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Poesia

domingo, 29 de dezembro de 2013

Clássica sensação

 Conservo a velha sensação com a proximidade de datas comemorativa como o natal e o aniversário (que no meu caso são bem próximas) certa melancolia e sentimento de culpa. O motivo vai de encontro a nestes períodos em que fico absorto em pensamentos retrospectivos sobre o que realmente fiz de essencial ou bom. Passando a limpo todo o tempo de vida gasto nos planos ou acontecimentos dos quais me causam pontadas dilacerantes de amargura, trazendo a memória os fracassos e as antigas causas perdidas de outrora, a fenda do abismo novamente me carrega para o limbo do remorso.

 A velha mania de rotular o próprio tempo de vida como insuficiente e sem nenhuma relevância factual vira uma constante por esta época. No pensar demasiado sobre o que fiz e sobre os resultados de horas absorvidas em determinados projetos mundanos e sem sentido ou no ócio preguiçoso de uma falsa ideia de intelecto sendo expandido. O desanimo e a aflição vira regra ao ter uma concepção que o que fiz até agora nada servirá para algo, não foi algo marcante ou com força o suficiente de deixar um legado e ter significado não apenas para mim, mas para algo ou alguém. Não é questão de vaidade ou egocentrismo, mas sim de ao final do olhar reflexivo sobre meu caminho perceber que ele foi valido de alguma forma.

 De todas as reflexões sobre meu modo de levar a vida e seus ciclos, talvez o lado emocional e psicológico sejam as constantes que fazem todos os velhos terrores voltarem do fundo da memória a se tornarem peças da apatia atual. Tentando conjecturar os passos em falso nas ocasiões perdidas, abro em nova ocasião ferida antiga sem sucesso praticando uma espécie de auto-tortura, onde sou o juiz, acusador, carrasco e réu da própria sentença. Sendo meu nível de cobrança e exigência demasiado comigo mesmo, acabo tendo a impressão de estar condenado em processos repetitivos de falhas dentro da minha própria história, sou um tirano do eu profundo.

 Os excessos de pensamentos transformam-se em completa ausência de vontade nestes momentos aonde a instabilidade do meu sistema vai ao encontro do pesar de insuficiência, isolado dentro do vácuo dos sentidos. Tão confuso quanto um ser com amnésia, ai vou rabiscando novamente o esboço de um novo conto, para nele tentar a noção de um ideal a aspirar nestes idos de mais um ano a se passar em que vai se desenhando conexões de um impressionismo cinza destas manias de amores incertos aos quais me entrego.

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