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Poesia

sábado, 20 de julho de 2013

Sobre o Sentir




Já não há razão de comemoração ou glorificação de ideias sobre esta dimensão crua da realidade, descrita pelas luzes da ciência como o passo definitivo a idade da razão humana. A racionalidade, conduta imparcial e fria são citadas e reverenciadas como a solução para as aflições que atingem o caráter dos homens, sendo assim, obtêm-se um suposto controle opressor e totalitário sobre as emoções. Para muitos a burocratização das ações e realizações da humanidade é o passo final para a evolução do pensamento livrando-se das frivolidades das vontades do amor e do afloramento de sentimentos mais puros e singelos. Afinal, para os adeptos da mecanização do bicho homem, sentir algo metafisico não passa de uma distração desnecessária. Mas mal sabem que cometem o erro crasso de tentar eliminar algo que será imutável enquanto houver um único ser humano vagando pelo mundo.

Os que querem essa anestésica solução para um domínio completo dos afetos se iludem através de planilhas, projeções, cálculos, dados estatísticos analisados e frisados como sendo uma verdade absoluta e irrefutável. Tolos tecnocratas que tentam a todo custo medir e provar pela formula A+B que você irá premeditadamente tomar tal decisão apenas levando em conta ação e reação de meramente físicas e biológicas, excluindo totalmente destas suposições um tanto quanto contraditórias a variável que acompanha seus desígnios desde sua formação enquanto animal sociável e suscetível à empatia por seu semelhante: as emoções.

Os sentimentos nada mais são que todos os traços que envolvem todas as vontades e desejos dos pensamentos da vida humana. O afeto é um traço sentimentalista que molda o caráter peculiar a cada homem a partir do sentir individual, é inútil tentar mensurar e dar formato único a algo que será sempre diferente, mutável e em constante metamorfose que são as emoções, pois cada indivíduo tem a sua ideia e noção do que sente. De fato, a razão empírica de tudo que prezamos ao nos afetarmos a determinadas coisas é que ela é paradoxalmente irracional acima de tudo, pois seu principio consiste em ser algo espontâneo, partindo de um pressuposto de caos criativo, que emerge e toma conta dos nossos desejos mais sinceros e robustos.

Relações amorosas e de amizade, por exemplo, será sempre ao fim de todos os processos de vida, o objetivo primordial das aspirações humanas. A verdade que não suportamos a ideia de ficarmos desolados e entregues a solidão, abatidos por não ter alcançado a plenitude e o conforto de poder contar com a companhia e afetuosidade de seus iguais. Grande parte das perturbações que afligem o psicológico humano deriva da sensação que muitos têm de estarem imersos numa cápsula solitária, ficando presos nesta desconfortável posição forçada, sendo então arrebatados pelo que muitos chamam de o demônio do meio-dia: a depressão.

De Todas as formas disformes e das mais variadas intensidades, sentir é o que nos torna singulares enquanto a concepção como ser vivo. Sentir nada mais é que a noção diferenciada da busca por um norte na vida e o propulsor que rege cada ato humano nos mínimos detalhes, é a razão de afinal das contas, de buscar um sentido fazendo seu próprio rumo determinando o objetivo individual e a compreensão das suas próprias vontades. De modo consistente e sintomático, é o sentir que ira moldar toda nossa perspectiva e senso critico sobre tudo que nos cerca.

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