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Poesia

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

No Jogo Dos Deuses



Por casualidades desbaratadas e inoportunas, nos deparamos com certos seres de aspecto efetivamente singular. São por excelência extremamente envolventes, cativantes, envoltos numa aura de intensidade única, nos levando a um momento aparente de êxtase, numa catarse individual alegre, do mais puro favo que um dia tínhamos provado e experimentado até o momento em que encontramos esta pessoa. Logo, somos levados a crer na mais doce das armadilhas: ter se tornado especial, raro, sentimos contemplados por este ser, como uma joia rara exposta em um museu ou galeria de arte. O Veneno alheio então corrompe aos poucos, suave e sorrateiramente, os pensamentos, nosso psicológico, traçando um emaranhado confuso em nosso emocional, tão forte e intenso que o sentimento vira uma fé, praticamente uma religião pessoal, e esta pessoa de aspecto pessoal, um Deus.
Como todo Deus, esta pessoa vai ser tornando onipotente, poderosa, forte, e assim como os deuses do Olimpo, vaidosa, colérica e excessivamente egoísta, podendo ser cruel em certos traços de sua personalidade. E como nos mitos gregos sobre estas divindades, nós mortais somos expostos a suas vontades mundanas, viramos uma peça no jogo da vida dos deuses, o seu brinquedo favorito, ótimo para a diversão do seu ego inflado e narcisista. O adoramos como sacerdotes, fazemos templos em seu nome no cérebro e no coração embriagado pelo fervor e amor a um ser divino e fantástico, a principio. Este deus então parte para nos testar, fazendo-nos entrarmos em seu jogo da vida, uma espécie de the Sims real, mas para o ego de um deus, isto é muito mais divertido, pois ele vive intensamente colabora para o jogo se envolvendo diretamente, não usando de enviados indiretos ou eventos que possa causar, ele é o dono do tabuleiro e faz o que quiser com sua peça.
Eis que deus acaba se cansando de brincar com seu jogo, e no fim, o descarta e abandona o seu fiel e ardoroso crente as traças, fazendo com que ele então, perca no momento o que mais precisava sua fé em seu “Deus”. Ai vem a parte mais dolorosa de toda esta estrutura, conviver sem este credo pessoal, como fazer para recuperar  a racionalidade e o otimismo sem este tipo de “fé”. Para isso não existe segredo, formula de alquimistas ou feitiços de magos, o que irá nos libertar das amarras que nos prendem a esse tirânico deus é buscar na lucidez dentro de si, meios para seguir pela trilha do caminho do meio, novamente lograr pela roda da “virtu e fortuna”, por esforço próprio, e ai sim, quem sabe, neste caminho do meio encontrarmos outro andarilho com o mesmo propósito, objetivos, emoções e pensamentos.

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