Ensaios

Crônicas de George

Poesia

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Anseios



Sinto-me num farfalhar intenso, das mais variadas sensações que perpassam meu corpo aos poucos, por estes acasos escassos, ter tido a oportunidade inebriante de acabar por ser agraciado a sua presença. Em variáveis extensas e paralelas a um raio fulminante, gostaria de saber por tanto tempo onde você me aguardava, nestes desencontros ocasionais sendo desmembrados por nós como o orvalho ao nascer do sol, segue a trilha de um alvorecer imprevisível, na vastidão do horizonte, com possibilidades de intensidade incomensurável e colossal, queimando feita quimera nos campos verdejantes do meu ser, pequeno, frágil e singelo perante o anseio que me toma desde o momento que trocamos meras palavras descompromissadas sobre tudo e nada, ao mesmo tempo sem pressa num vago momento de desprendimento emocional.

Desde então, o que vivencie até então perdeu um pouco da graça e do logro da vida, como se até então, estivesse à deriva no Oceano, perdido numa imensidão azul cinzenta, num horizonte nebuloso, em meio a uma tempestade fúnebre. Como uma Nau salvadora, do mais incólume e vistoso feitio, fui resgatado em meio a tormenta por palavras, escritas e ditas no mais etéreo dos pensamentos, fundindo-se em meio a um turbilhão de êxtase terno e acalentador, como um manto quente na mais fria das noites de inverno, trazendo de volta a necessidade de calor tenro e protetor, como uma muralha que protege os alicerces do meu bem querer.

Enfim, foi no meio dos temores da caixa de pandora, a esperança que ficou nas entranhas da alma um tanto quanto conturbada e impaciente, acometeu em mim um profundo regozijo de tranquilidade e calma, tal qual é o conforto dos braços a quem se quer. Foi na Língua dos autores ansiosos, o Português, a melhor linguagem para descrever sua imponente causa e consequência no meu amago, em que a roda da fortuna aponta agora, para um norte claro e preciso, sem aparente obscuridade.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Esquizofrenia Sentimental



Como as voltas repetitivas, volta a pairar o aspecto sombrio que temo diariamente, eventuais anseios singulares, porem comuns a aqueles de trato mais difícil: o temor sobre a loucura, uma especificamente, a esquizofrenia emocional. Claro que  tecnicamente e do ponto de vista cientifico esta loucura não exista, mas denomino pejorativamente assim, de esquizofrenia, meus arroubos um tanto quanto insanos e incompreensíveis sob uma analise racional, julgando sob o ponto de vista de que o que sinto não seja algo real, mas uma bela e estonteante miragem. Em sua essência, ela se forma a principio de delírios e devaneios intermitentes do nosso subconsciente, desejos até então ocultos e confidenciados dentro de si, envoltos em nossa carapaça de autodefesa e que logicamente, esta ali para evitar feridas e chagas, que acabam sendo expostas quando esta armadura fica exposta a um período longo de ataques orquestrados por emoções poderosas e com um peso esmagador sobre a mente e coração humano, já fragilizado.
Aos Poucos, vamos perdendo a lucidez dos próprios passos e ações, caindo em velhas retóricas ao qual julgávamos até então, impensáveis que iriam acarretar sobre si mesmo, vamos negando no começo sintomaticamente o que está ocorrendo, quase um ceticismo inicial, mas isso acaba sendo quebrado com extrema facilidade perante o julgo de um sentimento que vai criando força, aumentado de tamanho de uma forma tão intensa e rápida, que somos engolfados em um estado de espirito aparentemente de êxtase puro e surreal, quase divino. Imaginamos coisas, pensamos ingenuamente em atos, realizações e feitos para se alcançar como um objetivo mais honrado, a coisa certa a se fazer, não importando o que isto a principio, possa pedir como sacrifico na contraproposta. Talvez o melhor exemplo dessa esquizofrenia totalmente emocional, seja o personagem Dom Quixote de La Mancha, que acaba alucinando em nome da idealização e santificação de sua amada Dulcinéia. Entretanto podemos fazer uma comparação, em que Sancho Pancha seria a tentativa da racionalidade, ou uma ponta dela, no pensamento e ação de do Dom Quixote.
Embora alguns apontem a loucura de certa forma, como uma realidade além da nossa, como Platão discorreu: “os loucos são aqueles que conseguiram, de alguma forma, se libertar do mundo das sombras”. Outros gostam de evidenciar a genialidade na loucura, e é fácil relacionar a loucura com genialidade e amor, ambos parecem andar lado a lado, numa sincronia disforme, inebriante e extremamente complexa, que se fundem e se confundem em uma medida latente. Por hora, considero que mesmo sob estes aspectos negativos de perda de lucidez e racionalidade perante a esquizofrenia emocional, não a tendo, negaremos nossa natureza e nossa condição: de Humanos.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

No Jogo Dos Deuses



Por casualidades desbaratadas e inoportunas, nos deparamos com certos seres de aspecto efetivamente singular. São por excelência extremamente envolventes, cativantes, envoltos numa aura de intensidade única, nos levando a um momento aparente de êxtase, numa catarse individual alegre, do mais puro favo que um dia tínhamos provado e experimentado até o momento em que encontramos esta pessoa. Logo, somos levados a crer na mais doce das armadilhas: ter se tornado especial, raro, sentimos contemplados por este ser, como uma joia rara exposta em um museu ou galeria de arte. O Veneno alheio então corrompe aos poucos, suave e sorrateiramente, os pensamentos, nosso psicológico, traçando um emaranhado confuso em nosso emocional, tão forte e intenso que o sentimento vira uma fé, praticamente uma religião pessoal, e esta pessoa de aspecto pessoal, um Deus.
Como todo Deus, esta pessoa vai ser tornando onipotente, poderosa, forte, e assim como os deuses do Olimpo, vaidosa, colérica e excessivamente egoísta, podendo ser cruel em certos traços de sua personalidade. E como nos mitos gregos sobre estas divindades, nós mortais somos expostos a suas vontades mundanas, viramos uma peça no jogo da vida dos deuses, o seu brinquedo favorito, ótimo para a diversão do seu ego inflado e narcisista. O adoramos como sacerdotes, fazemos templos em seu nome no cérebro e no coração embriagado pelo fervor e amor a um ser divino e fantástico, a principio. Este deus então parte para nos testar, fazendo-nos entrarmos em seu jogo da vida, uma espécie de the Sims real, mas para o ego de um deus, isto é muito mais divertido, pois ele vive intensamente colabora para o jogo se envolvendo diretamente, não usando de enviados indiretos ou eventos que possa causar, ele é o dono do tabuleiro e faz o que quiser com sua peça.
Eis que deus acaba se cansando de brincar com seu jogo, e no fim, o descarta e abandona o seu fiel e ardoroso crente as traças, fazendo com que ele então, perca no momento o que mais precisava sua fé em seu “Deus”. Ai vem a parte mais dolorosa de toda esta estrutura, conviver sem este credo pessoal, como fazer para recuperar  a racionalidade e o otimismo sem este tipo de “fé”. Para isso não existe segredo, formula de alquimistas ou feitiços de magos, o que irá nos libertar das amarras que nos prendem a esse tirânico deus é buscar na lucidez dentro de si, meios para seguir pela trilha do caminho do meio, novamente lograr pela roda da “virtu e fortuna”, por esforço próprio, e ai sim, quem sabe, neste caminho do meio encontrarmos outro andarilho com o mesmo propósito, objetivos, emoções e pensamentos.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Outra Perspectiva



Nem mesmo no réveillon consigo fazer com que meus pensamentos se arrefecem um pouco, é inevitável a expansão das ideias dentro do meu cerebelo viscoso tal como massa de modelar.  Comecei a divagar cá com meus próprios botões sobre coisas eventuais nesta época do ano: mudanças, medos, desafios e perspectivas diferentes.
 As mudanças como de fato são, acarretam na alteração do estado das coisas, é o ponto em que acabamos terminando um ciclo ou em que rompemos com as casualidades da nossa situação até então de momento. Acabamos por nos iterarmos de outros pontos de vista, emoções, convicções e é claro, ações que vão determinar as atitudes que por fim tomaremos frente às mudanças, sejam elas insignificantes, grandiosas, conturbadas, pacificas, ou tudo envolto na mesma camada catalisadora do mero acaso dos ciclos que estamos envoltos. Mudar de fato significa tentar elevar-se a outro patamar, projetar uma evolução de si mesmo, persistir num continuo fluxo de aprender novas concepções, absorver conhecimento, adquirir um estado pleno de sabedoria.
O medo entra neste processo a principio como um sentimento ou sensação que aparentemente atravanca  a mudança, nos trazendo duvidas acerca do que está por vir, nos deixando com um certo temor frente ao que ela acarreta, mas na verdade, ele é necessário para que a mudança se concretize. Por mais que se discuta e questione, o medo acaba fazendo pensarmos melhor antes de agirmos, tornando-nos cuidadosos e parcimoniosos em alguns aspectos, fazendo com que o agente da mudança não seja tão radical ao ponto de nos prejudicar em algum ponto eventual, é o escudo protetor por assim dizer.
Desafios vão se formando nisso tudo, pois a mudança traz eles consigo, exigem de nós uma dedicação maior nos objetivos, mais apreço e força de vontade em nossos objetivos, sejam eles mundanos e realistas, ou sonhos utópicos em devaneios sinceros e apaixonados. Eles acarretam durante este período a formação de convicções, nos dando maturidade e crescimento interno necessário para realmente subir um degrau acima.
Com isso, vamos toldando outras perspectivas sobre o que nos cerca, sobre si mesmo, os outros e a relação entre todos eles no mesmo ambiente diverso e com concepções completamente distintas uma da outra. O Surgimento da nova perspectiva é que acaba somando e sendo o melhor da mudança, é ter outra ideia sobre tudo, compreender o que se está vivendo e ter plena consciência do que acabou lidando e aprendendo.

“Mudei para me livrar das amarras que me prendiam a você como grilhões que aprisionavam os infelizes no navio negreiro”