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Poesia

domingo, 9 de junho de 2013

Carta Ao Desconhecido



Nossa Senhora Do Desterro, Santa Catarina, História decorrendo desde os primórdios.

Excelentíssimo Desconhecido,

Assim escrevo esta carta, pois nada mais me consome os nervos trêmulos de meu corpo, sensação que começou quando me deparei com a crassa negação para florescer o que provavelmente deva ser a emoção com a qual tento oprimir e esconde-la de qualquer modo. Veja bem, nego demonstrar este amor porque de fato, ele jamais será recebido pela destinatária, esta muito atarefada e com as vistas nubladas por ninharias mundanas e envolvida em jogos de relações malignos de terceiros. Parece que o enredo disto tudo ira derivar apenas em contornos de paradoxo de um afeto indiferente, abraços sem ardor ou vida, somente discursos decorados por desculpas de algo não correspondido, metamorfose reprimida dentro do próprio casulo.

Caríssima pessoa para quem desabafo situação desconfortável, não me veja como uma vitima do destino, apenas relato aqui em linhas decifráveis este causo espinhoso, amores não correspondidos povoam qualquer via destes ninhos humanos. Precisamente, quero somente relatar o que ocorre por tantos anos, fatos de porque cargas d’água oculto com ferrenha vontade que sentimento de vasta dimensão fica escondido em minha redoma dos segredos melancólicos. Nestes tempos, por conhecê-la tão bem e os mínimos detalhes de cada ação ou reação sua, sei que a única alternativa restante seria apenas a presença em conversas sobre outras coisas, mas jamais pronunciar o termo “sobre nós”, nunca será bem recebido e concebido, pois afinal das contas, em mim o que existe de sobra e da vazão a utopias no mundo dos sonhos, do lado oposto nada existe, apenas um vácuo da antimatéria das emoções.

Apesar do desconforto, consigo ter uma rotina decente, chego a certos momentos, ter sentimentos que 
falsamente rivalizam com o mesmo, mas as evidencias e as realidades submergem das viscerais verdades quiméricas do que tento em vão diminuir intensidade. Vivo o sentimento como um enfermo crônico, com o tempo pode-se viver bem com a doença, mas ela nos acompanhará até o fim dos dias, presente e constante nas rotinas do desenrolar das coisas. Obviamente me canso às vezes desta contradição moribunda, conviver diariamente com uma espécie de agulhadas na garganta fere, e por mais que cada estocada com a ponta da agulha causem apenas hematomas, hemorragias surgem certas vezes, necessitando de curas temporárias, morfina afetiva que anestesia o corpo, alivia a mente, em suma: como um viciado necessita de sua droga, eu preciso das ilusões de outros amores.

Claro que ideal seria expor aos quatro pontos cardeais sentimento tão avassalador e implacável, mas já ocorreram sondagens sobre a possibilidade deste ideal do além-mundo, respondida por um sorriso carregado de sorrateira ironia e descrença, um banquete excelente para mágoa e rancor individual. Amo como o maior dos fanáticos de quaisquer ideologias, são pensamentos e ideais rasteiros comparados ao que guardo dentro da caixa-preta da minha psique. Narro história esta como a máxima gloriosa dos mitos e lendas, como um conto de Herói, embora seja trágico, por fim tem certo sentido de acontecer, cada Cristo carrega sua cruz na romaria, e a minha deve ser estar tão distante e tão perto ao mesmo tempo.

Ao ilustre desconhecido, abraços e um possível até logo.

De Salmo Desafortunado.

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