tempo  na insônia e nos jogos de culpa da própria cabeça.

 Perdido (assim como seu sono) de fato estava às sensações sobre os pontos de divergência entre sua história almejada e a concreta. Desejava dormir não para descansar a mente das atribulações vividas, mas sim para reviver nos sonhos o que jamais teve no plano da realidade. No mundo dos sonhos teria finalmente alcançado o ideal de amores atemporais e viscerais.

 - Meus sonhos são a Minha Matrix, neles por fim sou o herói dos contos inacabados e eterna esperança das melhoras do mundo. Neles sempre sou o que jamais serei.

  Mas ainda havia a questão do sono que tardava a vir. Angustiado com isso, foi tomado pela ansiedade imperativa, destas de tal feita que causassem os aborrecimentos tradicionais de uma irritação sobre tudo e nada. Mas eis que George começa a sorrir, pois acaba se lembrando da solução dos seus problemas e pensando com seus botões porque havia demorado tanto para chegar a essa conclusão, como pode ter esquecido que para visitar seus sonhos lhe bastavam apenas 3 gotas do néctar dos deuses: Clonazepam, ou Rivotril para os íntimos.