Ensaios

Crônicas de George

Poesia

terça-feira, 29 de abril de 2014

Indefinidade por insanidade

Um aperto percorre a alma
Corrompe aflito rompantes do ser
Nas maneiras inconscientes de um Karma
Descrenças em atos recorrentes do querer

Em que nada se torne um fardo carregado
Andanças do velho sábio melancólico
Se atrelaram a enfermo amargurado
Dor de amor remoído in loco

Coisas na vontade de infinidade
Em compulsiva associação de sentido
Transtorno no ardor da insanidade
Ainda te encontro na memória do infinito


quarta-feira, 23 de abril de 2014

Irracional razão

Remonto as origens do sentir
Nos raros momentos de encontro
Em seu olhar o conforto do distrair
O tudo e o nada em devaneios do sonho

A sua presença me inspira a idealizar
Por oras num prazer de ouvir sua voz
Noutras num falar por desabafar
Querer te completamente num amor atroz

O tempo vem sendo cruel nessa desordem
Pouco nos vemos por determinados termos
Cura para ansiedade de sua ausência fogem
Então na razão de ter-te esperemos

sábado, 19 de abril de 2014

Vivencia Imprecisa

 Ainda falta algo após estes processos intermitentes onde, nas inquietudes de um silencio ironicamente ruidoso, faz de mente persistente a pensar, lar de um eterno divagar. No constante martelar convicto de sua urgência em elaborar solução, a aflição perdida em meio a memórias de outrora, tecido frágil das sensações no eu meu fora de si por demasiados pesares de forma variavelmente desconexa com o meu principio real, este em que posso sentir as vontades na origem das coisas.

 Elaboro versões e maquinações para afoita resposta sobre o pano de fundo da ausência permanente do algo, emoção turva que carrego lacrado na caixa de pandora de meu tórax. O receio permeia este medo de ao romper com cadeado da forja de pandora, os velhos monstros do terror repovoem cérebro desatinado a voltar para remoer de chagas ferinas, lembranças de estruturas ainda mantendo espirito ansioso em estar armado de precaução. Passado se faz tão vivo em momentos atuais como figura diabolicamente eterna.

 No cotidiano do presente, o tempo é relativo para não o tê-lo. Sem dar trégua, os ponteiros do relógio vão cronologicamente fazendo sua rota das horas, não importando no seu trabalho preciso e estático, o que vai ocorrendo a sua volta, em suma nestas pouquíssimas verdades absolutas das inverdades, o tempo não tem sentimento.  Ele vai correndo sob as ordens de desígnios do universo, onde é inexistente meio-termo em que humanos consigam o descanso de tempo-espaço no repouso permanecendo inertes num sossego dos braços formulando próprio destino.

  Por querer demasiadamente preencher lacuna de algo em que não se tem conhecimento da essência, sou imerso nas corredeiras do rio da insanidade. Correnteza destes rumo aos devaneios incertos poderiam ser manchas de negros amores, remorsos de antigos atos falhos ou até mesmo meros caprichos da minha fogueira das vaidades. Nisso agora é a necessidade de navegar como caravela de descobrimento, onde o velho poeta português sentenciou a imprecisão de viver, já que todo dia a percorrer é o mistério a conhecer.


 Das finalidades dos sentimentos, saudade e melancolia parecem se encontrar sempre ao fim dos atos. Maneiras de fazer outros termos no agir da ansiedade sobre pobres almas dos apreciadores do próprio tempo de si mesmo, para com seu alter-ego gêmeo da própria personalidade. No surto da loucura, ela se torna abrigo ideal para assim, protegido graças à indiferença alheia, podemos lamentar categoricamente a selvageria de si mesmo e o formalismo robótico dos outros.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Tento no tempo

Sempre na mesma toada
Relógio reflexo da aflição
De maneira fugaz e escrachada
Passos dados percorrendo indecisão

Estrutura permanente ao longo da era
Conspirando a margem do poder
A ansiedade permeia sem trégua
Vontades inconscientes de meu ser

Sou agente da história do meu destino
Em termos de tempo sem ideologia
Nas horas em que navegar é preciso
Meu viver é digno de um indeciso

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Persistência do antigo medo

Dilemas são questões de existência desde os primórdios. A origem do universo foi causado aprovavelmente por um dilema, seja ele de um ser criador de tudo ou de algum átomo que estava angustiado para expandir-se ao infinito e acabou explodindo de tanta aflição. Em certa medida, assim como boa parte do gado humano existente como grupo descrito como humanidade, George parece não estar vivendo o momento presente como gostaria, afinal das contas (principalmente do cartão de crédito e do plano internet-TV-telefone que paga os olhos da cara para ter um serviço de qualidade no mesmo nível do que central de atendimento das mesmas operadoras) estava apenas na frustrante vivencia por sobreviver.

- Meu viver se resume nestas questões de somente ficar nessa de produzir,reproduzir e difundir os infortúnios cotidianos. Sensação de solidão e indiferença em relação ao que me rodeia é semelhante ao que sente um bom livro dentro da casa do Big Brother.

Convencido destes tristes fatos de realidade sombria, ele que tanto busca no fundo do amago de seu ser uma almejada tranquilidade para seu espirito livre , pesado e preso como intestino na falta de Activia, o tormento da vez era a sensação de estar tendo suas liberdades restringidas sorrateiramente. Não só a sua, a bem da verdade parece que grandes grupelhos de choque anti-comportamento se organizam e saem por ai nas mais formas de rede-sociais existentes, agindo feito vespas raivosas destilando preconceitos e opiniões tão progressistas quanto o trabalho escravo nas fábricas da Apple na China.

- Gente compartilhando videos de Socialite com diploma de jornalista comprado via Google aplaudindo justiceiro, Deputado comemorando ditadura como se fosse revolução gloriosa, exército subindo o morro com o intuito de "pacificação". Começo a pensar que as estruturas do AI-5 da "ditabroxa" se mantém tão presentes no cotidiano quanto a voz do Brasil as 19:00H no rádio.

Assim como naqueles dias, onde o condor negro fazia seus voos de rapinagem das vontades e sentires dos humanoides acossados pela vigia predadora da ave agourenta, era o medo de ser coagido a sensação predominante que suscita e denota os idos do caminhar de bem estar terminal do sistema nervoso ansioso do pobre George. Ao ponto de ter um surto de Pânico ao saber que sua melhor amiga sofrera tentativa de abuso sexual no metro, tendo a sorte de conseguir ter escapado de destino ingrato graças a sua agilidade como atleta de ginastica olímpica em meio a multidão do vagão e uma porta de fechamento automático agindo como maquina de castração do meliante.

- Abrir os estoques de armas do exército e distribuir as mulheres para legitima defesa seria uma boa politica publica de segurança nacional, pois parece o único jeito delas poderem sair de casa com chance de conseguir voltar para a mesma.

Mas George sabe que estas coisas são passageiras, pois tudo a que serve estas indigestas e negras situações explanadas, é com o intuito de ocultar um grande plano de maior magnitude para manter as coisas do jeito que está. Enquanto porcos e ratos lutam entre si pelos restos das ossadas, os lobos fazem um banquete com carne fresca extraída dos sonhos do daqueles que querem somente viver.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Coação pelo Terror

Os últimos eventos aos quais marcaram o momento atual demonstram a face dos resquícios que ainda perduram de sociedade controlada pelo viés educativo na coerção e repressão.  Há 50 anos um golpe militar inaugurou o inicio de uma cultura em nosso país de estruturas que ainda permanecem sendo usadas metodicamente visando manter o controle sobre o individuo em toda sua totalidade como ser. Um aparato então foi planejado e montado naquele momento da grande piada achincalhando o Brasil do século XX, o golpe militar. Militares estes que foram coagidos por setores da sociedade civil com grande influencia politica e econômica naquelas circunstancias históricas.

Passamos então 21 anos sob um regime de exceção, onde os direitos civis foram cerceados, as liberdades reprimidas e limitadas, e por fim com os tenebrosos atos institucionais, o famigerado AI-5, a politica do terror foi instaurada nos ditames da lei daquele macabro governo. Ter opinião própria naquele instante era crime segundo as leis, ato terrorista contra a nação, o que evidencia que leis e normas não podem ser consideradas justas ou igualitárias (vimos isso sendo bem exposto na ação de guerra da tropa de choque da PM no campus da UFSC e da tomada do complexo da Maré no rio de Janeiro pelos militares).

A ditadura (que deveria ser chamada de ditabroxa, pois condiz melhor com o que acabou sendo para os brasileiros em seus desdobramentos posteriores) usou uma pratica que agora esta voltando à moda, como método eficaz de manter o controle sobre aqueles que tentam se revoltar ou mudar uma situação de desigualdade ou de violência direcionada especificamente, a uma minoria ou grupo em situação de fragilidade: a psicologia da imposição do medo. Nos porões do DOPS e do DOI-CODI, o que mais feriu e destruiu homens e mulheres não foram os castigos físicos e o pau de arara, mas o terror psicológico e suas consequências sobre as mentes dos torturados. Perda da esperança, sufocamento dos pensamentos e o bem feito serviço de extração das ideias contrárias à violência de um estado totalitário e fascista, fazendo crer que resistir a quem detinha o poder naquele momento, era inútil e perda de tempo além da própria vida. Para aqueles que não resistiam e apenas observavam a situação se desenrolar fingindo que tudo estava como deveria ser, obedecendo piamente às recomendações do governo e da politica do “Brasil, ame-o ou deixe-o” colado com adesivos nos para-lamas automotivos, os desaparecimentos súbitos dos que ousavam discordar do pensamento “senso-comum” praticado pelo regime e a censura faziam bem seu papel, instaurando pelo medo de acontecer situação semelhante consigo a obediência bovina da maioria da população, como gado ruminando num matadouro.

Fato é que de todas as ferramentas disponíveis nas mãos daqueles detentores dos mecanismos sádicos do poder, a coação através do medo e da propaganda deste através do terror incutido no subconsciente da população, foi arma mais poderosa e eficaz para manter sua opressão sobre o domínio daqueles aos quais exploram. Basta ver isso sendo usado pelo conservadorismo em atacar maquiavelicamente as mulheres na campanha contra o estupro pois elas “ousaram contestar a ideia do alfa-machismo de que são as próprias mulheres que num dia de calor andam com trajes curtos, provocando a libido masculina, completo absurdo para nossos padrões normativos”. Quando nos deparamos com este tipo de discurso sendo adotado por uma parcela considerável das pessoas, realmente percebemos como esta cultura de inversão de valores, da criminalização da vitima e da ideia indireta de que a mulher deve andar com trajes ”decentes” para não tentar a selvageria do macho no cio, que a politica do medo persiste e ainda não foi rompida.


Mas ainda pode-se ter esperança de melhora na situação vendo a conjuntura como um todo. Tudo que vem acontecendo como as ações violentas do braço armado do estado que é a PM, atos de racismo e a mais absurda de todas, a concepção de que a mulher é mero objeto de satisfação sexual e social do homem, reação de extratos conservadores que estão agora( adoro estas ironias) com MEDO E ATERRORIZADOS, pois após tantos anos silenciados pelas mais escabrosas maneiras, aqueles que estavam sob sua coleira de escravidão servil, estão desprendendo-se de seus grilhões a gora ameaçam morder as mãos de maneira mortal dos seus dominadores.  Como diria o filósofo alemão Walter Benjamin, “os mortos jamais descansam, pois os desdobramentos do passado nunca terminam.” Talvez o passado venha cobrar seu preço em nosso presente daqueles que abusaram e  usufruíram do terror iniciado a 50 anos atrás.