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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sobre A Saudade



O que se pode discorrer sobre a saudade, o sentimento que talvez seja o mais melancólico, regido pelas lembranças que acomete os homens. A saudade nos toma de assalto a partir do momento em que encerramos e damos desfecho a uma história ou fato em que estávamos inseridos, personagens chave de determinado desfecho, uma das peças da engrenagem essencial na conjuntura do enredo. Adentrando nas vias e veias de nossa memória emocional, este sentimento é fundamental para analisar e extrair lições e valores primordiais para se levar como experiência no futuro.

Na soma final da conclusão de um ciclo, saudade nada mais é do que aquilo de melhor presenciamos em determinado período, no qual revivemos encontros de concepções, aspirações, sonhos, ideias, objetivos, em ações, sentimentos, em seres que naquele instante, se fundem a nós de tal maneira, que sua presença é marcada a ferro e fogo em nossas lembranças mais sinceras e admiráveis.

Embora certas saudades por vezes sejam nocivas e extremamente bucólicas, até mesmo destas pode-se tirar algum proveito. Certamente se desprender de velhas paixões e negros amores é uma árdua tarefa ao qual temos a necessidade de nos empenhar para podermos ter um saudosismo e memórias saudáveis ao nosso ego. Libertar-nos destas amarras, das chagas de velhos sentimentos amargos é crucial para qualificar a saudade com um sentimento de certa forma, prazeroso.

A saudade por assim dizer, das tristezas que nos acometem, a melhor. Acalenta-nos, anestesia e entorpece de vislumbres de instantes únicos, aconchegantes, tal como o colo de mãe, nos conforta das dores e dos desgostos do presente. Não raramente, ela se torna o refugio imediato para os infortúnios do momento atual, pois o apego em torno da lembrança é um elo emocional carregado de nostalgia.

Contudo, não se pode apenas viver de lembranças muito menos ter a saudade como norteadora do seu viver. A linha que separa a saudade de refugio para se tornar uma fuga, é extremamente tênue. Transformar a saudade em uma fuga do presente é um maleficio dos mais nefastos que nos auto infligimos, pois neste processo vamos esquecendo-se de viver, perdendo o controle sobre os eventos atuais de tal forma, que acabamos por comprometer o futuro. Embora a história que ocorreu não possa ser reescrita, foi ela que nos moldou e trouxe-nos até aqui. A saudade é para ser relembrada, e não revivida.

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