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Crônicas de George

Poesia

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Sem fim repetitivo

 Nem tudo aquilo que se abre ou acaba ficando disponível torna-se o que realmente queremos, por mais abrangente e de fácil acesso que seja, ele é algo forçoso e um tanto quanto sem vontade. Com isso tento forçar alguma situação, mas não tenho na maioria do tempo, noção para mensurar um proceder neste tipo de situação incomoda e extremamente desconfortável. Certas ações penso para tomar alguma atitude condizente de maneira mais correta sem causar um dano grave, pois ele ocorreu por menor que for, tomando forma e consciência, me restando bolar alguma formula para acabar anestesiando e diminuir este prejuízo.

 São doses dispersas de um momento reflexivo que me insiro por agora, ainda que consista em um incomodo a latejar pela mera menção do que fomos um dia e não seremos mais. Ainda que nas utopias dos meus sonos eles ocorram como sonhos de uma noite de verão, ao despertar tornam-se pesadelos de uma realidade perversa, pontuando as antigas falhas e listando tudo aquilo que não consegui ser, meras ideias perdidas em meio as ilusões de prantos inglórios. Devo estar perdendo o senso da razão em verificar toda vez a antiga página do texto escrito, buscando algum detalhe que esqueci sobre você o que iria se tornar, um aviso de perigo e cuidado desapercebido que poderia estar no rodapé,mas o que acabo encontrando é a mesma história de um sem fim repetitivo.
 
Ainda que pese na consciência ficar remoendo no antigo uma resposta sobre a origem de todo o mal de um presente, vai se avolumando mais e mais a insolubilidade da resposta das questões sobre os embates e ferimentos de um amor decaído. Não me passa desapercebido certas manias que de mim emanam se tornam intoleráveis ao passar do tempo a seus olhos, um tom de certa reprovação naquele gesto discreto que somente eu em outros dias já vencidos conseguia notar. Isso vai matando lentamente um sentimento que já fora de intensa vontade irrequieta,  e agora almeja apenas a quietude de um fim anestésico, sem o sentir de colossal volume.

 Maquinações de pensamento numa cabeça coberta de fertilidade para florescer esperanças ilusórias sobre a infinitude de um sentimento, é assim que defino as ideias sobre nós e essas coisas inexoráveis de afetos humanos de término intragável para um dos lados opostos. Tento parecer algo que não sou, vou retratando personagens não condizentes com meu verdadeiro estado de essência, falseando humores contraditórios em cada situação. Um riso para o pranto, o silencio para o ruido, a calma para a revolta, vou ocultando tanto as transformações internas me levando ao consumo próprio, um definhamento gerado de dentro para fora.

 Uma síntese de diversas sensações por fim acabam convergindo dentro de toda uma estrutura de lamentações: culpa, aflição, distorção de fatos, criações de mundo paralelos, alucinações esquizofrênicas das antigas tormentas. Alguma dose de reanimação das vontades é necessário neste processo de intenso desgaste de dia após dia remontar antigos quadros pintados com opacos contornos, que no final deixam toda a tela em branco novamente, como se revendo os mesmos em uma exposição o que fora feito não acontecera, tendo novamente que seus criadores precisem levar telas novamente ao espaço criativo, a fim de dar novos contornos mais precisos, relacionando os pontos dos afetos corretamente ao espaço.

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