Nos tempos longínquos de uma certa vida
Viver era algo certeiro
Tão mais fácil ficar a esmo
O inesperado não existia
Era o aconchego de amar em sossego
Sem birras ou picuinhas
Na terra das grandes feitorias
O cotidiano das grandes dificuldades
Tinha-se ainda a possibilidade
De resolver a contento suas perplexidades
Eis que este castelo de cartas acaba ruindo
Desmancha entre as mãos como areia
Efêmero como um instante do tempo
Tudo aquilo em que se acreditava
Foi suprimido de sentidos intensos
O ambiente sofre uma reviravolta
Crenças e ideias são modificadas
O medo e angustia são agora moeda corrente
Com elas agora se compra um pouco de tudo
obediência, progresso e disciplina pela coerção
No limiar desse tempo impreciso
Haja as vistas o que tenho sentido
Reina um caos da inércia do choque
Pois amor, utopias e outros sonhos
São atitudes de subversivos malditos
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